Atestado de utopia

Ora, se é o que brota aqui dentro
se é o que nasce aqui dentro,
se é aqui dentro que fica por horas

Ora, se é por aqui que versam os meus sentimentos
se é por você que vale o que vem sendo escrito,
se esse pensamento me é entregue por idealizar,
mesmo criando expectativas nascidas da ilusão…

Ora, mesmo que eu erre, e sofra por isso,
mesmo que a tentativa me leve ao fracasso,
ainda assim é arte, ainda assim é vida

Ora, se você me ensina a pôr o pé no chão,
e mesmo que você tire o pé da lama,
ainda assim é arte, ou não?

Será que os teóricos da poesia,
estes grandes mestres que você decora,
ora, mesmo que eu não os suporte,
será que eles negariam a minha dedicatória?

Ora, porque se está aqui comigo
é porque fez chegar até mim o apreço,
ou será que enlouqueço e fantasio?

Se é assim, que nome eu dou, que título?
Por enquanto, que me diz você do meu intento?

Se por um lado demonstro que você é digno,
e se por outro reafirmo o meu atestado de utopia
por acreditar na alegria de lhe escrever…

Dois pontos

Vou perceber mais o mundo
através das suas palavras,
vou fazer das minhas palavras
o transporte da sua visão

Na existência do seu ser,
vou caminhar na sua essência,
entendendo como pensa,
o que se passa e como age
sua consciência

Sei dos muitos perigos dessa aventura,
mergulhar também nas suas doces loucuras
para compreender as minhas próprias culpas

Mesmo que distantes, o seu ponto,
o seu instante é para mim alucinante
porque a partir de você percebo um eu
que eu jamais vivi…