Esconda-se, menino

Esconda-se em baixo da cadeira, menino
procure uma mesa pra se proteger, menino
o mundo está tremendo, menino
e tudo no fim das contas desaba em você, pequenino

Seus pais já são visitas na própria casa
sua mãe não te gerou, o pai não pagam
irmão, se tiveres, menino, tens sorte
pelo menos um laço de sua família
contigo vive

Quando os genitores chegam, menino
já vão todas as horas do dia
e tu, ainda menino que és
o sono derrota, não importa
se queres o beijo materno
cansas ó criança, não consegues esperar

E na falta de presença de quem lhe deu os sobrenomes
crescerá um homem que só isso levará dos antescendentes

Quando lhe caiu o primeiro dente
sua mãe dando aula
seu pai no consultório
veja que ironia, fazendo extração

Quando seu joelho ralou
sua mãe almoçava com as colegas
seu pai em reunião

Quando seu corpo evoluiu
sua mente expandiu sem controle
sua mãe continha um aluno revoltado
seu pai calado remarcava consultas

Sem se darem conta que nesses dias
você perdeu o dente
aquele que não precisou de extração
você precisou de ajuda em matemática
aquela conta que sua mãe ensinava
você precisava almoçar com sua mãe,
reunir-se com seu pai
aquele mesmo tempo rápido
E quando você precisava que alguém contivesse
sua mente de adolescente confuso
seu pai não marcou uma consulta que lhe ajudasse

Enfim, menino, você enfrenta o mundo sozinho
Esconda-se em baixo da cadeira…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.