Que faço eu na jangada do tempo
jogado de um lado pro outro
brincando com os ventos
Que faço eu sapateando
na proa, brincando com as sereias,
com os golfinhos, bebendo água salina
Que faço eu se o azul desse céu
se o céu azul me quis aqui
brindando em alto mar
Que faço eu com as nossas conchas
se as nossas coxas também guardam
o mistério, tesouros, frutos do amar
Que faço se os pés no chão
batem firme a nossa energia
se o nosso som é o do coração
e do suor a nos banhar
Com roupas brancas dançamos
alcançamos o que nós queriámos alcançar
Pulseiras artesanais a balançar
na jangada do amor, celebrando
o que não se sabe, o que não se sabe
o que é que existe, o que é que há
Entre eu e essa energia, essa energia
que vem das ondas, do sal que refresca,
do fundo, no fundo do mar
Apenas a entrega, a oferenda
os pés negros descalços
vão reafirmar o nosso desejo,
a nossa intenção de se entregar