Andei pelas ruas chutando latas pelo caminho
às vezes com raiva, às vezes sem sentido
Andei pelas ruas e pisava em flores murchas
que desfalecidas esperavam o golpe final
às vezes as pisotiava, às vezes as recolhia
Andei pelas ruas encontrando pessoas
às vezes sorria, às vezes não as via
Andei pelas ruas, cruzando as esquinas
às vezes olhava para os dois lados
às vezes corria, as buzinas zuniam
Andei pelas ruas lendo cartazes
às vezes pensava em seguir um curso
às vezes não gostava do preço dos sapatos
Andei pelas ruas vendo as vitrines das lojas
às vezes a quem se iluda com promoções
raras vezes me iludia; eram apenas vidros de consumo
Andei pelas ruas flagrando namorados fugidos da escola
às vezes beijando, às vezes tentados à luxuria descontrolada
Andei pelas ruas, os sapatos aquecendo, muitas coisas passavam
às vezes alguns olhares me chamavam a atenção, às vezes nada
Caminhei vagarosamente por muito tempo e o desespero vinha ao meu lado
às vezes eu deixava que ele me passasse, às vezes queria vencê-lo; em vão
Andei pelas ruas, um fato, se alguém me notou, viram-me seguindo em frente….
Legal a poesia, cara! Reflete muito bem o modo como fica a cabeça de uma pessoa andando nas ruas: sendo constantemente atacada pelas ofertas capitalistas. Também achei legal ressaltar a indiferença das pessoas na sociedade urbana.
Eu…