Valsa a sua angústia que cruza as pernas, irada,
valsa a sua insegurança no firme passo acima do salto,
curve-se entre a direita e a esquerda, deixe-se seguir
com seus olhares tão precisos, aterrorizantes
tão impostos, feito frieza que não se deixa fugir
Valsa a sua ira cardíaca no suor tão escorregadio,
que a guerra entre o seu tronco e o meu contato físico
sufoca o seu espartilho, como um golpe para ver quem vence,
mas, o seu leve, leve e traz não se dá por vencido,
sussurra ao meu ouvido que o seu vício é a dança erguida,
arranha a minha carne viva, do pescoço à virilha,
queima viva viúva negra, como água-viva, em azul-turquesa,
como no fundo do mar
Valsa firme, convence sem pestanejar, é dona da cena,
alimenta a própria métrica, o próprio ritmo,
quando a sua dança, não mais dança, mas…
quer matar, quer matar, quer matar
para fechar o espetáculo, que vai…
continua, continua, nua, a me descortinar…