Por escolha

Obrigado por experienciar a vida
na plenitude de quem gosta de viver,
de quem percebe a energia que comanda a existência
não obrigado,
por escolha

Pela força do movimento do espírito
pela matéria que rege o início de tudo
pelos desafios solicitados e colocados
diante daquele que tem prazer em viver

Vida nos olhos,
vida na alma,
vida passada,
vida presente vivida
no futuro que caminha dentro de mim

Todos os traumas passados,
todas as agonias vividas,
todas as causas anteriores
não impuseram tristeza de ser

Não manipula o ego
passível só de si,
daquilo que circunscreve as idas e vindas
sem desculpas

Encara tudo que veio de brinde,
e aceita: a vida permite a resposta,
autoriza a busca da solução para tudo que aflige,
assiste o próximo de todas as formas

Evapora todas as dores do caminho
recolhe remorso, ressentimento,
não é mais a trajetória do progresso
o momento de sofrer

Não se trata de autoestima pela positividade,
esse poema transcende recados
(conectados à compreensão da paz)
parou de fazer perguntas, apenas escuta,
não procura respostas, cria-as.

Entre esperas

Diante de tantos corpos fúnebres,
do desalento da morte, não há de ser forte
nenhum homem que preserva a vida humana

Diante do projeto nefasto é fato
a falta de norte, não há sorte
para os restos mortais que ficam
em famílias desmontadas de forma precoce,
na face da vida dos ditos vivos,
nem dos espíritos, do outro lado da ponte

Parece, inclusive, que os lados coincidiram
em colidirem frontalmente, algo parece fora de rumo,
uma curva na rota da existência,
anjos também pedem clemência
ao livre-arbítrio do humano insano

Que sobrecarrega todos os lados da vida,
mudando a trajetória do tempo,
um lamento uníssono do início-fim

Fora de controle e de prerrogativas,
a vida e a morte se encontram,
para a troca de lados, aos montes,
que só a Existência Soberana entende

Não há começo de era,
nem queira, quimera,
o fracasso é um hiato
de tantas esperas
de lições nem sempre aprendidas…

A vida tem seu tempo,
para todos, em poucas dezenas de décadas;
Para nós, a espera eterna não cabe mais,
nem por isso o mundo se oblitera,
é só outro tipo de guerra
que os homens não sabem mais…

Insciência

Não deixe que te façam acreditar
não merecer tudo o que tem,
a felicidade que habita em ti
não provém de ninguém

Não deixe que te façam acreditar
na desvalia do ser,
no ato diminutivo de grande existir,
confunda-os, não se confunda com eles

Que a tua grandiosa fonte ainda é vasta,
não se gasta com pequenas castas de seres impuros,
cria teus muros, não se resgata os impuros,
cada um se transforma naquilo que quer

Saiba das tuas verdades, ciente de teu longo progresso,
reverso daquilo que foi o ontem, pronto a ressoar o amanhã,
é vã a ilusão de corrigir o todo,
é pouco o que te dão na mão

Diga não a todo o resto,
é verbo o principal
é ato o fundamento
momento precípuo,
viva, a vida é só instrumento

Cale-se no momento certo,
sê reto, probo e leal
é real o poema, não o verso;
a rima é o adorno da arte,

Arde e queima a tua insciência,
entre o núcleo e a Terra,
e o condutor do destino,
há meras experiências

Habituais

Você não sabe da missa, a metade
ainda que eu cante outros cânticos,
batuque em outras tribos,
profetize em outras línguas,
dialogue em outros ritmos
você não sabe da missa, a metade

Ainda que eu cultue os índios
e justifique os anjos,
ainda que eu veja espíritos,
e movimente as energias da vida,
você não sabe da missa, a metade

Ainda que eu evoque a ancestralidade,
até chegar ao princípio da matéria
e olhe, ao mesmo tempo, para o futuro,
em novas esferas do progresso,
ah, você não sabe

Nem da missa,
nem do culto,
nem da roda,
nem da mesa,
nem das máscaras
da minha tribo,
nem das regras dos planos espirituais,
nem do oriente, nem do ocidente,
que passaram ou que virão

Você não sabe o que eu pesquiso,
o que eu conheço, o que eu sinto,
nem dos avisos dos seres evoluídos
que eu recebo pra tomar um café da manhã

É assim, a intimidade de quem acorda,
de quem convive, de quem dorme e de quem se levanta,
cercado de amigos, de todos os tempos e de todas as formas,
habitais

Devolução

No desenlace da matéria,
no fim da carne e do corpo,
na troca de morada, no novo,
é que quase tudo vem à tona,
reflete na eternidade, prorroga o tempo;

No contexto mais amplo,
revela-se o plano da recente existência,
soma-se os pontos, subtrai-se as experiências;

Na compreensão do quase todo,
um punhado de dezenas de aniversários humanos
é o sorriso simples do espírito,
que não sabe até quando vai viver a ilusão do vício;

Troca a pele, o peso, o sexo,
troca a oportunidade, o emprego, o verbo,
troca o pai, a mãe, a escola, as escolhas,
experimenta até a oportunidade de ser médium;

Comunica por um fio, poucas palavras,
pequenas sensações se manifestam,
imprime as dificuldades, aprofundam-se os méritos;

Nas relações variadas, uns amigos vão e outros vêm,
são trocas por opções que mais convém ao universo
e de dimensões distintas, em tempos impróprios,
a venda nos olhos – da morte – é apenas um marco infra espacial

A relação de oportunidades são escolhas capazes do discernimento,
a vida não espera dos momentos certos, os aprendizados necessários.
a sensibilidade traz a capacidade de antecipar prioridades
e postergar vaidades no tempo certo;

Sábio aquele que não utiliza todas as fichas que tem,
e aprende na intensidade da vida a devolver os créditos que obtém.
Em qualquer mundo, o desperdício precisa ser evitado,
não por escassez de recursos, – o universo é abundante –
mas, pela troca mútua em ser ajudado e ser ajuda aos milhares necessitados

São esforços imensos, os feitos de um projeto cármico,
são espíritos de todas as esferas, os envolvidos, nada é prático.
Até o cordão de prata chegar próximo a pele, o mundo espiritual se revela,
se reverte, inquieta, são muitas mãos terrenas, muitas energias atentas
ao mesmo potencial, autorizações são concedidas, o espírito máximo se aproxima
para a criação, o sopro da vida é muito mais complexo do que mera imaginação.

Re-flexos

Aprender que o sentimento é vivo
e que deixar passar batido é natural,
essência que retém poeira não faz bem,
a alma não deve se prender ao banal

O tempo que o vento sopra,
tudo vira nada na ladeira
do verso perdido

E tudo ganha outra forma
de vida, divida, querida
outrora, imagine só
se viramos pó, não somos nada;
se acabou tudo de uma vez só, nada

E digo mais:

Se insistimos no retorno,
o bem que é bem se faz pouco,
amanhã na imensidão do tempo,
o inimigo é resquício do perigo,
hoje chamo de amigo pra me tornar uma pessoa melhor

Não se prende a alma com coisa pequena,
o cordão de prata que nos amarra à Terra
é vivo, é vida em perigo na matéria,
é luz que recebeu o ultimato das trevas,
a evolução que se espera em quimeras

E se tudo for um ato falho,
um prato raso, um copo meio cheio,
e se alma for um tanto vazia,
se tudo ficar no meio termo,
relativiza e suaviza a vida,
é um grão no pão de centeio

E a estrela não se perde no meio do breu do espaço,
onde ela se vê em escuridão por todos os lados,
não se dá conta que sozinha encaminha luz,
e nós, desse lado, visualizando o macro,
distância anos-luz, estrela solitária uma da outra,
não são poucas, constroem o divino céu

Retrospecto

Voltei a escrever porque a poesia vem de dentro,
ela assalta os dedos, interrompe o corpo, aluga a mente,
toma conta de tudo, é um mundo que transcende

E fazendo um retrospecto, antes de tudo,
o mundo foi criado para o bem
e cada um para a própria felicidade
e no roll da humanidade ainda tão simples,
simples é a capacidade de amar

É o primeiro passo daquilo que está por vir,
antes de tudo, o mundo é o primeiro terreno
de uma Luz que não tem fim

Deixa o que não tem nome em branco,
é um ponto ainda na existência,
mas, se quer dar um nome Santo,
escolha o que lhe couber melhor

E antes de tudo, um retrospecto,
volta tudo o que você carrega por dentro,
se descobre novamente feliz assim
retroage o seu dilema, retorna o seu problema,
regride no poema que está por vir
porque ele nunca foi, lê de novo por mim

União

Fim de estrada
estagnada, a vida não é,
no fim de percurso,
um impulso qualquer
já nos dá novo rumo
para o que vier

Eu aceito, recebo e aproveito
aquilo que a vida me cede,
não há pedido, nenhuma solicitação,
recebo com gratidão, o novo começo

Coloco-me em apreço
e permaneço disponível,
vida, cativa em mim
o caminho desconhecido

Não conheço o passo seguinte
chamo todos os astros,
eu respeito a todas as ciências humanísticas,
comungo da paz de todas as lideranças dos mundos

Espírito que se acalma e se alastra
em paz não padece em momento algum,
todas as energias fluídas em afinidade,
nunca é tarde para a renovação,
nada me basta

Que se prospere tudo aquilo que no bem segue,
que se agigante tudo aquilo que no bem guarde,
em todas as faces da Terra, em todas faces dos homens,
em todas as fases d’alma

União,

De todas as formas,
todos os modos,
todas as crenças (ou não),
todas as vivências possíveis
aos ouvintes,
na junção de todas as mãos

União

Respostas da vida

A chuva vem da nuvem negra,
o progresso, pelo pico da adversidade.
Em toda crise, surge a prosperidade
e toda questão de saúde delicada
requer cuidados, sem vaidades

Toda alma triste está procurando a felicidade,
e para cada problema não resolvido ainda há o caminho,
há capacidades em desenvolvimento

Em todo alento, um novo rumo
e em tudo que é novo,
rege a ansiedade

Toda matéria incompreendida
requer estudo, e todo saber
tem por sequência um esforço anterior

Se a vida fosse fácil e tranquila,
não me daria ao trabalho de provocar o meu interior
Se a vida fosse fácil e tranquila,
querida, não brotaria sequer uma flor

Se é da luta que se sai do casulo,
a borboleta, sem nenhum barulho,
não inspiraria o amor

Se a vida fosse só pausa,
o mar não teria seu encanto.
Se ondas alegassem sofrimento,
de pronto, e de momento,
abaixo das águas não reinaria a vida

Se a vida fosse só poesia,
não existiria o poeta,
o poema, antes disso;
um vazio de ideias,
um conjunto de palavras,
um amontoado de letras

Sem sentido
a vida é
sem mudanças

Cuidado divino da vida

Diante das mudanças,
para vida solicito esclarecimento
e a todo momento que as aflições que me atingirem,
não sê triste;

Oh vida, amplia meus pensamentos,
em auxílio pequeno que eu possa conceber
vindo de você, tão linda a me ensinar
a ser aprendiz

Aquilo que um dia eu fiz
cometendo qualquer equívoco,
é pelo vício de acertar e ser melhor

Eis que vim do pó, e que a evolução se faz constante,
aceite o meu momento de latência terrena
e me elucida com as experiências que a vida resguarda,
acima e antes de mim, bem antes do tudo e do agora

Oh vida, se abra as portas do conhecimento,
tece em mim, pelos fios condutores da transformação,
a reação renovadora que me solicita a existência

Coloco-me á disposição da consciência da vida
que tudo sabe, tudo rege, tudo agita, e tudo compreende
para prestar socorro a qualquer momento,
utilizando das minhas mãos, das minhas falas,
das minhas atitudes, aquilo que, com plenitude,
se solicita

A paz de espírito e a calma da atuação,
me conserve de pôr em prática…

Qualquer intenção que eu não possa medir no hoje,
mas se agiganta no amanhã, que a Deus pertença…

Cuido da minha gente,
cuida de mim,
cuido do que posso,
cuido por servir à vida,
a vida que cuida de todos nós

Hoje eu não sou o eu de ontem,
e do amanhã não sei;

Hoje eu tenho a prece
e que não se apresse qualquer
amém

Óculos ímpares

Deixo os pares de óculos sobre a mesa
tenho outras visões.
De qualquer maneira, não se enxerga
o que é preciso ver
diante das lentes não mais tão grossas do ser

A minha alma, grosseira, refina constante;
é outra dimensão que se vislumbra
ainda que em matéria miúda

Alguns pontos agora são claros,
tendo foco e preciso:
não turva e nem embaça

A vida é graça de olhos fechados,
não vendo o mundo…
não vendo o mundo;
nem me compare, nem me compre

Desvendo o horizonte
sabendo do passado

Calmo, a claridade não me incomoda.
Debaixo de tudo, tudo que se crê demais
é fácil, fato, falso

É mentira que se fez acreditar
e da qual não topo rever, por comodidade;
mas, é a idade que chega – peneira da ignorância

A paciência faz criança nascer
faz o homem viver bem
e o velho morrer em paz

Não preciso mais
de óculos pra ver
o cristalino estado de
óculos sobre a mesa

Missionário

Em vida, sua missão, querida alma amiga
é, dada a sua mente esclarecida,
encaminhar os outros para o progresso
é o mais perto que se chega da luz

Da prece ao nome de Jesus,
conduz pra frente, vai adiante
ajuda o próximo, e próximo
enfrente tudo junto, vislumbre
novos ares, novas metas,
para além dos vales
que o progresso inverso remete

Encaminha, alma amiga e lúcida,
sua companhia sabe bem o que fazer,
a presença do seu ser é bravata,
também desbrava caminhos fechados,
é achado na vida dos outros

Entrega o que pode, avança no que der,
pega pela mão quem te procura, e não segura,
libera todos para que outros se aproximem
e não se liberte dessa missão

Tem a função de dar passagem
é passe que os outros precisam
um passo que só você pode ajudar
deixa correr, que você vai ver
a vida te dar outros horizontes
pra ver, sem te limitar

Provas

Diga a todos os seus, o seguinte:
adiante, não esqueçam da fé
seja no que quiser, diga a todos:
promova a fé, a esperança,
a autoestima, a confiança

Diga a todos os seus, o seguinte:
não é tempo de tristeza, ou de apatia,
não desacreditem na vida…
porque já houve tempo bom,
o melhor você já viveu e provou,
eis a prova que tanto pedem,
lembrem-se do passado

Mais feliz e mais sereno,
mais alegre e abundante,
lembrem-se dos sorrisos
e da fartura, da fortuna dos homens
não me vale um tostão, não é isso, não

A matéria é boa na matéria,
mas, é hora do espiritual,
é tempo de elevação,
da transição,
da transcendência…
paciência

Elevar-se não é simples, meu caro,
e não se compra, nem se vende,
como insistem em seus templos,
até os ditos mais humildes…
o mais simples de tudo
é compreender que é na falta de tudo
que se faz, do nada, um ser melhor

Visita seus sentimentos,
e seus defeitos, os seus traumas,
os seus medos, a sua vida inteira…
não precisa do corpo belo,
isso é passageiro,
a alma, verdadeira,
conhecerá várias matérias
afim de aprender muitos conteúdos
em várias formas, situações e frentes

Deus é onisciente porque reencarnou
em todas as experiências e viveu
a máxima da vivência, na morte plena;
e, ainda assim, se fez vivo na carne
para mostrar – aos seus olhos –
e se fez vivo – na alma eterna –
para mostrar a sua capacidade
de também ser alma eterna

Regressão

E se eu, antes de pedir ajuda da espiritualidade,
do além-matéria, me lembrasse, sobremaneira,
de que eu, hoje, sou o além-matéria, a própria espiritualidade,
de séculos atrás, antes do agora?

E se eu, antes de pedir auxílio das esferas superiores,
antes de desejar uma direção, orientação do guia,
lembrasse, que já estou em outro caminho diferente,
bem distante do que já trilhei um dia, séculos antes?

Ah, se eu regredisse no meu próprio ser,
nessa própria vida, quanto já aprendi!
Quantos percalços se fizeram dolorosos,
quanta lágrima, quanta angústia, eu venci!

Se eu me lembrasse, nessa vida mesmo – só nessa –
do quanto desejei estar aqui para me redimir de erros imperdoáveis de outrora, ah!
Eu, não me espantaria, se relembrasse o quanto já deixei a punição máxima,
por tantos irmãos que, anteriormente, eu me fiz protagonista no papel de algoz!

Como eu sou tolo! Auxiliando-me em vida, querendo a outra vida, além da matéria,
quero palavra amiga de um guia, espírito de outro lado, de qual lado?
Não existe lado para experiência!

Eu sou a própria ajuda do futuro do meu próprio ontem,
perdoem-me os outros amigos, os meus amigos espirituais,
pelas horas de lamentação, de muitas frustrações não entendidas,
ocupando-me de perturbar outras vidas, lidas de outro ângulo,
quando eu tenho a minha própria…
de ontem, de hoje, de agora, e de amanhã pra cuidar

Eu não quero regressão espiritual,
não quero regredir nessa vida para lembrar de outra,
nem quero antecipar a regressão do futuro para esse instante,
nesse instante, paz e bem, e vamos lá!

Perdão ao tempo que se perdeu no tempo
porque eu não tive tempo para me cuidar…

Resíduos da divindade

Onde mora a paz
senão dentro de mim,
pelo meu caminho,
no meu passo,
pela minha fala,
voz mansa
que alcança
a alma do outro

Onde mora a paz,
senão no meu progresso,
não é no templo,
na circunstância,
no momento

A minha paz,
conhece os nós da vida,
e se diverte,
te recepciona e te recebe
no abraço apertado,
no olhar que ilumina

Irradia o caminho,
a minha paz é um ponto de luz,
não necessita de confirmação,
a minha paz é uma situação
do estado de espírito,
Santo.

Eu sou morada de nada,
daquilo que não se vê,
eu sou morada de reflexos,
raios, feixes de ser
resíduos da divindade

Lastro

Meu ouvido não é absoluto,
mas, sem dúvida, o meu silêncio fala muito,
todas as notas, todos os sons, e melodias

Na minha concentração mora uma ousadia,
mora um mergulho tão profundo e íntimo,
e qualquer vento, qualquer tempo,
assusta

Eu me jogo no lastro do abismo,
e me vigio, e me acho, mesmo
caído e em pedaços

Todos os meus sensores humanos
confundem-se com os meus sentires harmônicos,
e neste momento, paira o indivisível,
e eu saio de mim para provar que não sou
isso daqui que se vê

Não ao tom de voz,
nem essa face cretina,
nem esse tom de pele,
ou a profissão escolhida,
não sou esse nome que você convoca,
nem essa barba postiça,
é o indivisível do corpo e da mente,
o sujeito que você chama de gente,
e eu não sei classificar…

Decodificar

Eu sou a luz,
o que não se vê,
aquilo que tem fluidez

Eu sou o livre ser,
não sei ser matéria,
que me perdoe o invólucro
meu material não cabe aqui

Sou sim, antes de tudo,
o vazio do nada, o imaterial
que escapa sem dar ciência
para a ciência, o que ainda será,
o não aberto…

O descoberto em parte
com uma pequena parcela
do verbo sentir

Que se modifica e se intensifica,
ademais, o que se pode dizer?

Não sou aquele que se pode dizer
sobre o hoje do ontem e do amanhã
dessa vida…

Eu sou luz que se encaminha
para o escuro de pequenos nós do tempo,
ainda que me sinta só no espaço,
no espaço-tempo, sou o que ainda não veio
a canto nenhum do pensar
pois, a própria energia,
do primeiro ser,
não se sabe
decodificar

Dá paz

De vez em quando eu me dou conta
que as contas não importam tanto,
nem tantos egos que se digladiam
para ganhar mais um quinhão de mixaria,
furtando, sim, as oportunidades de quem, ainda,
nada tem.

Certo de que cada um vai se cobrar, no futuro,
os juros da própria consciência…
Não perco o meu ponto de referência, a eternidade,
a infinitude de ser um pequeno nada de muitos segundos

De vez em quando o poder humano seduz,
loucura humana de se achar acima da própria alma,
perseguindo o mínimo dos excessos,
preservando o mínimo de decência,
ainda que nada possa fazer, ou quase nada,
Paciência

Para suportar a energia pesada,
o desânimo, a falsidade e a desavença velada,
rumos que a gente não quer,
é preciso respeitar,
Paciência.

A gente só pede o embate,
o compromisso, a energia,
só nos casos em que a sua vida,
de outras vidas sem saída
estiverem sendo prejudicadas
com a última porta fechada

Fora isso, ademais, suporta,
é horda que não sabe o que faz,
nem o que quer…

Podem até ver futuro,
mas, asseguro, não percebem os impactos do caminho,
Paciência.

Para não entrar nas vielas que não valem nada,
nos atalhos do dinheiro fácil que não te compra,
mas, que te vendem.

Não entre, não vale a pena.
A sua estrada é estreita e de muitos desafios,
mas, você sabe o caminho da luz

Muitos pedem carona, não embarcam
nas suas lutas, não querem ajustar nada.
É fácil sorrir e pegar outro vagão
quando o seu desgovernar

Quem te orienta é o céu,
deixem os homens serem réus
e os seus próprios juízes,
assiste sem culpa, sepulta…

A tristeza não vem de você
quando você não intervém, não te cabe,
não é isso que se pede.

Pede, pede prece, por tanta gente,
que tristes – eles – te cobrem
com o cobre que lutaram tanto pra ter
e não reluz

É luz que supera o agora,
atravessa a sua vida,
te revigora.

É luz que se propaga, e não o som.
O que reverbera de verdade é o que você sabe fazer melhor.
Paciência

Espírito que entra no umbral não pode se deixar levar,
espírito que entra no conflito, na sombra, não pode apagar
espírito que cansa de bater as asas, não pode matar a pomba branca da paz,
dá paz, ciência do espírito.

Oração de amor

Hoje os meus anjos da guarda
foram dispensados do seu serviço habitual
porque eu estou cercado e protegido pelas esferas superiores

Por um mero pedido do Altíssimo
meus amigos foram para uma missão especial,
atendendo aos seus pedidos de oração

Você que pediu força, paciência, pediu saúde,
pediu dinheiro, pediu clemência, pediu saída,
pediu conforto, pediu, ainda, socorro;
você que pediu compaixão, pediu consolo,
pediu carinho, pediu amigo, que cessasse o choro

Toma emprestado, toma meu cuidado,
mesmo afastado, seu próximo porto;
estou em outra dimensão, outro local,
tenho outra energia, meu guia espiritual
me fez um pedido considerável…

Que eu ficasse calado, parado,
seria eu guardado e protegido
para que os meus aliados fossem atender
a uma prece sincera que você fizera ao Pai

Não dando conta, os seus amigos de outras vidas,
aqui da Colônia, cada um cedeu o que podia,
uns energias, outros a oração, generosidade e boa-fé

Um seleto grupo que te ama, emprestou a própria energia
que o envolve e o protege agora, nada mais são – não se espante –
que anjos auxiliares, milhares, milhares!

Pararam perto, bem próximo, enquanto você ora,
enquanto você sonha, enquanto você pede,
tudo tem mudado, seu corpo, sua mente, seu espírito,
tudo ficou fluido e líquido de energia, de cuidado, de amor

Estabilidade espiritual

Não precisa testar minha fé
para ter a certeza de que eu confio em Deus.
Pare de provocar o próximo, testando a paciência
pois, Cristo também se irritava com causas injustas

Nós não vamos admitir perturbação da paz
porque isso desequilibra a energia do mundo,
não dá mais para banalizar o livre arbítrio
com seu cinismo, com a sua perseguição

Protegeremos tanto quanto for possível
o seu dito inimigo que nada te fez.
Acalma o seu pensar odioso
que um Deus glorioso anda junto com o justo
e fiel fervoroso

Porque aquele que crê em prática,
abarca a Palavra na intimidade,
mesmo que erre no conjugar dos termos,
a vida, em zelo, abençoa

Mais vale o caminho certo, duvidoso,
guiado pelos dois mundos unidos
do que aquele próspero de uma via só,
que dura pouco.

De já, vi

Eu tropecei dentro de mim
e caí por cima dos meus egos
sim, são múltiplos
para cada grupo.

Contudo, todos reconhecem
um mesmo eu

Incrédulo, cético,
sério, vivo,
aqueles olhos fundos
que você não tem coragem de encarar

São visões de mundo, a de todos vocês,
que já não sabem por onde olham,
e eu digo: por aqui

Porque caí dentro de mim,
mergulhei em queda livre!

Pode passar um filme na sua mente

A lua não mente no céu,
está lá forte e decidida
– para alguns recaída –
minha amiga

Dentro de mim
descobri
que consigo me ter,
consigo me ver para além,
também para fora

Sei lidar com a minha presença,
não pedi ausência, sorrio.
E me contento, contemplo
o mundo a minha volta,
e sorrio (em paz)

Minha vida não me incomoda
vi meus fantasmas e está tudo bem.
Eles me ajudam a psicografar
aquilo que eu acho que vem do lado de lá
na verdade, eu já vivi, sou o mesmo eu
déja vu

O ontem da vida passada,
repassada nessa vida,
parece futuro

E quando eu vejo o futuro de outrora
eu agradeço, já conheço minha história.

Santidade

Senhor,
esse ano eu vou
esperar os seus sinais,
vou esperar você dizer
onde eu devo ir,
que caminho,
se direita,
se esquerda.

Não me esquivo mais
a minha maneira.

Entrego o meu caminho,
entrego o meu plano,
entrego o meu sono,
e o meu cansaço

É nos seus braços
que eu vou descansar,
nem falar mais eu quero,
deixo você se pronunciar

Pisa aqui, atravessa lá,
por ali, vem por cá,
olha o perigo, desvia daqui a pouco

Quero o conforto das suas orientações,
não faço mais anotações para o futuro,
me ensina como agir, quando e como fazer,
eu vou viver segundo a sua vontade

Não há alarde, é tudo silêncio e quietude,
sou pequeno e minha incompletude
vem até você

Envolve o meu corpo de carne,
envolve o meu corpo de espírito
você é meu verdadeiro e único amigo
tem compaixão da sua metade,
vem com paixão me presentear
com santidade, com santidade, com santidade…

Ficaste

(fim de ano)

Alegra-te, pois que chegaste até aqui,
ao fim de mais um ano, tu venceste,
muito enfrentou durante tua trajetória,
posto à prova em tantos momentos,
colha o renovo das plantações que semeaste

Vivenciaste o que era próprio da existência
e com paciência, resistes aos sofreres da matéria,
em matéria de aprendizado

Alegra-te, é a hora!
Inspira-te, renova-te!
Aviva-te, o impossível
aconteceu!

Tu sobreviveste!
de janeiro a dezembro,
o ano se foi, ficaste!

Fica em alegria,
finca a alegria,
em teu peito,
energia, fica!

Nada vai virar,
continuarás servindo a vida!
Servir e bem dizer que a vida te deseja.
Compromisso com a vida, abençoa-te!

Retorno

Me descobri feliz no viver,
ainda que cercado de turbulências,
me descobri realizado no servir,
me percebi sereno para o aconchego
pelo pleito, pela demanda,
pela necessidade humana,
de uma direção, de um afago.
Me descobri abençoado,
cercado de espiritualidade,
desde que saio de casa,
quando um batalhão me acompanha,
protege e me orienta a ir ao mundo
anunciar a paz, a praticar o bem,
a não ver a cara de ninguém,
a não ligar nome com pessoa,
a ser indiferente ao ego
eu me ergo, sou completo
do abraço que eu não nego.
Aprendi muito, construí, primeiro,
a base sólida por dentro,
inabalável porque há preparo,
há muito tempo, há aprendizado,
amadurecimento para estender a mão
e não ser puxado para o abismo,
mas, trazer o outro de volta,
de volta pra vida, pra mim.

Corpo celeste

Não é hora da divisão,
senão do pão na mesa, de abraço,
de incertezas aflituosas
que podem ser sanadas,
ajustadas – ainda que penosas –
porque é na dor do outro
que eu encontro um igual,
tão preocupado, ansioso,
confuso e cansado,
porém, mortal.

O limite do humano
tão cheio de dúvida,
merece, hoje, concentração,
de forças, de energias,
de compaixão.

É todo mundo junto,
na mesma vida, no mesmo mundo,
cada um com seu problema,
seu dilema particular.

Se é pra ficar com algo em mente,
o lema de toda a nossa gente,
solidariamente, na solidão, em frente!

É esse o recado que se quer passar, em suma:
Assuma, que ainda tão diferente,
tão confuso, o seu mundo precisa do mundo do outro,
porque o universo quer seus planetas em órbita.

Eu sei que você habita um corpo,
e orbita outros corpos,
são todos celestes,
e merecem a mais primária prece humana
a contemplação ao nada, ao tempo.

Um momento:
o céu só fica belo
porque cada estrela, que se sente pequena e só,
– anos-luz distante uma da outra –
(está perto)
– anos-luz distante de eu e você –
(para nós).