Insonia

23:05. Volto novamente. Não consigo dormir, não consigo pensar, não consigo fingir. Apenas olho para o teto do meu quarto e desvio o olhar pela janela. Só para ver a lua. Só para tentar decifrar seu nome nela.

Sabe, o riso que agora me vem ao rosto é melancolia, desespero disfarçado, sabor da agonia. De não te ter mais ao meu lado, de não te ter nem sequer de dia.

Engraçado como vivemos tão ferozmente. Assustadora a nossa entrega em certos momentos. E agora, o que nos resta senão apenas desprezo?

Eu aqui olhando para as paredes, não conseguindo conciliar o sono, pensando em você, fazendo-me de tonto. Enquanto você, aonde será que está? Será que consegue dormir? Será que consegue pensar? Será que pensa em mim? Será que ainda esconde o meu amar?

Mal entendidos nos afastaram… As poucos lembranças que tenho já estão se perdendo, já estão fugindo… É a falta do sono, não ter você mais aqui comigo está me matando…  

Incesto

Vem do ventre da família, que ironia
que impacto, que agonia, minha prima
vem do berço da minha tia

Vem o amor proibido, condenado
vem o amor ceifado pelo preconceito
acham que é falta de respeito
que é pecado, que jeito
incesto

Apaixonado, nas suas veias também rola meu sangue
que desengano, que tristeza, duas vidas, a mesma certeza
fugiremos,  destruiremos  sobrenomes, teremos filhos co-de-nome

Que culpa temos nós?
Diga-me, que culpa?
Diga-me, cairá sobre nós
a desgraça, a desordem?

Nossos DNA’s se conflitarão?
que doce ilusão em pensar
praguejar nossa relação

Amor de primo, parente, irmão
Abençoado poderá não ser
nosso amor pagão

Tem nome, tem condição
incesto é a definição
mas entre nós só uma resposta
Paixão