Deferimento de saudade

Quando a sua caneta não puder mais assinar
nenhum benefício, nenhuma solicitação minha,
quando a sua articulação personal-política
for vazia de qualquer cargo comissionado,
quando dizer seu nome deixar de ser vantajoso,
aí sim, estarei mais próximo, mais perto

Quando o amigo precisar de força,
quando o zelo vier à tona,
quando o humano vier primeiro,
colaboro, sem ressalvas

Reitero tudo o que realmente compensa,
a recompensa por tanto cuidado,
por ter me ensinado os princípios,
o mais raso, o mais simples
que todo mundo julga que a gente já sabe,
por ter sido didático mesmo sem formação

Peço que (re)considere quando tudo me volta à mente,
antes mesmo de ser convocado, a entrega de documentos,
a perícia médica – por ter me encaminhado –
pela confiança de sempre, pelo respeito íntegro

Peço que relembre na memória, nesse tempo tão rápido,
as risadas sem medida, o silêncio cheio de mensagem,
as brincadeiras tão espontâneas e as piadas em alarde

A benigna maldade da convivência humana,
que sabe o quanto vale a amizade,
que sabe o quanto tem valor a cumplicidade,
os auxílios que o serviço não compra,
a tranquilidade da criança adulta,
em alegria, em verdade, sinceridade e ajuda,
ciente do que realmente importa,
deferimento de saudade,
do poeta.

Presente divino

Eu estou falando com um ser de fé,
eu estou falando com um ser de luz,
estou falando com um amigo que me conduz

Estou falando de igual pra igual,
ainda não há semântica para o imaterial,
o pós homem, o sobrenatural, o divido,
o divino que me diverte em você,
que me enche e me alegra

Estou falando de um encontro
muito mais evoluído, que explora,
expande os sentidos, além da matéria

O que é ser, ser de luz?
o que é ser, o ser você?
o que é ser, se alegrar por mim?
o que é ser, transformar-se?
e mais ainda, aos outros?

Por amor, por cuidado, pelas atitudes,
os abraços apertados que não cabem no mundo,
a presença que emociona a alma,
a voz que vibra a eternidade,
a segurança na fraternidade

O que é ser presente na distância?
o que é ser perseverante no difícil?
o que é ser descanso no impossível?
o que é ser seguro do que eu digo?

Presente do divino,
presente do divino,
presente, tá me ouvindo?

Fonte de mudança do mundo,
caminho de luz e amor,
esperança aos sofridos,
esperança aos pequenos de espírito
e aos pequenos espíritos de luz,
formando-os no bem sem indiferenças

Presente do divino,
presente do divino,
presente, tá me ouvindo?

Agora você sabe,
agora você acredita
na infinita bondade da vida…

Infinitamente

Meu abraço tem força,
tem também franqueza,
meu abraço tem suor
de gente que não fraqueja

Meu contato não é de corpo mole,
é o abraço carne dura,
tem afago, tem carinho, tem candura

Meu abraço energizado
tem perseverança e tem amor,
meu abraço, abençoado, tem
o calor do frescor

Alivia a alma, conforta a gente,
acalma o coração e limpa a mente,
meu abraço, de cuidados, abarca quem sente
numa onda de espiritualidade,
infinitamente.

Colação de graal

Eu não vou embora
agora, só uma fase provisória
está passando como tudo
que um dia termina, finda

Ainda fica, não me venda
desvenda tudo que a gente fez,
eu sei o quanto crescemos
outra vez, mais uma,
pela quarta vez

A vida segue seu curso
o discurso é o de menos,
o que mais importa é a certeza
que no quarto ano não ficaremos

Fiquemos para a posteridade,
pós co-ação de grau,
colação de grau,
bebendo o Santo Graal
da sabedoria que lograremos
e logramos ao longo de um caminho
que cada um vai retornando
pela origem da ignorância humana

Poeta por confissão

Ah, Aniceto, poeta, amigo meu
que alegria, quanto amor transborda,
quanto carinho a vida me deu

Tanto poema, tanta palavra,
o tanto dito escrito, emudecido,
quanto carinho pelo amigo,
quanto respeito pelo irmão

Essa mensagem hoje é quase uma oração,
fica em paz e fique tranquilo,
não se agite, não
que a sua alma amiga,
encontrou abrigo, encontrou a mão
de outra alma amiga e poeta,
poeta por confissão

———
Para Guilherme Ferreira Aniceto, poeta e amigo federal.

Agradecer

Você, filha do Divino Ser
você, mãe do Divino Ser
você, amiga de Divino Ser,
você, esposa de Divido Ser,
você, alegria em ato do Divino Ser
você, o fato do Divino Ser
Namastê

Você, Ser que vai transcender
Você, Ser que já progrediu,
Você, Ser que obedeceu, desceu
Você, Ser que ajuda o mundo a crescer
Você, feliz Acontecer,
Agradecer
Gratitudine

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Para Sabrina Bonzi, amiga de trabalho do Instituto Federal Fluminense, Diretoria de Gestão de Pessoas.

Chefa das chefas

Para Francine Macedo Dias pelas qualidades enquanto Servidora Pública e pelo trabalho primoroso que faz a frente da Diretoria de Gestão de Pessoas do Instituto Federal Fluminense.

Ela é a chefa das chefas,
nossa Diretora,
mas também é aventureira,
motoqueira, mochileira,
que faz trilha,
ela humilha
as inimigas

Tem atitude,
de passo firme,
não agride,
mas não deixa impune

Tem glamour
sabe subir no salto,
ela ri alto,
mas dá bronca baixo,
rainha dos coordenados

Administradora
e competente,
já foi Assistente
agente pagadora,
publicadora de portaria,
concede benefícios
com seu sorriso

Sabe o ponto fraco de todo mundo,
os erros, equívocos dos procedimentos,
lamenta, mas aguenta, e retorna,
pede pra refazer enquanto ela se refaz

É paciente,
pensa na gente,
traz uns mimos e uns salgados
vigia e dá aos cuidados

Toma providências,
tem nossa confiança,
sabe das elegâncias nos óculos

Está sempre bem vestida,
não é vendida, tem princípios,
e por isso faz amigos por todos os lados

Sabe das coisas, se faz de boba
pra ver se estão aprendendo,
compreendo, mas percebo
seus gracejos

É avaliadora generosa,
posta também à prova
pelo desempenho

Empenho bem recebido,
tem compromisso
gestora do mais alto nível

Que estilo!

Está sempre pronta
com a resposta certa,
e se não sabe, estuda
é mestra, e astuta,
mulher de labuta

Fechada com a gente,
não termina o expediente com pendência,
é pura competência

E quem vê até pensa
não ter momentos fracos,
coitados!

Não sabe o peso que vai aos ombros,
e afeta a coluna,
mas ela não se anula,
dá a volta por cima

Ela é a rima do mais nobre rito,
é quase um mito, eu tento imitar, admito!
Não canso de admirar, e reflito
na carreira bonita e merecedora,
mulher de fibra, e compostura.

Está à altura do que possui
sabe que o cargo não a seduz.
São características intrínsecas
da personalidade que sem alarde não rui

A trajetória é brilhante,
chefa retumbante e receptiva,
é protegida e bem querida

E aparenta ser forte,
e por sorte engana os desavisados,
mas o poeta também sabe dos cuidados
e dos medos vedados que quase ninguém vê

Toda mulher no trabalho
sabe dos recados que deve dar por experiência
para ver se cala essa inconsequência mentirosa
do sexo frágil

Mas, na verdade, é na intimidade do lar
que ela chora, reclama e se cobra
pra continuar seguindo o rumo
e mostrando a meio mundo
pra que veio.

Habilidade com palavras

Para Ana Poltronieri pelos seus 50 anos de vida – Professora do curso de Licenciatura em Letras/Literaturas do Instituto Federal Fluminense – Entre a pausa do quarto semestre para conclusão de Administração/EaD

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E a gente trocou a sala de aula pelos corredores,
pelas presenças em eventos, pelo olá rapidinho,
trocamos a convivência diária futura
por breves encontros corriqueiros

Um poema aqui, um verso lá
a gente se conhece e se descobre
quase sem se falar

Virtual só pra quem não sente o que a gente compreende:
que o dia a dia é de fato aniversariante porque na etimologia
é o que se repete todos os anos, mas esse dia é diferente pra você…

Entre os riscos e a beleza do cotidiano,
todos nós ficamos, um dia, cansados dos desenganos
e, como saída, o poema: Sempre nos conectando…

Bem-aventurada seja sempre cada nova estrofe, sua quinta.
Felicidade sempre desde o verso zero, ainda virão nove antes de mudar:
Assim a é vida retratada, tão breve, tão ligeira
ainda a ser aproveitada…

Não há de ser mera impressão
se a sua sensibilidade encontrar com a minha
na contramão

Mais perto de uma nova vida do que da morte,
cabe ao poema eternizá-la por pura sorte
porque não traduz nem o mínimo da relação humana…

Pra quem pensava que eu conhecia pouco
pra quem lê e pra quem escreve:
habilidade com palavras, charada:

(Si[lê]n[cio)na]
[ins(e)screve]
(mono)grafia
de inúmeras teses

Braço direito

Estou é com saudade de te escrever
como há algum tempo eu fiz, sem te conhecer.
E interagíamos com respeito e compromisso
mas, agora, com esse poema, o segundo adjetivo
eu não desejo

Por saber da força das palavras
e do estudo que os sintagmas nos mostram
quando criamos um perfil de discurso,
e pensamos nas manobras da palavra,
que nos damos conta da delícia de costurar
o ontem, o hoje e o agora

Entre trocas e mais trocas de e-mail,
entre muitas perguntas e respostas,
todas minuciosamente feitas com carinho e zelo
meu poema hoje junta vários gracejos
para agradecer profundamente o seu apreço
em me ter como parte da equipe,
este, agora e sempre, seu braço direito
e adendo de amigo

Nunca vingou

Você confunde as minhas paixões
e me deixa a dúvida mais difícil,
aquela que mexe com o íntimo
e embaralha todas as sensações

Pelo poema mais confuso,
você sabe que poetas
são homens do mundo
que manipulam palavras,
camuflam tudo

Tenho que confessar
que já me perdi
já não sei se amo A,
se me encanto por B,
se conquistei C,
se posso dizer
quero você

Desculpa a minha dúvida,
só os poetas podem suportar
tantos desvios de conduta,
mas não tente entender
os amores dos letrados
são um caso raro,
outro lado, outra face do amor
que ninguém nunca viu,
mas também nunca vingou

Para Iago Reis

O apanhador de conchas

Ele anda sem rumo,
mas parece saber por onde ir,
o caminho pode até ser escuro,
mas o trajeto é parte de si

Caminha, antes de tudo,
primeiro por dentro,
menino do interior,
viaja em seu íntimo,
um passo é ínfimo,
precisa de luz

Mantem leve gracejo no rosto,
sorriso que dilui, sabe que,
apesar de tudo, um desejo o conduz

Coleciona ainda a brincadeira de criança
que um dia eu também fui….
Hoje, um quase adulto, também apanha,
uma dor que não flui…

Mesmo que sob o sol apronte,
aponte uma nova companhia,
guarda na caixa o presente
que a natureza fez, um dia…

Primeiro leva à mão,
delicadeza quebrante,
maneja num instante
a preciosidade, à luz

Veja só que alegria
esse dia que vai…
É manhã, tarde, à noite
é falta de sorte?

Melancolia que acolhe,
a graça que socorre,
um recomeço sufoque
e aguarde

A sutileza que comove,
resiste por muito tempo,
adereço tão pequeno,
como você, meu pequeno,
enfeita, mas não distorce

Que se assim tentar, quebra,
mas, sabendo cuidar, quem dera…
Uma porção de carinho
apanha devagarinho

Não fica concha sobre concha
igual criança depois da buscativa,
alegre pela acolhida, sorriso que descobre
quando não queria um dia sequer saber de conchas do mar

Agora ri,
agora ama,
agora rimar…

Sintoniza

Pra você flores
porque merece o aroma
revigorante da vida

Pra você o carinho,
delicadeza na medida,
obra-prima da natureza

Pra você a beleza,
riqueza gentil, generosa,
revigora, ameniza

Pra você o gracejo,
a gorjeta sem jeito,
um beijo de amigo

Pra você um poema antigo
que mora comigo há algum tempo,
aquele que brota quando a mente…

Sintoniza, duas pétalas de energia,
quem te quer, bem te quero, bem me queira,
festeja, escolha certeira da alma…

Reconhecimento

Eu te amo de novo um pouco a cada dia
porque amar de uma vez só desgasta,
causa nostalgia, saudade do amor que foi um dia

Com você não, meu amigo, nada disso;
amo de novo, recordo do encanto,
ser seu manto de carinho,
preenchimento de um vazio…

Recorro ao começo, relembro do princípio,
como é rico encontrar alguém que muda nosso destino,
capaz de me dar um dia marcante, data importante
divisão antes e depois

Sei que não cabe o medo de perder,
mas é sempre bom reviver, sentimento,
o sublime momento de encontrar na sua alma
aconchego que acalma, combina com o meu ser…

Por você eu amo novamente, fico contente sempre,
meu carinho se renova, como se a gente pudesse de fato
se (re)conhecer, eu me reconheço em você, e por isso,
provoco o riso e o contentamento permanente de contigo conviver…

Passos pelas Ruas

Para o escritor Victhor Ruas Fabiano

Use tuas Ruas, Fabiano!
Mostra-te em meus planos
como a viela por onde escorrega
os meus versos encabulados,
tímidos e sem saída

Usa das tuas passarelas,
abusa de teus caminhos…
A esquina do teu alvo cívico
cruza com a minha cínica poesia
que não diz metade das tuas linhas
capazes de se cruzarem com as minhas

Que dizer senão e finalmente
do meu desejo de te ler livremente,
de andar sobre tuas páginas
e devorar-te a escrita até quando mentes?

Correr, ó Ruas, pelos teus atalhos
e não raro ser reconhecido pelos passos
que não visitaram toda tua extensão…

Casa da paralelialidade

Do tempo e do vento,
da distância ao livramento,
sensação do não-existir-momento
o nada é uma graça, reabastecimento

Do corpo, o copo vazio,
recipiente que transborda,
agora sabe que nada importa
já aconteceu o que não se queria

Mas, o hoje, mais hoje, mais um dia
o seu afago paralisa a correria
sem sentido, sem o fio da vida;
estar vivo como experiência

Não me canso das aparências,
de perceber as patéticas
impaciências humanas com o vago,
e eu aqui divago, falando o mesmo:

Quero ser o nada, o vazio que ninguém toca,
quero o que ninguém suporta de resposta,
um minuto de pausa dessa caótica visão torta do tudo,
um segundo de nada, de quatro letras que não dão conta
do que eu falo…

É o nada do outro lado da moeda,
não do tédio sufocante, mas outro;
a outra face; a outra fase do nada;
o significado escondido de muitos;
a terceira e outra realidade;
paralelialidade

Reconhecimento de saberes, competências e sentimentos

Em homenagem à Hélia Coelho de Mello Cunha pelo seu legado pela Educação. Mais do que pelos três períodos durante o curso de Licenciatura em Letras/IF Fluminense pela disciplina de Leitura e Produção Textual I, II e III, mas por toda a trajetória de dedicação, comprometimento e amor que ganha uma nova fase.

(Poema inédito: com subtítulo: Averbação para magistério)

Aí eu fiquei pensando,
depois do anúncio feito,
depois do fato concreto,
já premeditado e dito,
naquilo que foi posto:

Quanta história, meu Deus,
está descansando, desacelerando,
quanta vida, quantas vidas modificadas:
A sua, a minha, gerações abençoadas

Privilégio da sabedoria não apenas transmitida,
mas interiorizada; aquele saber que transpassa
cadernos, frascos de tinta de caneta, celulares…
carbono que roda, pó de giz, quadro branco, vidro;
máquina de escrever, transparência, slide,
aqui, não faço jus nem a mera metade…

Por enquanto, o descompasso da inacreditável
(in)finitude do magistério; egoísmo de saudade…
Daquilo que passamos, histórias para contar;
tempo também que iria vir (talvez virá)

Tempo para julgar não tive
tempo para absorver não tive,
tempo para dizer não tive,
tempo para dimensionar não tive,
nem quero ter tempo para esses serviços

Não averbam no coração
as despedidas inconsoláveis
de um ciclo de artista
e do legado da arte

Nova via de poema
de quem segue o mesmo caminho,
mas não deu conta naqueles versos,
que, para você, vão além da vaidade,
brotando em desalinho

Aprendi, caminhando para a segunda metade:
ante os meus vinte e três poucos anos,
vou continuar venerando quem iniciou nos idos dezesseis
a luta sem pesar de uma paixão

Mestres e doutores, a hierarquia da educação não comporta
o que, afinal de contas, nós dois já sabemos:
Quando o amor pelo humano se agiganta,
eu beijei a sua mão, agradecendo à moda antiga,
aquela que deixou de ser professora para virar amiga,
até depois da aposentadoria,
até depois…

Poesia favorita

Sua leitura assídua
recria em minha poesia
a fonte de inspiração
reinventada e revestida
do brilho nos seus olhos,
energia bendita

Minha poesia favorita
tenho tanto pra contar,
temos tantas linhas ainda
será… será… seria de imediato
ou é poesia metalinguística?

Percebo, independente de tudo, energia que flui,
ansiedade, necessidade, libido,
que a sua leitura possui

E eu, encantado com tudo isso, vejo um ponto de luz,
sei que há energia no átomo,
princípio de todos os casos,
o choque das partículas conduz

Vejo a epiderme arrepiada
e o firmamento de madrugada
como parentes próximos,
são milhares de pontos,
esse desejo reluz

Como o êxtase e o desespero
pela fuga das palavras pelos dedos,
sei que você me entende e recupera,
na sua leitura agitada e ansiosa,
o primor do prazer potente
que une quem estava separado
pelo destino valente,
capaz de preparar você e eu
para um encontro frente a frente

Dois apaixonados pela poesia
porque ela explode feito o big bang,
e nos aproxima, apropriando-se da gente

Para Thalisson Noberto

Perto de mim

Tive um insigth com seu nome,
uma energia forte rasga todo o meu corpo,
eu sei que faz anos, não esqueci do seu rosto

Recorri ao passado
sob horas adentro,
a madrugada foi um fato
pequeno

O que é uma noite de música
perto de pretéritos anos,
seu carinho ficou guardado,
um amor que foi se recuperando

Sei que esse poema é pouco
para o que eu tenho a dizer,
sei de tudo um pouco
e do muito que é o zelo por você

Nossa cantora nos uniu e nos separou,
estradas dessa vida que tomaram rumos distintos,
mas meu instinto não sossegou

Minha alma, meu amigo querido,
não desgrudou do seu apreço
e sei de um fato:

a vida fez um contorno
para eu ter sua mão de novo
aperta, perto de mim

Assim que eu te quero,
não vai mais embora,
fica comigo, fica comigo agora

Sinto tanta paz em meu peito,
você tem uma energia leve
dessas que quando a gente sente
cabe ao poeta apenas a prece,
a prece do poema

————-
Para João Pedro Oliveira, amigo de longa data.

Zelo

Para Alex Nilton

——————–

Zelo

O amigo, meu abrigo
companheiro de domingo
dos dias feios e lindos,
sobrevivo

Porque você me puxou
estou contigo, vivo
eu aqui e você no Rio
– São Paulo, de vez em quando –

Eu ando em falta, você,
sempre presente, meu presente,
meu querido, Alex Nilton,
nunca mais duvide do que eu sinto,
apreço verdadeiro e limpo,
sendo ligeiro no poema que vem inteiro

Desculpe a demora, o coração amadurece
o poema, essa coisa pequena de poucos versos…
Esteja certo, desabrochou agora porque a poesia
é quem manda, é ela quem desperta, feito Cinderela
buscando o príncipe, depois de tantos anos

Eu não fiz planos e nem controlo as palavras,
deixo que elas falem sem censura, sem cortes
para te mostrar que a poesia é um pouco de sorte
que atinge o coração, com amor pelas pontas dos meus dedos,
todo o meu apreço, carinho e zelo por você!

Sei mais uma vez

Sei que insisto
quando digo
que gosto
de você

Sei que você sabe,
você sabe que eu sei,
que eu não menti

Sei, meu bem,
que eu faço
mais do que falo

Sei que eu não preciso,
mas insisto em dizer,
gosto do gosto
de gostar de você

Sei, muito bem,
o quanto, meu bem,
eu confundi tudo
muitas vezes

Sei que as minhas palavras
confundem sua mente, vencem;
mas essas aqui são só para confirmar
eu gosto do gostar de você

Eu sei, de fato, que vou continuar gostando
no gerúndio que ainda move
o verbo do carinho, adjetivando
você, querido, merecedor
do merecido carinho
sabido

Parece redundância
esse poema sabido,
mas cá entre nós dois,
sei que você sabe:

A amizade precisa ser renovada
nessas sabidas palavras ditas
espontâneas na primeira vez
e que se repetem, remetem, repetem:

Eu sei que você sabe
que eu gosto de você,
e sei que eu sei,
você gosta de mim
mesmo sem motivo
sei, sem dúvida.

———————–

Para o amigo Ronaldo Costa

Tríade da amizade

Para Jéssica Simões, amiga em comum com Ronaldo Costa, nosso querido Cariúcho!

————————–

Desculpe as armações
vou fugir do óbvio, limões
Olho pro céu, eu vejo, constelações

Sei que é uma estrela especial na palma das mãos
de um amigo que gosto
sem definições

Por momentos, complicações,
por contradições do destino
eu não encontrei você nos vagões

Divagações da vida,
sei que a rima sofre oscilações,
mas é para demonstrar
outras derivações

Apaixonado pela vida, poesia
sem prisões para dar liberdade
provisória à amiga Simões…

Não carece de preocupações
pelos outros por suas vagas opiniões

Senta aqui do nosso lado,
que a viagem está completa,
A tríade da amizade sem alucinações

Você que talvez não lembre

Para Marilia Siqueira. Leituras Orientadas I e II. Licenciatura em Letras/Literaturas. Instituto Federal Fluminense

Você que talvez não lembre,
mas me disse no primeiro semestre
que um dia eu ainda iria gostar de você.
Mesmo em tom de brincadeira, você tinha razão

Você que talvez não lembre,
mas me chamou de doido
por eu ter comprado
a obra completa de Camões.
É, eu fiquei mesmo
quando recebi a nota máxima no seminário,
ficando sem recuperação por um fio.

Você que hoje se recorda vivamente
da emoção que foi A metamorfose,
que fala tão abertamente
da condição humana,
do revés da gente

Você que sabe, completamente,
o que é ser o personagem professor,
que tem três tempos com o aluno:
O agora, a lembrança e a saudade

Você que retornou minha SMS imediatamente
preocupada com a minha saúde e mudou todos os seus planos,
e eu dou valor a isso, sinceramente.

Você que me disse que minha identificação com Kafka foi tamanha,
que não poderiam falar dele sem mim, e sabe melhor que ninguém:
Estou neste curso pela literatura,
minha profissão não é licenciatura

Você que soube neste quase um ano
mexer nos cronogramas tão corretos,
sinto muito se a gente não planeja
o “eu te amo”, quando você me vem com a surpresa
que os dois livros que mais me emocionam
vão ser postos à mesa, juntos

Estou longe de fechar minha emoção,
por isso as rosas se abrem para demonstrar
que tudo feito por mim eu agradeço
com fervor e paixão

Por que o que seria de um escritor sem livros,
e sem a melhor das orientações,
sem você, querida, pra me dar a mão?

Você que talvez não lembre…
Toma, é pra você nunca se esquecer!

Mundo de escritor

(Ao amigo Lucas Borges)

Não tenho posse sobre você
nem sobre o que sinto…
Eu só queria dizer muito obrigado
pelo carinho que de longe minha alma capta

Sou como uma bússola do amor
e ela tem me apontado pra você
Obrigado, pois eu me inspiro,
mas o motivo não se explica

Minha alma nota seu talento
seu esforço, ela é atenta
a tanta energia limpa
de um sonhador da vida
pela escrita que agora rima
na minha vida

Por um breve instante percebo a sintonia…
Por favor, por amor nossas
palavras se cruzam em espaços tão diferentes…

É a sua alegria convidando o meu espírito
a manejar as palavras, transbordar luz nos olhos,
marejar na saída, uma viagem de volta
mesmo sem encontro físico

Amigos unidos em outro plano
mundo de escritor…

Beijo, depois eu volto pra te ver,
conversar sobre nosso destino de vencer
vivendo de palavra, vem ver o quanto
gosto de você e nunca disse,
cansei de me esconder

Vou partir feliz, deixando você
sabendo da minha fascinação
pela sua paixão sem fim…
Eu entendo perfeitamente

Reconheço

Pela amizade de Igor Calil, nesses dois anos!

Eu reconheço
que tenho
grande habilidade
com a palavra

Reconheço
o apreço
por você,
imensamente

Reconheço
que com ela
posso ser inverídico,
mas não tem jeito

Assim que eu sei me expressar,
e pode até parecer enjoativo,
mas nunca será cansativo,
escrever para você, meu amigo

Reconheço
que sei bem pouco
da vida, da vida,
reconheço, bem pouco

Mas o que é a vida
senão fizer sentido
na vida de outra pessoa

Mesmo que essa segunda pessoa
seja a primeira pessoa
que virou presente de natal

E mesmo que seja contraditório,
reconheço o seu esforço em ser,
muito, muito melhor a cada dia,
mesmo que o natal seja apenas
uma simbologia

Mas eu não cansei de dizer,
e digo mais, outra vez,
pela palavra, pela palavra
eu reconheço que você
deixou de ser só palavra,
coisa bonita só da poesia

Feliz aniversário

(Para Darci Tomellin)

Pensa que eu esqueci
do quanto você me presenteou
com seu sorriso, sua energia
essa sua poesia viva

O sorriso, a astúcia de um palhaço
candura que despertou pra vida
pra minha vida, na minha existência
você fez festa, agora, agora,
feliz aniversário

Mais feliz, aniversário, bem vinda
novidade, nova idade, o mesmo ser
se é pra você, feliz, feliz, aniversário
e de novo, repito, feliz, feliz
feliz aniversário

Aquilo que se repete,
novamente, idade diferente
a vida renascendo
pra quem sabe viver

E quem a sério não leva
quem acha palhaço pateta
não respeita o corpo pintado
não sabe o quanto tem sido vazia
uma vida sem significado

Há quanto tempo conhecemos
um a outro, outro a um;
Nós dois sozinhos vivíamos bem,
mas celebrar contigo tem um porém
capaz de multiplicar,
controvérsia de duas sensibilidades somadas

Somos mais, bem mais vivos
duas máscaras de um teatro
não opostas, duas faces sorridentes
espero ter sido convincente de fato,
feliz, feliz, feliz aniversário