Polivalente

É com garra que a minha vida anda,
com garra que a vida brilha,
com garra eu também sou mansa,
mas a garra me agita

Com força de vontade, sim senhor,
vou acelerando com suor,
não sou melhor que ninguém
mas não vivo na pior

Corro atrás e vou à luta,
com sorriso na cara,
sem disputa

Não preciso tratar a vida como inimiga,
nem tudo é árduo, uma grande labuta,
mas cá entre nós, é o meu passo
que não me faz estagnada, tartaruga

Tenho fé e vou em frente,
sei da vida que levo,
sei da minha gente,
e de tudo que faço,
sei ser polivalente.

Com entusiasmo e energia,
sou filha deste mundo,
não reclamo e não me mato,
mas acabo com os mal amados,
preguiçosos, vagabundos…

Bichano

Felino do coração ferido,
esquece isso e vem cá
arranhar outras almofadas,
tenho um sofá velho pra você rasgar

Cruza em mim suas pernas
sua maciez de bichano,
arrepia minha pele
eu não lhe engano

Não precisa de sete vidas,
viva apenas uma comigo
que pelas outras eu acompanho

Fala, num sussurro, em doce miado,
um “eu te amo” com garra,
que eu permito que você passeie
por cima dos meus muros,
eles estão despencando

Pode até, nessa brincadeira,
abusar da caixa de areia,
dos meus trapos, farrapos,
pedaço de humano

Quero a lua contigo ficar observando
sem brigas, sem tristeza, nada disso;
Não vou permitir que se perca dos meus sonhos
que em cama de gato eu fico perdido por você,
pensando, pensando, pensando….

Gratuito

Dá trabalho, eu sei
sei que invisto, eu sei
que me cansa também, de verdade

Sei que me dedico
e que sou forte,
não peço ajuda à sorte,
ela é minha amiga

Não quero prestígio,
não preciso de status,
sei que isso estraga
muita gente, é um fato

Não vou viver pra sempre
nem sei quanto tempo tenho
com as minhas próprias palavras,
se elas foram minhas uns dia, as danadas

Não sou isso que você vê,
talvez eu não seja nada
Pra quê essa necessidade de vencer
dando até murro em faca?

Vou ser gratuito, toma aqui
é de presente, é pra você,
o que eu sinto, vamos ver
até onde chega esse meu rito
zero oitocentos

Aceito chamada de telefone móvel,
de qualquer lugar, toma aqui
torpedo poético de longa distância,
Desmedido, Descomplicado, Delirante.

Bilhete

Ainda não é você
que faz meu mundo melhor,
que faz minha criança
crescida viver,
que faz o mundo descer

Mas mesmo assim
você me ensina
eu sou grato por isso,
você sabe que não é pela rima,
eu não minto

Sintonia de primeira,
estranha essa nova fase,
sem máscara trapaceira,
sem alarde

Sei que o que sente é recíproco.
sem falsidade
Nem penso se desisto,
não faço mais sabotagem

Desses meus escritos inéditos,
o verdadeiro ser poético
é aquele que se entrega
sem metade

E o que eu digo é sincero, insisto,
pela minha própria vontade, sei de tudo,
fui um tolo, fazendo o jogo da crueldade
fingindo ser o que não era por vaidade

Hoje sei bem o que desejo
e o meu desejo é você,
mesmo que seja passageiro
eu quero um bilhete

Não escrito, nem secreto,
pode ser pouco lhe ter por perto,
pode ser curto o nosso trajeto,
mas pago pela viagem…

Madrugadas

Limpe seu coração das mágoas,
dessas águas sofridas de choro
você se afoga, e o sal dos seus olhos
desidrata

Reconheça os rancores como barreira
que você não passa, são muralhas,
socá-las só machuca as suas mãos, vai
quebrá-las

Entre o bem e o bem, meu bem
há muitas formas de aprender,
sei dos meus limites até você,
viver

Deseja a transparência,
questão de coerência com a vida,
que já se dizia há muito,
bonita

Por mais estranho que pareça,
é tudo uma questão de pretensão,
ou você pretende viver com riso, ou…
não

Se fosse assim tão simples,
todos escolheriam a mesma estrada
mas aí eu digo: É a mesma,
bifurcada

Cada problema vem com um enigma
ancestral são essas charadas,
dá trabalho desvendá-las,
destrancá-las

A felicidade é quase certa,
se você souber que a vida é engraçada,
faz piada com as suas dores, pra você sorrir depois,
madrugadas