O que eu conheço de mim
não é nada na humanidade.
Se descubro um homem,
não descobri todos

O singular sou eu, individual,
mas eu não sirvo de amostra,
não sou útil em estatística…
Como linguísta também passeio na área
matemática

Sou ciência humana, sou palavra,
sou expressão da minha vivência,
minha própria marca registrada
é a forma como disponho calada
cada fala que um dia vai ser proferida
na leitura erudita de um poema
que não disse nada de mim nem de ninguém

É só arte que não cabe no só

Quando o poema acorda

Enquanto dorme o poema no meu peito,
enquanto respira um sonho tranquilo…
Feito por mim não foi ainda

Depois que despertar leve e suave,
o poema vai abrindo os olhos d’alma,
sereno e turvo, não sei qual palavra…

Escolha, acolha comigo cada verso,
recolha da cama o que vem amanhacendo!
É mais um dia que começa para uma nova estrofe

Com sorte a sensibilidade não tem nada de flor,
aflora em tudo, sendo um instante de vida nova
que vive enquanto o poema anterior já deitou
em todas as suas escolhas sintgmáticas
pra descansar eternamente…