Não sei o que está acontecendo comigo. Volto as origens de um blog, diário virtual de um jovem solitário. Tudo bem, não há como retornar plenamente aos moldes desse tipo de página que teve início no começo dos anos 90. Hoje, tudo aqui que parece uma resenha de um adolescente em crise pode ser simplesmente ficção. A juventude anda bem criativa, atualmente.
História inventada ou realidade de fato, não importa. Nem que eu diga usando o pronome “Eu”, estaria falando de mim. Poderia ser o eu-lírico, quem sabe. Enfim, enquanto você fica decifrando se é pessoa ou persona a escrever, vamos aos conflitos emocionais:
Acho que estou muito desanimado hoje, com o coração pesado e cheio de dúvidas. E é tão complicado quando a alma se pergunta… Tão inquietante ficar sem respostas. Em certos momentos tenho a certeza plena de que sou amado, outras nem tanto, e algumas vezes, é absoluta a negativa. Eis o momento em que me encontro. Ou que não me encontro.
Não reconheço mais o zelo, o carinho, a doçura. Não me tem total segurança mais. Meu porto-seguro está sendo trocado pelo caos aéreo de minha mente que insiste em viajar nas nuvens das incertezas. Mesmo que seja me dada toda e qualquer certeza durante muito tempo. Mas o momento que piso em falso é o que mais me abala, aquele que tem mais impacto.
Então há sangue. Porque o simples arranhão na incerteza tem aumentado. As bactérias da insegurança dançam em minha carne. É hora da festa daqueles que tanto me tem invejado. Tudo se abre, e a medida que fico com o peito exposto, sem resposta, a ferida ganha proporções gigantescas.
Choro baixinho. Os sonhos foram ilusão, concluo. Todos eles. Cada plano, cada cena, todos os momentos. Não existem mais os sorrisos das brincadeiras que pensei em fazer, pois sabia que riria; não há mais os lugares que iríamos juntos, nem o mar que pretendia te levar a observar; o sorvete que dividiríamos derreteu; as canções que gritaríamos por tamanha alegria já desafinaram.
Então eu acordo. A ira me domina. O tempo perdido, tantos planos jogados fora, tudo em vão. Já não há choro contido, as lágrimas correm sem barreiras. Meus lábios ganham vermelho-sangue, os olhos, a carne viva. O animal se rebelou, saiu de sua jaula emocional e já não come na mão de turistas. Como você tem sido sempre, em mim, enfim.
Belo texto! Amei as metáforas!
Mas é vida é assim, feita de incertezas!
Grande Michael! Obrigado pelas suas palavras, amigo!
Um abraço.