Sétimo andar

Entrou no prédio correndo. Atravessou o hall num piscar de olhos. Pegou o elevador.
– Para qual andar senhora?
– último
– Pois não
Assim que o rapaz virou-se ela foi categórica em lhe dar um beijo. Estavam a sós na cabine. Duas cameras no alto gravavam a cena. Chegou ao destino. Largou do jovem num salto e partiu para aquilo que deveria fazer. Hoje. Agora. Nesse exato momento. No corredor, avistou a sacada.

– Vamos!
– Temos razões para acreditar que ela entrou naquele edifício, vamos depressa!
– Portaria do Edificío salazar, com que morador deseja falar?
– Polícia. Precisamos entrar.
– Um momento. O porteiro olhou para o televisor que gravava as imagens da rua. Dois policiais estavam na porta exibindo suas crendencias oficiais. A porta foi destrava e aberta.
– Uma mulher ruiva, com mais ou menos 1,80 cm entrou a pouco aqui?
– Sim, a senhorita Júlia. Mora no 302.

Os policias foram correndo ao elevador mais próximo.

– Com licença, poderia me informar para que andar a senhorita Júlia do 302 desejou ir a pouco? – Esse foi o nome que ela deu aos funcionários do hotel, pensava o policial.
– Pois não, estranhamente ela foi para o último andar. Ela deveria parar no terceiro, mas não foi o que…
– Precisamos chegar até ela o mais rápido que esse elevador puder subir! AGORA!

Em questão de minutos estavam no andar desejado.

– César, mire os refletores próximo ao sétimo andar. – O colega foi avisado pelo rádio. Se estiver vendo uma pessoa na sacada, não aponte a luz diretamente para ela, entendeu?
– Certo, senhor. – Alguns segundo se passaram e então ele retornou: Sim, parece ser ela.
– Estamos perto dela também, vamos tentar uma abordagem amigável.

– Já devem estar aqui. Não vou perder tempo. Não aceito ser trancafiada, nasci livre e livre serei, nem que for na eternidade. Jogou-se.

– Não foi possível fazer nada, ela se jogou.
– Ela morreu! Tudo muito rápido, não conseguimos salvá-la.

Causa mortis: Suicídio
Motivo: Não declarado
Passagem pela polícia: Assassinato, furto, depredação de patrimonio público, perturbação à ordem e à moral pública, atentado violento ao pudor, abuso sexual, tráfico de drogas, formação de quadrilha, sequestro.

Falta de amor. Não teve vida digna, sem enterro decente. Na eternidade seria mais feliz…

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