Nossos erros

Tínhamos o poder nas mãos
tínhamos a solução
jogamos tudo fora

Tínhamos o suficiente
mas somos gente
e queríamos ir além

Fizemos o que achávamos certo
fomos além do correto
Tudo que é exagerado dá errado

Tínhamos o suficiente pra viver bem
achamos “bem” muito pouco
procuramos aprimorar o estilo de vida
mas erramos nas escolhas que fizemos

Tínhamos o necessário
mas somos ambiciosos
e o que era bom a gente estragou

Mas ainda nos enganamos
procuramos nos justificar
para tentar amenizar
os erros que cometemos
por sermos desse mundo
agora, sem amor

O registro

Prédios com o tempo caem,
tapas com o tempo são esquecidos,
doações com o tempo são consumidas,
namoros com o tempo terminam,
palavras são momentâneas.

O que ficam são os registros,
são as folhas manchadas
com caneta e um sentimento.

Minha alma é entregue
a cada letra,
por isso acho que
o que escrevo vai superar
a morte e o infinito,
vai ficar escrito
pra tudo novamente
ser revivido.

O cemitério

Noite sombria de ar gélido
a lua traz fantasias e a neblina melancolia
noite calma, sem vozes a me chamar…
Escuridão total, não enxergo nada a minha frente…
Mas de repente bato num túmulo empoeirado…
Silêncio…
Não vejo gente e nem ouço sons a me atormentar,
a me deixar com mais medo do luar fúnebre que parece me observar,
a acompanhar todos os meus movimentos dentro desse cemitério…
Ando mais um pouco e nada,
nada que possa me ajudar a encontrar a saída eu conseguia visualizar…
Andando, tropeçando, machucando o corpo nas plantas espinhosas…
A perna ferida, sangrando, suado, com fome e frio,
horas ali dentro e nada,
nada da saída, o ambiente completamente vazio….
Espanto…
Uivos e latidos, e gemidos, silêncio e nada mais…
Parei, olhei pra lá e pra cá,
pude perceber um vulto cada vez mais perto…
Agora gritos, desespero e pedidos:
Ajuda! Ajuda! Socorro…
Não suportando mais a agonia,
corri, ou melhor tentei…
Quando puxei a perna gemi de dor,
passando a mão, sangue escorrendo senti.

[Acorda!!]

Oh droga,
estragaram o melhor pesadelo
dessa figura gótica
que só queria saber o desfecho
do pesadelo de uma figura nostálgica.

Desejo de retrocesso

Hoje sou uma mistura de sentimentos inexplicáveis,
hoje vivo um tormento sem fim
pior que não sei como fiquei assim,
foi do nada, de uma hora pra outra, mudei.

Hoje não sei o que aconteceu comigo,
esquisito, movido por uma erupção de sentimentos,
a cada momento sou um,
a cada instante sou outro.

Nem sei se sou eu quem está aqui
acho que outro ser me dominou,
é tudo tão confuso e complexo,
o mundo gira um pouco a cada segundo,
mas eu estou imóvel em retrocesso,
de vida, de alma, de coração.

É tudo sem emoção hoje em dia,
por isso quero voltar ao passado
onde ainda existia comoção
e a paixão calava a manipulação.