Parte do eu

Eu sei que os meus poemas
andam cada vez mais tímidos,
andam cada vez mais raros,
retraídos

Eu sei que o cotidiano
nem sempre gera poesia,
não dessa que eu gosto,
da poesia bendita

Que fale bem do próximo,
que cultive boas energias,
que cative você, sem fantasia

Eu quero o poema real,
o sincero e tangível,
eu quero que você se veja nele,
e aceite a calmaria

Como eu aceito essas suas novidades,
como eu aceito essa sua espontaneidade,
essa sua boa vontade de me trazer alegria,
essa sua boa conduta sempre tão progressista

Eu quero realmente é essa energia franca,
eu quero verdadeiramente por perto a união,
eu quero a soma da sua mão junto da minha,
essa singela poesia é bela pelo não dito ainda

Você, sem qualquer malabares, sem nenhuma estripulia,
conquista a parte de um eu que eu mesmo não conhecia,
você, tão normal e tão humano, sabe invadir meus meandros,
sem e de forma alguma, e nem um tanto, invadir-me

Obrigado

Segunda impressão

Quem não me conhece
não me sabe, nem da metade
do que esse corpo passou,
das surpresas que a vida pegou,
julga sem saber, sem sentido
por me acharem sério e aborrecido…

O corpo reage diferente do espírito
que, mesmo maduro, não perdeu o carinho,
a doçura, nem o prestígio da companhia;
não jogou fora o dom da alegria,
a vontade de amar, a preocupação,
nem o apreço, o peso do íntimo

Quem não me conhece
não me sabe, não me percebe,
e eu, eu não peço a prece,
nem quero que você mude,
vou deixar você impune
de ter me visto, não culpo,
não, não, não…. Primeira impressão!

A segunda, a retificadora,
só pra quem merece, só pra quem sabe,
olhar os outros e ver pelo coração….