Apago

Já é o quinto ou sexto
verso que apago, me desapeguei
de palavras, desapego de tudo

E vou vivendo como as demandas
que mandam a vida seguir
seu curso sem diploma algum no final

O meu rascunho antigamente não tinha borracha,
mas agora as coisas mudaram, vou amassando papel,
sem compromisso com nenhum coronel, coração

Vou jogando com você e comigo,
com a vida, com os amigos,
vou jogando pelo vício
de jogar pra fora esse meu castigo

Sendo perturbado por todos,
por vozes altas
e perturbador de silêncios inteiros

Interiores primeiro falam de mim,
quando você apenas lê assim,
versos soltos que estavam presos aqui

Agora eu me permito terminar
pequenos trabalhos, artesanatos da alma,
lapidando as palavras em mais de um dia

Duas versões do mesmo eu-lírico,
dois autores no realismo
de ser apenas o corpo que entrega,
que transporta, e faz a ponte
que te leva a outro mundo,
literatura desconexa

Que conversa contigo
desconversando comigo
para dialogar com nós dois
tão distantes e distintos

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