Prezar

Devolvi
a grosseria
com carinho

Insisti
no abraço
primeiro

Resisti
à rispidez
com aconhego

Reconheço
que não é fácil
desenvolver apreço

Apelo
para quem castiga,
consciência na vida

Palavra que escapolhe,
maldita e pesada,
em contrapartida…

Afago,
nada de devolver
tapa na cara

Violência é coisa primária,
antes do animal, é canalha,
coisa do homem que pensa

Que pensa
que pensa,
prezar

Meus pesâmes
pro seu desprazer
que não sabe amar

Sintoniza

Pra você flores
porque merece o aroma
revigorante da vida

Pra você o carinho,
delicadeza na medida,
obra-prima da natureza

Pra você a beleza,
riqueza gentil, generosa,
revigora, ameniza

Pra você o gracejo,
a gorjeta sem jeito,
um beijo de amigo

Pra você um poema antigo
que mora comigo há algum tempo,
aquele que brota quando a mente…

Sintoniza, duas pétalas de energia,
quem te quer, bem te quero, bem me queira,
festeja, escolha certeira da alma…

Casual

Faz tempo que não escrevo,
acho que eu não as mereço,
– as palavras mais, digo –
Mas por você o poema inédito
tem o desejo e o apreço
de me convocar uma vez mais

Como quem é perito em casos especiais,
o poema é missão complexa, descrevo:
De vez em quando há missões excepcionais,
desvendo você, mas me desconheço

Da audácia de te tornar imortal,
um carinho incrédulo tem meus versos,
as palavras deixaram de ser banais,
agora tem outro peso

Já não me cabe mais divagações,
nem alucinações, ou fingimento,
as palavras cada vez mais, originais,
precisam ser reais e convincentes

Quem sabe assim o diferente
seja regular, e ainda melhor,
frequentemente, alegrias casuais,
casais que se descobrem com o tempo