Seu bem, seu mal

Seu fardo, seu peso e desejo,
seu beijo, seu corpo, seu negro,
seu doido, seu louco, seu dengo,
seu tudo, seu todo, sou parte da sua vida
com gosto e causando desgosto,
mas indispensável nela,
maldita, íntima minha,
me alucina, me arrepia,
e mesmo assim se sente
doída, sofrida,
pensa que não é querida
mas se engana nessa afirmativa.

3 comentários sobre “Seu bem, seu mal

  1. Meu. Exigir métrica de um escritor contemporâneo é como exigir glúteos numa barata. O poeta é aquele que cria suas próprias regras (frase do poeta mayakóvski). A poesia de Fernando Pessoa e de Drummond não tem qualidade porque não tem métrica (e por tantas vezes nem rima)?

  2. O espelho reflecte certo; não erra porque não pensa.
    Pensar é essencialmente errar.
    Errar é essencialmente estar cego e surdo.
    (Alberto Caeiro)

    Não facilite com a palavra amor.
    Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
    Não se inebrie com seu engalanado som.
    Não a empregue sem razão acima de toda a razão (e é raro).
    Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
    De espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
    Que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na terra.
    Não a pronuncie.
    (Carlos Drummond de Andrade)

    Isso é poesia razoável?

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