Deixo os pares de óculos sobre a mesa
tenho outras visões.
De qualquer maneira, não se enxerga
o que é preciso ver
diante das lentes não mais tão grossas do ser
A minha alma, grosseira, refina constante;
é outra dimensão que se vislumbra
ainda que em matéria miúda
Alguns pontos agora são claros,
tendo foco e preciso:
não turva e nem embaça
A vida é graça de olhos fechados,
não vendo o mundo…
não vendo o mundo;
nem me compare, nem me compre
Desvendo o horizonte
sabendo do passado
Calmo, a claridade não me incomoda.
Debaixo de tudo, tudo que se crê demais
é fácil, fato, falso
É mentira que se fez acreditar
e da qual não topo rever, por comodidade;
mas, é a idade que chega – peneira da ignorância
A paciência faz criança nascer
faz o homem viver bem
e o velho morrer em paz
Não preciso mais
de óculos pra ver
o cristalino estado de
óculos sobre a mesa