Andanças

Andei pelas ruas chutando latas pelo caminho
às vezes com raiva, às vezes sem sentido

Andei pelas ruas e pisava em flores murchas
que desfalecidas esperavam o golpe final
às vezes as pisotiava, às vezes as recolhia

Andei pelas ruas encontrando pessoas
às vezes sorria, às vezes não as via

Andei pelas ruas, cruzando as esquinas
às vezes olhava para os dois lados
às vezes corria, as buzinas zuniam

Andei pelas ruas lendo cartazes
às vezes pensava em seguir um curso
às vezes não gostava do preço dos sapatos

Andei pelas ruas vendo as vitrines das lojas
às vezes a quem se iluda com promoções
raras vezes me iludia; eram apenas vidros de consumo

Andei pelas ruas flagrando namorados fugidos da escola
às vezes beijando, às vezes tentados à luxuria descontrolada

Andei pelas ruas, os sapatos aquecendo, muitas coisas passavam
às vezes alguns olhares me chamavam a atenção, às vezes nada

Caminhei vagarosamente por muito tempo e o desespero vinha ao meu lado
às vezes eu deixava que ele me passasse, às vezes queria vencê-lo; em vão
Andei pelas ruas, um fato, se alguém me notou, viram-me seguindo em frente….

2 comentários sobre “Andanças

  1. Legal a poesia, cara! Reflete muito bem o modo como fica a cabeça de uma pessoa andando nas ruas: sendo constantemente atacada pelas ofertas capitalistas. Também achei legal ressaltar a indiferença das pessoas na sociedade urbana.

Deixe um comentário para Ozeias Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.