Um amor sem nome

Saíra de casa com um vestido lindo de quadrilha, apesar de já velho, algumas modificações foram feitas para este ano. Nada que não o identificasse como o mesmo vestido do ano anterior, mas alguns acessórios e mais brilho já lhe dava outro aspecto.

A amiga ligara mais cedo naquele mesmo dia convidando a jovem moça para uma festa a ser realizada em um sítio. Não havia programado nada para esta sexta-feira, ficou em casa descansando da árdua semana que teve. Não achou problema algum em sair num domingo à noite para um pouco de lazer e aceitou o convite, assim começaria animadamente a semana.

Poucas horas depois a amiga estava em frente à casa, esperando-a no carro. A jovem demora um momento, mas logo embarca no veículo. Sorridente faz todo o percurso entre risos e conversas com a amiga.

Dez minutos ou menos foram suficientes para chegar ao local, tipicamente enfeitado com bandeirinhas e barracas que ofereciam prêmios para os jogos normais daquele tipo de festa.

Desembarcou. Pessoas rindo e querendo formar fila para as brincadeiras passavam de um lado para outro. A amiga conhecia aquele lugar. Era o sítio dos tios. Logo chegara já foi abordada por um rapaz.

Era forte, com belos olhos que a jovem moça não conseguia desviar a atenção. Ficou parada por alguns segundos. Sequer percebera o cumprimento do rapaz. Quando voltou a si já estava dançando com ele. O momento era tão mágico que tudo o que fazia era praticamente automático. Ficara realmente admirada com aquele homem. As horas voaram enquanto ela estava em transe.

Somente uma freada brusca do carro a fez voltar a realidade. Estava retornando para casa.

Entrou sem falar nada com a mãe que estava na sala a sua espera. Subiu para o seu quarto praticamente num ato involuntário. Abriu a porta, viu a cama arrumada que a esperava. Decidiu tomar um banho antes para tirar o suor de algumas horas de dança, não sabia quantas exatamente eram.

Ao tirar o vestido percebeu o cheiro de capim que impregnou o leve tecido. Reconheceu o aroma rapidamente, sem dúvida, era dele. Por um bom momento cheirou seu vestido.

Sentiu um frio na barriga, seu estômago revirava. Nunca sentira isso na vida. Não sabia ao certo se era paixão, não a sentira ainda. Era jovem, imatura. Seu coração palpitava, acelerava, parecia parar bruscamente. Começou à chorar por saber que não o encontraria mais. Por mais incrível que pudesse parecer as lágrimas que corriam pela sua face, molhando o vestido, não eram ácidas e sim doces lágrimas de paixão.

Foi imediatamente à banheira, aquele homem a deixara atordoada, não sabia o que faria, muito menos o que passava pelo seu coração. Entrou na água morna, por quase uma hora mergulhou em pensamentos vazios movida por uma paixão louca. Era impossível que isso estivesse acontecendo… Apenas um contato, oi, uma dança lenta, nada mais.

Até seu nome esquecera de perguntar. Como poderia ter esquecido, idiota! Ficou encantadíssima com tamanha beleza que… Esqueça isso tola, nunca mais o verá!

Só sobrou a roupa, um simples vestido de quadrilha com o cheiro inconfundível de campo e suor do primeiro homem pelo qual se apaixonara.