Caído na vida

Sou seu anjo de asas cortadas
caindo do céu em disparada
pronto para me acomodar nos seus braços,
tratado como ele ou como ela, não machucada

Doce, simples essa alma pura materializada
soube muito tranquilamente da lição requisitada…
Alma pura, coração é uma convenção limitada
esse ponto de luz que dele ou dela irradia,
energia abençoada

Toque leve, suave e delicado,
não precisa de prece,
já não se pede intermediários

Nos exemplos é que se tece
milagre pela coisa amada…
Que amor seria esse de um anjo
tão perfeito, ainda quer complemento?

O amor é um julgamento dos homens,
tratamento equivocado, anjo não precisa
de amor, ela não precisa;
Mas ele aprendeu a dar amor,
caído na vida

Encantado

São sinceras as suas palavras
correm tão suaves quando ditas
que não me impressiona
mal dizerem da sua sinceridade
para tantos, suicida

São francos os seus pensamentos
que a mim chegam atentos
capazes de identificarem
em meus versos conforto

Daqueles versos que não confrontam nada
acomodam os seus pensamentos em minhas palavras,
e não os condenam, nem a eles miram nenhuma arma

Aceito o que me apresenta, assim tão breve
vem e já me desorienta a tatear palavras
pela madrugada, acordando-as de um salto
para que trabalhem para um poeta falso,
verdadeiro, sincero e encantado

Solidão II

Fico esperando
resposta à solidão
brinca comigo,
não sou só mais são

Outro fantasma que me persegue,
segue comigo, mas não me leve,
aceito com uma condição

Que me perturbe apenas de tempos
em tempos, que ne perturbe menos
quando eu estiver em apuros

Os meus soluços são pulos
de desespero pedindo apreço
daqueles que nunca vi

E se é assim agradeço o presente
de ter chegado gente tão boa
que convincente nas suas franquezas
é com clareza por mim compatível

Assisto ainda que incrédulo
o descuido do destino
de me trazer amigo semelhante
andante das mesmas tarefas que eu

Aplaca a solidão do meu peito
que mostro contente e refeito
o sorriso que vem perfeito
por tanta coincidência
sem freios