Diante de suas ausências

Diante de suas ausências
nem mesmo as ilusões sobrevivem
diante de suas faltas
nem mesmo os fatos coincidem
diante das inconsistências
que se agridem
existe um quê do fato
abstinências das realidades que nos oprimem

Diante das percepções distorcidas do todo,
o ontem já deixou de ser ontem e foi embora,
a ansiedade do hoje sem você sumiu
o amanhã me pertence

Não sem memória de que você existiu
e foi embora
não sem lembranças do que a gente viveu
e se evapora

Não se trata de deixar o passado pra trás,
nem de fechar a porta, nem de encerrar ciclos,
nem de acerto de contas, nem de desculpas,
nada disso se elabora

Diante de suas ausências, nem o vazio
me ocupa agora
nem um estado servil
me aflora

Diante de suas ausências
se descobriu que fui eu
que flui embora

Incompletudes imprecisas

Eis que sinto ausências
passadas a limpo
presentes no limbo da memória

Eis que sinto desconfortos d’alma
que a mente ainda não decifra,
sequer investiga, nem busca respostas

Eis que esse estado confunde,
ilude e decepciona sentidos,
sentimentos, semi-círculos de vivências,

Incompletudes guardadas em versos imprecisos

Necessários
Deslocados em estrofes

Eis que sinto vazios não percebidos
lacunas do tempo do eu que não sofre
sem fundamento, e sem angústias

Contemplação das incongruências
de existências não lineares