Oferenda

Oia pra você, menino
seu lindo sorriso
seu encanto divino
oia pra você, ome

Nota a sua graça, diacho
que parece oferenda
fruto de despacho
para atazanar meu coração

Caboclo, louco, menino preto
uruca do destino, vício de cigarro,
tal qual tabaco mal fumado,
meu coração maltratado
inventou-se de se apaixonar

O que volta todos os anos – Anniversarius

[Pelo aniversário de Diego Lima]

Ainda que o folheto me lembre sempre das datas,
ainda que todos os anos elas se repitam, os sentimentos,
as alegrias da vida mudam e se multiplicam a cada novo começo

Ainda que todo o aniversário tenha sido agendado
para o bem-estar daqueles que nos cercam, causando,
às vezes, reboliço e contentamento, é fácil entender
que alguns aniversariantes sejam reservados

Há muitos esse dia causa reflexão
e claro, por que não ser assim?
É natural a você e a mim
esse momento de autoavalição

E mesmo cercado de comemoração,
de muitos e corriqueiros desejos
e felicitações para bons acontecimentos…

Ainda que seja previsível e rotineiro
essa enxurrada de ligações e recados,
eu não poderia me furtar da tradição
e de ser até mais um na multidão do carinho,
do bem-querer de seus atos e futuros passos

Ainda que no calendário sempre fique o compromisso
é com você, meu quase comparsa, o meu trabalho primário…

Porque antes do poeta, vem o motivo, e antes da rima,
antes de qualquer poesia, vem o amigo,
antes de mais uma nostalgia da sua vida, vem o meu dever
de exercer esse meu dom por aqueles que valem a pena

Pode parecer besteira, mas quando vi na mesa, no meu calendário o seu dia,
cá estou eu me assustando para descobrir como eu posso ainda te surpreender
pois que já são alguns anos celebrando, e confesso, não é fácil se reiventar,
nem mesmo pra você, que tem tantas virtudes, tantas qualidades, me dando o privilégio
de, por mais de uma vezes, ser o personagem da minha arte, – esse presente que Deus me deu -,
e que repasso com carinho, – o que para muitos seria deselegância -é, para mim, uma honra..