No fundo do mar d’alma

Quando nenhuma letra de música
se encaixar na sua dor, mesmo que
você tente ser o personagem dela,
e por ela se fizer um dos dois protagonistas,
se esse costume não for o suficiente….

Quando, na vastidão dos repertórios
de tantos e tantos artistas,
nenhum refrão for o ideal
para o momento que você vive
arrisque-se a escrever

E também a assaltar seu coração,
denunciá-lo a outro, apreendê-lo ao próximo
E também a anunciar sem medo a voz de prisão

Quando nenhuma voz dentre as tantas vozes
magníficas que aplaudimos for capaz de ser
intérprete do seu sentimento, poema-se

Mesmo quando você procurar até nas traduções
De majestosas canções internacionais, se não resta
esse recurso da arte pela voz, desenhe-se

Quando nem as músicas bregas ou as românticas batidas derem conta do recado,
pinta-se, toca-se, instrumente-se, aumenta-se, projete-se no seu talento

Porque a qualquer hora, e aposte, pois não demora,
Você será aplauso e elogio, receberá o carinho
por deixar de consumir significados alheios…

Por ter mergulhado de peito aberto no seu ser
para trazer à superfície aquilo que muitos preferem manter no fundo do mar d’alma