Sincera
minha vida
ganha outra
semente
Sincera
sou eu
com um só eu
sem, será?
Sim, cera queimada
não estou mais protegida
e lubrificada, posso queimar
de uma vez só
Sincera, abro mão da eternidade,
sim, será a minha vez de derreter
pela última vez
sem ser quimera
Sincera
minha cara
fica com as marcas
do seu tapa
Meu corpo
fica com os sulcos
que a vida secou
com tudo que foi expresso
espremido pelo tempo
Sincera
morro todo dia
não há segunda pessoa,
ninguém que possa
pisar nas poças no meu lugar
Sincera
eu me afogo
no sufoco
e no afago
de ser
sincera
senzala
sem sala
pra mim
sensata