Novos números

Conversando com amigos hoje de manhã, estava apresentando as estatísticas do blog para me gabar. Afinal, sou um dos poucos que produz conteúdo na internet no país, diria na faixa de 20 por cento em relação a 80 pontos percentuais que apenas consomem, numa estatística mental rápida. Claro que isso se deve também ao número de pessoas com acesso à rede mundial, ou que estejam conectadas por um período de tempo razoável que sejam interessadas à produção de páginas.

Mas como não estou muito animado para discutir questões sociais e as melhorias decorrentes do governo dos últimos oito anos, até porque detesto política, além de me prender muito à informática, voltemos as estatísticas. Apesar de que falar de números é muito melhor que calculá-los. Estou reclamando bastante nesse post. Talvez esteja me perdendo, mas e daí. A página é minha e eu não usei interrogação nenhuma até agora.

Resumindo todo esse monte de palavras, o que é o tempo? Tudo bem, não resisti, foi só falar que não usei e aqui está a dama das indagações. Bem abusada ela, já que só pergunta e nos deixa sempre com a pior parte. E às vezes o ponto final não tem final. E se você combiná-lo em trio, teria uma reticências. O que, na verdade, é o ponto final com preguiça de se finalizar.

O dia, 24 horas. A semana, 7 dias, o mês 30 ou 31 da vírgula anterior. O ano, 12 meses. E aí a coisa complica. 12 meses têm 365 dias, 8.760 horas ou 525.600 minutos. Esqueci-me dos anos bissextos. Infeliz que o inventou. Tempo. Atualmente, contamo-lo a partir do nascimento de Cristo. 2010 anos. O relógio corre. Números.

Não há liberdade, estamos presos nos segundos, nos dias, no dia do vencimento de uma conta. Em chegar antes das 16:00 aos bancos (atenção ao horário de Brasília – DF). Por sinal, gosto muito desse novo medidor de tempo. Finalmente tomaram coragem para atrasar e adiantar os minutos. Números.

Almoço não leva mais que dez minutos. Mastigar pra quê, se no final dos dias não teremos mais dentes, não é? Vamos treinando em engolir sem usá-los apenas empurrando com a língua o bolo de comida junto com refrigerantes que nos envenenam descaradamente dia após dias.

Vamos falar de estatísticas. 380 palavras (e crescendo) com 2162 caracteres com espaços, segundo o Microsoft Word. Falando em caracteres, gostaria de saber por que o miserável criador do Twitter só pensou em 140. Acho que ele não pensou que vivemos com milhares de ideias formigando na mente. Ser jovem não é tão mole assim como parece. Mais de 16 mensagens na rede de microblogs se fariam necessárias para realizar esse texto.

12:33 e cá estou eu falando de números, estatísticas, tempo. Juntando português e matemática. Passando sutilmente por religião só para os fanáticos terem o que comentar. Incrível que só sabem criticar. Acho que se eu lançar uma tag de Jesus Cristo no Twitter agora, uma avalanche de críticas me viriam como resposta.

Não ligo. Em prosa ou poesia, meu maior fanatismo se faz em juntar palavras. Isso me move. Ah, e as estatísticas e os números? Bem, estou caminhando para o quarto ano de blog. É preciso renovar e me desprender um pouco das correntes singelas da fantasia poética. Feliz 2011. Quatro números, um desejo e um escritor sem rumo. De novo. Ano novo.

Domador de leões

Cansei de fazer poesia. Calma, isso não é música do Charlie Brown Jr, embora eu queira mandar muita gente se foder. Bom, posso estar sendo agressivo demais. Talvez a poesia não tenha culpa disso. Desculpe, não cansei de fazer poesia, mas é preciso mudar um pouco.

Vamos enfim enfrentar novos rumos, fugir daquilo que já está vencido. Como um jogo já “zerado”, daquele Marios Worlds da vida que você já sabe todos os caminhos possíveis e imagináveis, os atalhos, as manhas, os macetes. Cansei de pegar moedinhas douradas por algo que já decorei a forma exata e suficientemente satisfatória de criar.

Vou me perder em meus pensamentos assim que eles visitarem minha mente. Hoje, por exemplo, tenho me sentido extremamente fora de contexto com aquilo que há algum tempo me transmitia a mais profunda e real convicção de que não estou sem apoio. Sei lá, aconteceu assim mesmo, do nada. Como acordar de manhã com vontade comer cereais em vez do pão com manteiga tradicional.

Vou me aventurar no que não conheço, permitindo-me escrever em parágrafos desconexos, talvez sem a devida pontuação adequada, sem ritmo, sem o tom maestro que te levaria a ler gostosamente até o final.Não importa. Quero gritar, gritar e gritar, apenas passando minha ira do coração aos poros da pele.

Cansei do politicamente correto, das palavras bem pensadas, das declarações de amor que lanço ao vento. Descobri que as palavras podem ser pesadas e ásperas, também gostosas de serem expulsas. Por fim, cansei de me domar e de me autodominar.

Libertem os leões, eles por si são livres. Não adianta mais me ameaçar com chibatas sociais. Serei o rei da selva novamente. Meu coração já não é mais um jardim florido e de passarinhos que cantam ao nascer do sol. Quero a escuridão e as corujas sonambulas.

Problemas à parte

Cansei de perguntar se você está bem,
de me preocupar com o seu bem-estar
Cansei de lhe poupar de você mesmo,
da sua solidão e de te ouvir

Cansei de te animar e de te mostrar
as belezas de viver em paz com o mundo

Cansei dessa tarefa pacificadora entre você e o mundo,
cansei dessa suposta obrigação de amigo, cansei

Amigos, amigos, problemas à parte
na arte de viver, tenho aprendido
que não importa o que fizer, difícil ser reconhecido

Amigos, amigos, problemas à parte
Cansei de pensar em você, viver seus problemas
e de você sumir quando eu preciso, alegando compromisso

Por essas e outras, amigos, amigos,
problemas à parte

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Este poema faz parte da categoria direto da música, e foi inspirado na canção “Hoje eu tô sozinha”. Interpretação de Ana Carolina, segue o vídeo abaixo:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=D-7r45uUwCE]

Canção de amor

Um dia ainda canto todas as canções de amor
que pretendo doar a quem eu amar de verdade
Todas as melodias que tocam profundas em mim,
que eu sinto serem únicas; Não devo desperdiçá-las

Há músicas para momentos e canções de momentos
eu quero ser e ouvir canções de momentos, ser momento,
viver com alguém como vive o vento: livre e sem direção

Eu quero poder correr sem rumo pelo tempo afim,
afim de eternizar o que minha alma tem guardado,
cansada de esperar, às vezes, pela pessoa certa

Ainda quero dizer, nem que seja no última dia,
que todos os dias que respirei esperando você,
aspirei você mais perto de mim

Poema noturno

Mas deixa eu criar o poema da noite
de uma madrugada de céu estrelado
que seja protagonista do nosso cenário fechado
em quem interpreta saudade vive um romance calado

Deixa eu criar o poema noturno
porque enquanto eu mudo de rumo
levarei você comigo aonde eu for

Mesmo que essa noite o tempo tente apagar
eu sei que esse presente, um presente eu vivi
mesmo que se negue que sentimos o que sentimos
Eu sei que será eterno nesse poema noturno

Poeta Diferente

Há momentos em nosso caminho
que seguir em frente, sozinho
já não tem mais um porque

Há momentos em nossa jornada
que é preciso pensar na parada
qual direção devemos tomar

Nessas horas é necessário refletir
o quanto se caminhou até aqui
em meio a grande floresta da vida

Quantas feras enfrentamos
quantos medos tivemos
quantos anseios nos vieram

Não há ser no mundo
que viva solitário
é preciso ser solícito
com novas aventuras ao diário

É preciso de companhia
também para um poeta
hoje é dia de imensa festa

Dividirá comigo a nobreza
de falar de sentimentos
quem antes me aplaudia da platéia

Será para mim uma honra,
um presente de quimera
chamo pelo nome:

Adriel, quis eu
que você se permitisse
dividir comigo um dom que nos assiste

Sei que seu início será tímido
como um dia eu também fui
mas desejo que saiba
hoje não seremos dois números um

O receio de falhar, de não estar a altura
poderá lhe assustar, inibir sua postura
mas eu peço que não tenha medo,
não tenha medo, eu repito

As portas da minha casa, eu não vou fechar
para quem tem coração puro e sabe ser humano
porque o bem que você me faz como amigo
eu quero transmitir ao mundo nesse veículo

Por isso, eu insisto, siga o que você sente,
o que sua alma pede, e fique à vontade
cedo ou tarde, será também, Poeta Diferente

Tem sempre

É sempre a água com açúcar
o bule e o café,
é sempre o saquinho de chá
em borbulhas

É sempre a escova no cabelo
e a maquiagem na bolsa,
sempre tem um espelho
e um pouco de pó pra enfeitar a cara

Tem sempre uma unha na espinha
e o milho pra galinha
sempre carne de primeira no natal
de segunda na páscoa e nenhuma no carnaval

Sempre a coca-cola no refrigerante
e tem sempre um bom abril na pia da cozinha
é sempre a mãe com avental para preparar lanche que sacia

Tem sempre um chocolate na TV
que neste insntante eu vou abrir
fingindo que não sei quem matou a fulana na novela
que eu insisto em assistir

Ninguém sabe que a mocinha que chora
vai sempre ficar com o mocinho
tem sempre um casamento na última semana
e a vilã, apesar de derrotada, quer sempre matar o marido

Tem sempre o político sorridente
que diz, se for presidente, a coisa muda
tem sempre gente sem dente na fila do SUS
e inocente levando tiro na bunda

Tem sempre uma taxa que você paga sem saber o que é
e um programa de caridade para sensibilizar sua conduta
há sempre um aprendiz de pelé em praça pública…

Invencível

Amizades são amores sem toque
carinho sem desejo, olhar sem malícia
e prazer sem beijo

Amizades tão sublimes
se confudem com o espelho
em minha alma está gravado você
quem apenas o meu coração consegue ver

Não reflete no vidro, mas é tão fragil quanto
decepcionar você é quebrar os vidros de um banco
o alarme irá soar, o alerta assustará
em desespero me entregarei por inteiro
para sua amizade reconciliar

O afeto que por você eu tenho
pode distorcer minha vida por completo
o que seria de mim, sem você por perto?

Que utópico imaginar, um caminho sem seus passos
que ilusão seria acreditar que poderia ser feliz
sem você a me proteger

Porque amigos são assim
a nada devemos temer
quando estamos juntos
céu e terra poderão tremer

Mas nada abalará a firmeza que tenho
nada sufocará a grandeza de um espírito
que se doou a outro ser
apenas para se ver invencível

Pilares do Saber

Como migalhas de pão que joão jogou ao caminho
eu quero encontrar a trilha de minhas palavras lançadas ao vento
e nesse encantamento notar que eu comecei pelo chão

Já crescido, lançava ao miolo das flores, mais amadurecido
derramava na copa das árvores minha intuição
e hoje, de cabelos grisalhos, sei mais do que ninguém
não sou um sábio, tenho muito o que aprender
faltou-me lançar poesia aos céus

Se isso me entristece? Jamais, eu lhe respondo
sou um velho manipulador de sentimentos, de palavras
mas não poderei me lançar aos céus sem galgar os pilares do saber

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Pelo primeiro ano do blog Aprazível Irreprochidez de Gustavo Stresser Costa. Por saber que o crescimento de um ser humano não se contabiliza pelas conquistas individuais, por acreditar na palavra como conselheira da alma, e por perceber que somos muitos em busca de um único objetivo maior, eu celebro com entusiasmo a sua caminhada ainda tímida que se inicia em busca de sua felicidade, além de ser fonte auxiliar para a dos seus próximos.

Felicitações em nome do blog Pensamentos,
Jefferson de Souza Gomes

Insonia II

Arrepia minha pele
sossega o meu peito
envelhece meu corpo
desfigura o meu rosto
e alegra o meu leito

Afaga os meus cabelos
aperta o meu seio

Me faz suar em sonho te amar
me faz sentir o que parece mentira surgir
me enlaça me caça que quero ser sua presa
me prende que me entrego me enlouquece
que eu me interno em seus braços

Me cativa me assusta me deixa fora de conduta
me faz perder os sentidos morrer de desejo vivo
me apedreja de prazeres e nas paredes me encosta
nas encontas de me fazer viver o verdadeiro querer
não deixar você não querer sequer dormir

Morrerei de insonia tortura a minha carne
que nessa altura da tempestade
eu não quero que ela pare
e o meu urro de amor que ela cale
antes que eu feche meus olhos de contentamento
nesse momento encontrei o paraíso