Para quem já não tem mais
cinco minutos de fama,
para quem tem nove mais uns anos de carreira,
o que fazer depois da conquista do sonho?
deixar insones expectativas,
cada um sabe das maravilhas do divã do pensamento,
da consciência tranquila.
Artilharia pesada na palavra, na rima,
o que nos une, nos nivela por cima,
você com suas vozes, seus acordes,
sua palavra até na pintura para despistar,
eu, com o poema, a palavra, crua e fria,
sem escudos, subterfúgios, sem armadura,
apenas palavra nua, sem armadilhas,
para falar, falar e falar,
o que você também sempre quis,
com as suas pirotecnologias…
para dizer, dizer e dizer
Personalidades
Tudo tem mistério
Farinha pouca, meu pirão primeiro,
falar de beijo, de libido é pouco,
espero mais dos seus ancestrais,
já chega de bacanais virtuais
Para os desafetos do tempo,
o avesso dos ponteiros,
quem entende dessa história,
sabe que já era, é mágoa,
é hora da virada
Para os atentos da própria sorte,
ser forte é brevidade,
seus ensaios de cores falaram mais das dores,
que as flores de rosas
Para os aventureiros, celeiro de inéditas,
prisioneiros dos misteriosos áudios, o óbvio não precisa ser dito;
é um rito se reinventar, a tecnologia não vai ajudar tanto assim,
parte de mim esse som, radinho de pilha, ainda, para os desvalidos,
fone caríssimo para os famintos de humanidade,
estúdio dentro de casa, estudo dentro de mim
Poema Público
Baseado no álbum “Público” de Adriana Calcanhotto para atividade de figuras de som proposta por Vania Bernardo. Linguística II. Letras/Literaturas/2013.2. IF Fluminense.
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Ao mundo Público de Calcanhoto
publico estes meus versos
e peço, pego, desapego,
emprego de excitação
o ritmo, o ato, um laço
visto, me calço, abotoo
soo Mais Feliz, sou assim
Intérprete, desperte,
Devolva-me esse clímax,
essa luxúria, loucura
de poeta, candura na voz
pudera, quimera da arte,
alarde tamanho, essa doçura;
O som carregado me chama
ao meu sentimento, momento,
invento, tributo e luto
comigo e com essa voz a sós,
Maresia que vem atroz
me deixa partir, inunda assim
meu coração que ama sem fim
Vambora que esse álbum
reflete, me pede na mansidão
o silêncio, o vazio
aqui eu venho e crio,
recrio, reviro, repito
e vivo, sobrevivo,
insisto agora contigo
Sem sentido eu nado,
ardo, me completo, me calo,
me armo deitado dos recados!
Que canções desse porte me afoguem
e eu não me debato, deitado, deixo
que por Esquadros, meu mundo perca a cor…
Coisas de literaturas que conversam
por um pedido, e eu, solícito à Vania Bernardo,
atividade de figura de som vai além de linguística
querida, detém, retém inspiração enquanto ouvia
com essa chuva que cai tardia, Adriana me consumia…
Libido
Agora eu vou sacanear,
essa tal de libido é outra coisa,
entre as muitas que você quer dar
Não adianta escrever música complexa,
mostrar todo o conhecimento que se preza,
depois baixar o nível, colocar no meu ouvido
essa tal de libido que você precisa escorrer
Agora não me venha com modismo,
dizendo que bebe de Heráclito
um vício de filosofia
Eu sei bem o que é libido,
palavra bonita para conter o agito,
essa fervente corrente que te prende,
ora, vem, se solta, não temo o perigo
Libido, inimigo, agrido,
consigo o que eu quero,
constrangido não fico, besteira,
asneira, cadeira, cama,
quebro a cabeceira,
não inibo nada
Libido, libido, libido
De dia, agia o extinto;
Insisto, à tarde, abrigo;
À noite, me açoite, castigo
libido, libido, libido