Beijo corrosivo

Meu nome eu nao sei
de onde venho esqueci
se tenho maioridade, sei não
se adormeci no banco não percebi

Se choveu à tarde, quem sabe
se me molhei, pela metade
ou se foi choro, nao vi
se as lágrimas tinham sentimento, menti
tudo que lembro é que eu nao vivi
o suficiente pra dizer que fui feliz
ao seu lado, foi um beijo curioso
um tanto raro, que de tão rápido
se fez o mais longo e o mais corrosivo
apagando da minha mente qualquer momento
antes de te ter nos meus braços

Troca de energias

Hoje não se quer mais ouvir, um amigo já não divide com você todos os seus sentimentos, preocupações, alegrias, conquistas ou derrotas. Agora chegamos na era da troca de energia, saimos da divisão, para o particular, o fechado, o solitário, ou, se não, negociamos nosso tempo e nossa disposição de divisão.

Barganha-se os sentimentos, as sensaçôes: Ouça-me enquanto falo, desabafo sem folego, e digo e repito todo o meu tormento, o que me aflige. Aconselha-me, seja o meu guia, ande comigo, mas não diga nada, agora sou eu que preciso de ajuda.

Se você for forte o suficiente para apenas ouvir lamúrias, cale-se, sente-se e ouça seu próximo até que lhe esgote a saliva, e nesse micro instante de pausa, responda com a cabeça um “Eu te entendo e prossiga” até que tal pessoa se vá e nem chegue a perguntar como você está, ou simplesmente se precisa de algo.

E, quem sabe outro dia, o ciclo se inverta, pois que ajuda mutua não existe mais. Agora isso é o que vale: eu te ajudo e amanhã preciso ser ajudado…