Palavras insuficientes

Para o amigo João Vitor P. Alves

Sem qualquer clichê
– nem mesmo o japonês –
eu quero agradecer a você
muito mais que os animes,
e as risadas que a sua convivência traz

Foi assim, sem querer (pra nós), que a vida
me apresentou você, sabendo o que faz
e mais, mesmo que a gente não converse sobre os nós
que levamos no coração e na alma, eu sinto,
que a nossa calma, unidos, muda todos os dias difíceis

Mesmo mudos, já te vejo – de tão longe –
mais perto de mim, e é assim que noto
na voz e na maneira de falar
quando a tristeza toma o lugar do sorriso

Mesmo assim, eu não me importo
com seus momentos inglórios,
é próprio da amizade
essa parte que ninguém vê

Para além do estado de graça,
eu quero que você saiba
durante todos os dias da sua vida
que a sua presença tão querida
suaviza a minha própria existência

É para um reencontro com o carinho,
para ocupar os vazios
e as inquietações do mundo,
que nós fizemos o nosso próprio caminho
de amor e consideração…

E porque não dizer também,
que esse poema só acaba
porque pra você não há palavras
suficientes

Entre esperas

Diante de tantos corpos fúnebres,
do desalento da morte, não há de ser forte
nenhum homem que preserva a vida humana

Diante do projeto nefasto é fato
a falta de norte, não há sorte
para os restos mortais que ficam
em famílias desmontadas de forma precoce,
na face da vida dos ditos vivos,
nem dos espíritos, do outro lado da ponte

Parece, inclusive, que os lados coincidiram
em colidirem frontalmente, algo parece fora de rumo,
uma curva na rota da existência,
anjos também pedem clemência
ao livre-arbítrio do humano insano

Que sobrecarrega todos os lados da vida,
mudando a trajetória do tempo,
um lamento uníssono do início-fim

Fora de controle e de prerrogativas,
a vida e a morte se encontram,
para a troca de lados, aos montes,
que só a Existência Soberana entende

Não há começo de era,
nem queira, quimera,
o fracasso é um hiato
de tantas esperas
de lições nem sempre aprendidas…

A vida tem seu tempo,
para todos, em poucas dezenas de décadas;
Para nós, a espera eterna não cabe mais,
nem por isso o mundo se oblitera,
é só outro tipo de guerra
que os homens não sabem mais…