Desabafo

Eu então me arrastei para cama como há muito não fazia por alguém. E fiquei me perguntando porque certas coisas fogem de nossas mãos. Se era questão de sorte ou azar, não sei dizer. Mas amores sabem que doem, e nós sabemos que vai doer. Insistencia. A palavra que não compreendi, o carinho que queria e não me é dado.

Não há de chorar as minhas lágrimas quando sabem que é por você que correm. Não permito mais. Em absoluto, percebe-se em mim um não sei o que de autoflagelação corriqueiro daquele que sabe ser romântico sem deixar de sofrer. Então há de ficar ali. Na noite. No vazio, silêncio.

Suas palavras voam em minha mente como ondas saturadas pelo sal, sob o sabor incostante das incertezas e, pode-se dizer, da pura burrice de se entregar a quem já disse que não cabe amor algum. Mas bons minutos pensando em você já basta. É a necessidade de sentir você comigo.

Levanto-me. Suspiro profundamente. Bom, por hoje já tomei você. Entorpeci-me. Vou viver minha vida. Vou dar um basta nisso. Esquecer de quem somos, pois nada mais importa. Não dá. Lutar contra o que sentimos é sentir que nos enganamos. Se alguém tiver uma saída, por favor, não me ensine o caminho. Porque, embora eu viva essa loucura, ainda assim é melhor do que me esquecer do seu doce veneno de amor.