Traida

Aflita, as mãos no rosto descem arranhando tudo
marcas de unha na minha face, ódio de tudo isso
dessa situação: como pôde passar por mim
segurando pela cintura outra mulher, raiva
choro desenfreada no quarto fechado
eu viajo através do tempo, pensamento
das noites juntos, dos momentos juntos
todo mundo dizendo que ficariamos juntos

Rasgo travesseiros, cobertores, furo colchão
com a tesoura na mão, tremula, rasgo nossas fotos
as suas cartas coloco fogo, o seu anel jogo pela janela
a roupa que voce me deu vou queimar num ritual
abominavel praguear a sua nova relação

Traida, mulher doida que queima de remorso
por não ter aceitado o conselho da amiga que
pareceu sórdido de larga-lo enquanto fosse tempo

Xingo-me de todos os nomes possíveis
cabiveis na minha mente descontrolada
vou pegar os frascos de perfume que eu usava
em nossos encontros para estilhaçar o aroma
bom e suave, gostoso e intrigante
em que o seu desodorante se mistura
quando nos relacionavamos
apaixonadamente

Recupere-se amigo

Desculpe a emoção hoje
ao lhe ver lágrimas vêm aos meus olhos
desculpe se elas transbordam aos poucos
é inevitavel conte-las

Aprendemos tanto juntos
toda vez que eu lhe olho lembro
dos socorros que me prestou

Tenho certo receio que me veja assim
pode confundir emoção com desespero
mas entenda que você foi a base que me sustentou
durante tantos e tantos problemas
e ao lhe ver não posso apagar da memória
todos os dias que durante horas
você veio me ver e se prostar
ao lado de meu leito
a incentivar que eu lutasse
que tudo nessa vida teria jeito

E consumindo cada raio de esperança
que você ministrava com carinho
levantei-me aos poucos
fui deixando de lado a visão de inválido
porque você equipou o guerreiro em mim
com as armas de confiança
somente doadas pela amizade