Comoção. É essa a palavra que mais se encaixa no contexto do primeiro dia do ano de 2011. É inevitável não mencionar a posse da primeira mulher a tomar cargo do maior posto de uma nação. E seria, sobretudo, irracional passar despercebido por este feito que marca a política nacional.
Mas, apesar de grande e extremamente emotivo momento, ressalto que não me agrada tal assunto. Apesar, é claro, de não ter sido literalmente irresponsável se não o assiste. Mulher. Essa palavra hoje, a partir deste dia, nunca teve tamanho peso para esta nação, e, mais que olhar para cima, para o cargo máximo, eu prefiro olhar para os lados.
Agradeço às mulheres que me cercam e que me ensinam a ser homem. Porque a elas se deve a vida em seu mais nobre ato. A elas se deve o carinho da criação materna, à educação familiar e social. A dedicação ímpar no trabalho – nas suas mais variantes e extensas formas e feitos.
Ser mulher. Não basta ser amiga, esposa, companheira, professora, mãe. Não basta ser carinho e fraternidade. Não basta ser fonte de admiração poética, cultural e inspiração ao longo de séculos. Foi preciso ser também dura – característica tão irraizada ao sexo oposto. Flexibilidade e agilidade de ser mutável. Isso é ser mulher, ser humana.
Porque tudo agora, ao menos por enquanto, ao menos nesse país, terá o feminino fortalecido. Pai e mãe, filho e filha, tio e tia, sobrinho e sobrinha, primo e prima, avô e avó, neto e neta, presidente e presidenta. É preciso olhar a nação com base na família. Na base de toda a pátria, seja ela democrática ou não.
Bom, o nome do momento é Dilma Rousseff. Mas eu quero que você perceba que não apenas temos uma dama com uma faixa no peito. Já possuíamos há muito o peso de um milhão de faixas sob o seio de uma mulher. A responsabilidade de fazer do recém-nascido um cidadão. A missão de fazer deste cidadão um ser justo e sábio.
Não sejamos ingênuos de pensar que só agora temos uma mulher na tarefa árdua de liderar. Porque já é sabido que elas lideram a casa, a criação, que só a mulher detém do dom de ser astuta, e ao mesmo tempo doce nas situações de mais complexo conflito. Porque ela já sabe, naturalmente, o que fazer quando dois filhos brigam. Só ela tem a capacidade de ser doce e prender a atenção gostosamente de trinta jovens dentro de uma sala de aula.
Os homens que me desculpem, mas é hipocrisia de minha parte não exaltar o devido valor que esse sexo representa. Ser mulher vai além de uma presidência, de um cargo. Ser mulher vai além de comandar a casa, instituições, empresas, setores.
Ser mulher é liderar a humanidade. Afinal, podemos ter a mais organizada das sociedades, a mais democrática das nações e o mais transparente dos povos, mas, cabe a mulher, e apenas a ela, voltando a mais elementar das observações deste autor, a origem da vida. E eu pergunto a quem ler este texto:
O que é um cargo de presidente, ou presidenta, como se tem agregado recentemente, perto daquele que dita a porta de entrada para a vida?