Se tudo o que me resta são as palavras
Eu corto, eu rasgo, eu despedaço sua alma
eu atiro, eu faço feitiço e amaldiçoo sua carne
Se tudo o que me resta são as letras e canções
não farei sequer mais um poema de amor
Estraçalho, reinvento os atalhos, quebro os pratos,
praguejo alto seu sofrimento
Se me resta apenas estas armas tão simples, tão sutis,
que eu não posso sequer lhe fazer sangrar,
Enveneno então a sua vida por dentro
só para lhe fazer chorar
Rasgue os meus bilhetes
jogue ao fogo minhas cartas
que os perfumes delas acinzentadas
possam fazer das laberadas, fogo alto
E do auge da sua dor, a minha vida, crucificada
para que eu ressurja para um novo amor, que não virou
conto de fadas