Esse poema
Não é sobre o seu sorriso
nem sobre a sua aparência
não é sobre ser bonito
nem sobre coincidências
Esse poema
Não é sobre ser amigo
ou sobre ser romântico
não é sobre os mimos
nem os ritos de concordância
Esse poema
não fala da sua pele branca
ou dos reflexos trêmulos dos lábios
ou da rosa na sua boca
não é sobre o sussurro no ouvido
nem sobre a língua no pescoço
Esse poema
não é nenhum erotismo
daquele mais íntimo ou marginal,
pode ter o falo comprido,
o fardo cumprido, e coisa e tal
Esse poema não é sobre a carne
nem sobre o vício, nem meu próprio umbigo
coisa do homem-animal
Esse poema
vai além do bonito,
da arte, do poema,
da palavra, da fala,
da escuta, da escultura,
da imagem, da imaginação
Esse poema
vai além do pensamento
e da distância,
vai além da ignorância,
do sentimento, do momento
e do vácuo do tempo
que nos faz mortal
Esse poema
é a referência
do mundano mudado
é simples por si só
e complexo por nós dois
e depois, te digo mais
Esse poema
é a liberdade
sublime e adorável
da regra desnecessária
da tentativa sumária de dizer
e vou dizer, que o paradigma não é mais complicado
Esse poema
é muda, é semente,
semente que só a gente
pode ver brotar,
só a gente pode cuidar
e ver paisagem diferente
Esse poema é para nova geração
de homens que têm coragem de ser poesia,
de ser pétala delicada a cair de manhãzinha
Esse poema é para a nova geração de sentimento
do homem que tem liberdade pra dizer a outro homem
com capacidade, “amo sem medida outro homem
para além da masculinidade”