Quando eu for embora do espetáculo da vida,
quando fechar a cortina e eu agradecer
quando eu me virar para a coxia,
não deixei a plateia, não deixei a vida
Quando a minha atuação se encerrar,
eu não prometo o bis, nem coisa inédita
de matéria perdida de arquivo,
quando eu terminar o riso,
levantem-se depressa
Não quero homenagem,
nem um livro de memórias,
ora, nem luto
para me manter intacto,
raso e falho,
errei a cena
Não deixa a angústia tomar conta
da bilheteria, fiz tudo que pude
não se ilude, ninguém é totalmente
aclamado pela crítica,
fechem as cortinas
Descortinem a idolatria,
perdi o foco, perdi a marca,
cansei de encenar até a graça,
perdi a direção da luz
Só treva no último palco,
última sessão da carne,
repetida que é
remake da vida trágica,
personagem uma vida mais