Concórdia

Confie em Deus, e edifique
a fé, solidifique a confiança no amanhã,
reflita, que em tempos de vida sofrida,
de batalhas, de contrapartida,
não se entrega, compartilha
a força devida que foi dada,
agarra, a energia espírita,
interioriza o ponto de luz,
acenda Jesus no seu coração,
pois é tempo de união,
concórdia, comunhão de coração.

Cálido

Eu tenho sangue nos olhos,
corre quente pelas veias,
sei o que eu quero,
ninguém me presenteia
com atitude de um lutador

Corro atrás, e me calo,
não ganho no grito, não berro,
resignado, mas atento, alerto:
não mexe comigo e passa reto,
que a fé que eu tenho na vida,
é tanta, grande, completa,
pense o quanto quiser,
eu não atropelo

Eu me levo aonde eu quero chegar,
se quebro a régua, ponho outra no lugar,
sei me desculpar.

Desculpe-me, eu não vou ficar onde você deseja,
não nasci para submissão, para parar na contramão,
cálido e frígido, por opção

Depende do momento, o oposto do segredo,
depende do momento, essa filosofia,
de quem acredita na vida, e um dia ela muda,
ela vem, a vida que eu quero e ninguém tem

A minha tem garra, tem graça, tem gana, suor,
tem paixão, tem alegria, tem dança, me encanta a luta,
labuta é para a maioria, eu não penso no pior
tenho, e muito, é tesão pelo que eu faço e pelo que escrevo,
cálido, caço, caliente de desejos e,
quando convocado por eles, compareço

Já fiz o pedido

De muitos desejei o corpo,
o rosto limpo, o beijo com gosto,
o estereótipo preferido,
acadêmico do adjetivo gostoso,
olhares provocativos,
pegada certeira, a força primeira,
o refinado sexo, o falo grande e grosso,
o farto ombro, colosso, imaginação completa,
a cútis ereta, a carne rígida, suor fervente,
quis tanto o corpo perfeito, construído no detalhe,
para comer com vontade, som de gemidos, igual os talhares,
mãos e pernas a se contorcerem, como comida que a gente exagera

Nada disso nem quis, nem pude provar,
mas a imaginação é sempre mais apetitosa,
de verdade, eu quero é ficar com quem não vai embora

É por isso que eu te contar,
que desse cardápio do mundo não peço ninguém,
me farto só de olhar, as vitrines de homens que não querem ninguém

É por isso que eu vou te contar,
que desses petiscos não sei me encantar,
não compro, não vendo, nem me alugo a ninguém

O que eu posso falar, se me canso nesse açougue de corpos,
de rapazes tecnológicos dos app de encontros, não busco ninguém

Eu gosto é de me apresentar,
tenho vontade de apreciar,
o caráter, o carinho que ninguém tem,
dá vontade até de voltar para a sinceridade,
a confiança que ninguém tem

Eu gosto é de repetir
aquilo que ninguém tem,
o afeto, a importância não está no lugar,
nem no que eu posso provar,
é aquilo que vem

Que está em falta na mesa do bar,
ausente na fila pão,
aquilo que eu não vou procurar,
sentado do lado de lá,
olhando a sessão

Que está em falta no shopping,
no show e na festa, na boate,
no bate estaca, na fila open bar,
quero aquilo que eu só vou encontrar
no seu coração.

Dizeres

Para quem já não tem mais
cinco minutos de fama,
para quem tem nove mais uns anos de carreira,
o que fazer depois da conquista do sonho?
deixar insones expectativas,
cada um sabe das maravilhas do divã do pensamento,
da consciência tranquila.
Artilharia pesada na palavra, na rima,
o que nos une, nos nivela por cima,
você com suas vozes, seus acordes,
sua palavra até na pintura para despistar,
eu, com o poema, a palavra, crua e fria,
sem escudos, subterfúgios, sem armadura,
apenas palavra nua, sem armadilhas,
para falar, falar e falar,
o que você também sempre quis,
com as suas pirotecnologias…
para dizer, dizer e dizer

Tudo tem mistério

Farinha pouca, meu pirão primeiro,
falar de beijo, de libido é pouco,
espero mais dos seus ancestrais,
já chega de bacanais virtuais

Para os desafetos do tempo,
o avesso dos ponteiros,
quem entende dessa história,
sabe que já era, é mágoa,
é hora da virada

Para os atentos da própria sorte,
ser forte é brevidade,
seus ensaios de cores falaram mais das dores,
que as flores de rosas

Para os aventureiros, celeiro de inéditas,
prisioneiros dos misteriosos áudios, o óbvio não precisa ser dito;
é um rito se reinventar, a tecnologia não vai ajudar tanto assim,
parte de mim esse som, radinho de pilha, ainda, para os desvalidos,
fone caríssimo para os famintos de humanidade,
estúdio dentro de casa, estudo dentro de mim

(des)caso

Eu não sou adivinho,
mas, adivinha do que eu ri hoje?
do futuro que eu previa,
mira a minha intenção,
não, não é fazer chacota, não,
é só uma constatação…

Vou rindo, vivendo, vou vendo,
eu mesmo, não me vendo,
me envolvo no que dá agrado,
não quero mais o fardo,
só o sorriso largo,
estou farto, falho,
mas, minha alegria acerta,
aceita e se presta,
a rir também do ridículo,
sou fixo e volátil,
quando for o caso,
para o caos, o descaso.

Hoje eu tentei

Hoje eu tentei fazer diferente,
tentei te olhar nos olhos,
tentei entender o que você sente,
tentei pesquisar o que incomoda,
tentei ser a falta que você supria,
tentei ser flauta com maresia

Hoje eu tentei perceber seu mundo,
enxergar o absurdo que você me via,
eu tentei ser via, ter serventia,
ser funcionário público

Tentei olhar para as mazelas mais complexas,
eu entendi o que você dizia, porque agia.
Eu tentei ser nostalgia, tentei ouvir mais,
aproveitar mais das suas memórias.
Tentei ser hora, na hora certa,
tentei falar o que você não entendia,
eu tentei ser mais do que eu podia,
e isso, me encorajaria.

Eu tentei ser melhor,
ser mais de mim,
tentei assim, sua companhia.

Tentei não rir, e não ser sério demais.

Tentei ter paz, ser calmaria,
tentei não ver minha luta como a primazia,
tentei a conduta da alquimia.

Tentei ver o melhor onde ninguém via,
tentei acreditar quando já era, ninguém fazia.
Tentei apostar com ousadia, e te seguir em frente.
tentei acreditar, ser gente, tentei ser profundo na agonia

Tentei o problema que ninguém resolvia,
e não julgar, quando meio mundo já desistia.
Tentei cuidar daquele que eu não conhecia,
e ver mais: a frente do que se via.

Tentei alcançar de volta o que eu tinha,
a esperança na monotonia

Tentei apaixonar pelo que eu fazia,
e entregar bem mais do que suor.
Tentei o melhor, sem fantasia,
fui adiante, como eu queria.

E te digo: mais eu gostaria.

E se fiz o certo, você diria
muitas críticas para a alma minha,
mas, não tenha dúvida que eu poderia,
ficar só nesses irias

Fiz tudo, não tenha dúvida,
entreguei a minha alma, em alegria.

Quem me conheceria, um dia,
pelos corredores, não imaginaria
a saudade que eu fiz em poesia.

E se eu te escreveria?

Só pra confirmar o que já se sabia,
eu tentei, tentei e não nego,
de novo, e de novo, e de novo,
eu tentaria.

Seus fantasmas

Nem tudo nessa vida é pra você, desculpa.
Se o mundo não gira na sua linha do tempo.
Não seja assim tão suscetível ao mundo.
Não seja tão instável, por favor.

Aquela palavra não foi pra você,
nem aquela mensagem, nem o erro cometido.
Não foi pra você que eu assumi os equívocos,
não foi pra você que eu deixei de fazer de um modo, de outro.

Aquele sorriso não foi pra você,
nem aquela alegria no olhar,
nem a ira que vem me visitar, de vez em quando,
nem a palavra que eu não quis falar.

Não foi pra você o poema escrito,
nem o verso direto que eu expus,
não foi pra você que eu apaguei a luz mais cedo,
nem a falta de dinheiro que me impediu de ir a qualquer lugar

Não foi pra você, não insiste em indireta nenhuma,
não mude o que quis dizer, interpretando diferente,
não se apropria do mundo alegre para escurecer o seu,
não te desejei o breu, aprenda a conviver com os seus fantasmas,
os meus, eu chamo de espíritos de luz, e vivo em estado de graça

O convidado

Não lastime se as pessoas ao seu redor não caminharem o passo largo do progresso,
cada um tem sua missão e o tamanho daquilo que precisa enfrentar,
não cabe zombar, tripudiar, fazer piadas, é a mais alta farsa;

Se acha mesmo capaz de compreender o próximo, então aceita o limite dele.
Sabemos do desejo de progresso, por certo é nosso também, nessa esfera espiritual.
Mas, não importa a pressa, não importa se agora, daqui a pouco ou amanhã,
é o aprendizado que conta, não afronta, de nenhuma medida, a doutrina da vida.

Que é ela quem sabe, é ela quem rege o tempo,
a intensidade do firmamento, a profundidade do que toca aí dentro,
é ela – a vida – a escolhida como a mais forte experiência

Não julgue, não aponte, não critique, não deixe de olhar, de novo,
para a sua parcela de contribuição, para a sua parcela de amor,
acredite, tente, dê nova oportunidade, abrace, acalme-se,
cubra-se com a força que a vida deu, a capacidade de fazer a diferença,
entra, sem tocar nas feridas, sem tocar nas dores

Sabemos que você entende os recados, é canal de fato da nossa mensagem,
utilize toda a energia que sabemos movimentá-lo para fazer o elo, a ponte,
a costura, a ligação, para ser anfitrião do amor de Deus,
quando for convidado a participar da vida de outra pessoa

Vejam

Vejam,
eu não me importo
com o que vocês pensam sobre mim,
com os julgamentos que fazem sobre mim

Vejam,
eu os escuto, sem contestar
e concordo com muitos,
mas muitos vão atravessar
os meus ouvidos, não vão escutar

Vejam,
que se eu aceitasse tudo isso que me dizem,
ah, eu não estaria aqui agora, eu já teria desistido,
teria me impedido de muita coisa, muito avanço

Vejam,
eu não posso aceitar tudo,
mas, também não vou rebater tudo,
porque eu sei do que fui capaz de fazer,
honestamente, para me colocar onde eu quis

Vejam,
que eu já sei as minhas próprias críticas,
vejam, que sou rigoroso com os pontos que preciso superar,
é por isso que muitos de vocês me falam de superação,
sujeito deficiente, sujeito da língua de meio metro,
da fala áspera, polêmica, que diz o que não querem ouvir…

Vejam,
que se eu me calo, também incomodo,
se me olho de dentro pra fora, incomodo,
se sei meu lugar no mundo, causo falta de humildade.

Vejam,
e me perdoem, que se eu escutasse o mundo todo,
o tempo inteiro, se eu fosse volátil e vulnerável,
eu não seria esse prato cheio para as suas falas,
que não veem nada,
mas, eu vejo…

Tenta outra vez

Quando se alimenta a alma de energias renovadoras,
e se volta aos velhos ambientes corriqueiros do dia a dia,
percebe-se claramente como os locais são densos, pesados;
não notávamos, pois estávamos em sintonia.

Sinta o frescor das flores,
a vida que brota viva e doce,
o sol que te aquece,
a mais linda prece de calor

Olha para o céu,
a imensidão de Deus,
o ar que cuida da pele,
é leve, a alma que resplandece

Cuida dos seus sorrisos largos,
é seu afago primeiro,
quebra todo rancor,
toda ira, todo fardo,
todo ser humano perturbado
que tentará você

A vida te fez bem mais necessário
que os desgastes que você tem vivido,
é muito mais amplo, muito mais limpo
do que tudo isso, posto à prova,
aprova, convívio.

O céu, o ar, o mar, a vida,
vão te fortalecer, te proteger,
te abençoar, passa reto e íntegro,
o mal não te alcançará,
é o nosso segredo,
mas, vale compartilhar

Verão-luz

Não canse de ser luz,
não deixe de ser luz,
quando entrar nas sombras,
não perca a luz que Deus deu

Não se aborreça
se cegos ficarem
aqueles que se incomodarem
com a claridade, é parte
da missão

Dá missão, Senhor, aos justos de amor,
cubra com seu manto protetor, e chama
bem junto, bem perto, bem próximo

Acalma o próximo,
o óbvio também precisa ser dito,
não se canse de repetir,
nem de escrever,
não se canse de ser,
canal de Deus,
não é o ego que nos alimenta,
assenta o coração em Cristo
e nos muitos amigos que verão-luz,
estação divina

Outro olhar

Hoje eu não vou falar dos seus olhos,
nem de sua pele simples, do seu sorriso de menino,
nem dos seus sonhos, não vou falar dos seus lábios,
nem dos afagos que um dia eu sonho em dar

Hoje eu vou falar do ser que sofre,
que se cala quando a dor é grande,
que para, quando o mundo é mais forte,
vou falar das suas mazelas,
do seu choro perdido,
vou falar do seu vício de carência

Hoje eu vou falar das festas sem sentido,
vou falar dos seus falsos amigos, socialmente,
vou falar das provas que você precisa contestar sempre,
do preconceito desmedido que insiste em te colocar em qualquer nível

Vou falar da academia que te suga o corpo, e o intelecto também,
vou falar das suas roupas, dos seus trajes, vou falar dos seus hábitos,
das suas fotos, suas poses, seus caprichos, vou falar de tudo aquilo
que a gente sabe que é o humano construído para se apresentar

Vou falar do seu crachá, do nome social que você escolheu,
hoje eu vou falar da ansiedade que convenceu você de me dizer coisas estranhas,
vou falar da perturbação que não te deixa dormir, te coloca insônia,
vou falar dos homens que você beija, se oferece e cansa das velhas bocas,
dos corpos rígidos e flácidos demais, dos atos que não preenchem mais nada,
dos prazeres que te entristecem depois de vinte minutos.

Eu vou falar a realidade, o humano que sofre na carne, na alma,
eu vou falar com calma e no verso para não te machucar de frente,
eu vou falar de gente: normalmente o poema serve pra amenizar,
para a ilusão e para o utópico, mas, hoje, só hoje
o poema vai cuidar da ferida que eu tento curar
falando dos seus olhos, que não me deixam mentir,
outro olhar