A palavra fria
da sílaba fraca,
a frase vazia,
o ponto que não para.
Na sua vida tardia
minha poesia não fala,
sou vírgula vadia
não, não há vaga?
Sinto muito que me traia
palavra vendida, calada.
Sinto não ter sintonia contigo
quando faz tempo ela não envolve.
Palavra que não cativa,
castiga e me comove.
É outro sentido
– aquele que eu não quero ter –
por uma falta de sorte
– nem eu, nem você –
Sinto muito se não sigo as ordens…
Hoje me dei conta de que não sou nada.
Autor farsa das palavras.
São elas que me dominam
e ditam as regras,
são elas que se transmitem
e eu sou via de regra
Não as enlaço, nem as condeno
a viverem abaixo dos meus punhos,
não sou eu quem as compreendo,
um fantoche de dois mundo
Sei o que quero dizer
mas elas não dizem por mim,
têm vontade própria de um ser
que não faz terceira pessoa ver
o que vem lá do fundo
E não me adianta tentar
essa batalha é inútil.
O que me adianta segredo
se o que vai em meu peito
não chega aos meus dedos
por um capricho confuso…