Coadjuvante

Acho que aprendi a me apaixonar
sem essa entrega toda, como se a minha vida acabasse agora
sem essa angústia de não ter, sem essa lamúria de sonhar demais

Apaixono-me agora, calmo
Calmo porque a vida merece calma
Sem esses tropeços juvenis
Essa correria infeliz que estraga tudo

Agora eu quero calma
Apaixonar-me pela cadeira de balanço
Apaixono-me pelo sol em meus olhos, manso e suave
Apaixono-me pela grama verde-amarelada, e pelas rosas que de rosas não têm nada

Apaixono-me agora sem compromisso e sem cobrança
Ainda não sou omisso ao coração, mas aprendi a sustentar um amor
Esse amor que quer morar em mim em vez de se jogar ao outro
Esse amor gostoso que está morno em mim, que de vez em quando se aquece
Esse amor que não transparece mais assim, tão brutal

Substituí esse amor de animal racional
para amar racionalmente, na espera
Esse amor que precisa, antes de grito, silenciar-se,
e não muito tarde, fazer notar-se em mim, primeiro

Segundo plano, nem sempre é coadjuvante
mas agora, não mais que antes, vou atuar o meu amor aqui
e contracenar contigo como parceiro, sem me esquecer,
por inteiro, que o ator principal sou eu,
mas sem você não há espetáculo algum

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