Meu ouvido não é absoluto,
mas, sem dúvida, o meu silêncio fala muito,
todas as notas, todos os sons, e melodias
Na minha concentração mora uma ousadia,
mora um mergulho tão profundo e íntimo,
e qualquer vento, qualquer tempo,
assusta
Eu me jogo no lastro do abismo,
e me vigio, e me acho, mesmo
caído e em pedaços
Todos os meus sensores humanos
confundem-se com os meus sentires harmônicos,
e neste momento, paira o indivisível,
e eu saio de mim para provar que não sou
isso daqui que se vê
Não ao tom de voz,
nem essa face cretina,
nem esse tom de pele,
ou a profissão escolhida,
não sou esse nome que você convoca,
nem essa barba postiça,
é o indivisível do corpo e da mente,
o sujeito que você chama de gente,
e eu não sei classificar…