Hoje eu observei, durante certo tempo, uma vela que era consumida aos poucos pelo fogo, e muito lentamente se desfazia em parafina líquida. Seria algo normal que a vela se derretesse até o fim, fazendo com que o fogo se apagasse por falta de que derreter. Seria simples e rápido como qualquer vela que queima.
Mas fiquei observando-a com atenção. Notei que a vela não derretia com facilidade, ela insistia em manter-se erguida em seu estado sólido, embora o fogo lutasse pelo oposto. Seria normal que passasse os minutos até que a vela acabasse. Passou-se um minuto, e nada. Cinco minutos depois, observei a vela cuidadosamente para ver se conseguia notar alguma diferença. Sem sucesso na observação, esperei mais dez minutos e voltei a vê-la com mais cuidado, e de novo não constatei nada de diferente. Já que não presenciei o óbvio em uma vela acessa, voltei meus olhos para a chama. Parecia que a vela e o fogo brigavam entre si para saber quem venceria. Pelo que pude ver, a chama estava determinada a ganhar, enquanto uma chama amarelada aumentava, mesmo com meu sopro para fazê-la desistir. Por fim a chama acabaria vencendo, sem dúvida, e foi de fato o que aconteceu, a vela se desfez em líquido e o fogo, depois de vencer a batalha, apagou. Olhei para o pequeno prato que colocara a vela. Havia ali uma réstia da mesma que se condensava, e por fim percebi quem realmente ganhará a batalha. Apesar de todas as evidências apontarem para que fogo ganhasse, isso não aconteceu, a vela poderia, já que tudo conspirava contra ela, desistir e deixar-se desfazer, mas quis lutar até o fim e tentar mudar o que parecia inevitável. A vela não desistiu da luta.
Infelizmente é o que ocorre conosco, deixamos nos abater pelo que parece óbvio e desistimos, afinal, é mais cômodo e fácil concordar com a maioria. Por que lutar se todos nos dizem que perderemos? Por que batalhar pelo que já parece perdido?
Bem, a vela depois de todo esse esforço, renasceu. Todos nós temos a péssima mania de desistir quando tudo for favorável à derrota. Conseqüentemente, não ganhamos as recompensas que a vida poderia nos dar se fossemos até o fim, a vela renasceu, e o que nós poderíamos ter ganhado se não desistíssemos?