Prosa íntima

E então as coisas mudaram,
cá estamos nós, sozinhos,
pensando nos planos e nos caminhos
que não seguiram em frente,
de muitas portas fechadas
que a certeza errada do nosso ser,
tão inconformado com o destino,
quis entrar…

E cá então estamos nós
com tantos nós que não se desfizeram,
com tantos cruzamentos que se impuseram
de forma inesperada

E o relógio nem sempre badalou às doze em ponto,
mas esse é o sempre o ponto: a hora passou!
E por ter passado, o futuro que se planejou, sim,
virou passado que não se concretizou

E há sempre a culpa, a lamentação, e a pergunta,
a insuportável dúvida de onde foi que eu errei…
E as portas se fecharam, dos sonhos traçados
nós acordamos, e tontos não sabíamos mais onde pisar

Porque quando tudo parece certo e perfeitamente
correto com o nosso pensamento, quando a vida,
essa sacana, está do nosso lado, é tudo maravilha
a estrada toda traçada a gente caminha com alegria

Mas quando em um pedágio é preciso desviar,
quando a estrada precisa mudar, fica muito complicado,
é muito difícil readaptar a rota, porque o humano
não sabe fechar as portas e usar as janelas da alma
nem que seja de forma intuitiva…

A vida, que era sempre uma linda rima,
vira agora totalmente penosa e desiludida
e nos resta apenas trocar o verso
por uma prosa íntima….

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