Discretamente
eu não me aborreço com pouca coisa,
minha alma recolhida, não se acolheu em n’uma outra
Discretamente
vejo tudo passar
todos passam com seus egos,
seus belos rostos,
seus sorrisos frouxos,
seus corpos próprios
seus apegos falsos
Discretamente
minhas vestes não investem
em status social
tudo passa com seus perfumes,
grifes, meias, cuecas, calças,
capas, acatas os rótulos
Discretamente
a gente se sabota
com medo do sonho ser real,
e me desacata
Discretamente,
tudo ganha resignificado,
desdobrado em decepções
desajeitadas que se rasgam
dia a dia
Discretamente,
do jeito que eu te observo,
você não me olha,
não me importa se me vê
Discretamente,
eu vivo dando importância
ao que minha vida pede,
esse ser poeta
se interessa
pelo discreto da vida
Meu sorriso se completa
quando você passa por mim
e quando a gente se dá as costas
em direções opostas
discretas histórias…