Fora que eu já chego
meu corpo é seu maior apelo
sinto que não me tenha
sou ferrenha quando amo,
alma sedenta
Sou as garras de fora
ousada, não bato a porta
convido para se entregar
Não aceito chá, nem calmante
não fumo, nem bebo, seduzo,
não sou cartomante
Confundo seus sentidos
com meu corpo rígido,
sem expressão
Sensualizo de outra forma,
não mostro o meu corpo,
nem minhas pernas vulgares
Sei que de tudo sou de fato
melhor que seus muitos ares,
mesmo que não lhe dê confiança
Não sou a vendida da esquina
fácil como nota de cinco,
não me faço rara como nota de cem,
sei que não valho,
não sou comparada nem comprada por ninguém
Seu status não me encanta,
seu dote não me anima
não sou santa, mas seu crachá de bacana
não levanta o ânimo, sinto muito
Se isso é o que lhe prende, aprende
que eu não preciso desse seu corpo doente,
dessa mente perene, atitude que não muda
Sou muda, filha do meu próprio ventre,
astuta, vivo o sempre e o sempre da semente
que nasce, cresce e cai,
reinventa-se