É preciso muita sensibilidade
para chorar o desconhecido
para sentir que tantos partiram
É preciso mais amor pela vida
numa fração de segundo, e tudo muda
famílias se desfizeram no enigma,
na pergunta da existência…
No questionamento da dor
só resta o luto…
– De um estado, um país, –
cento e oitenta ao menos,
– até no mundo –
Manhã de vinte sete
na madrugada a alegria,
amanheceu triste
E quando ainda nos perguntamos
porque isso tudo ainda existe,
nos corações ainda humanos
a tristeza se instala…
A reflexão e o pesar nos acompanha
na complexidade daquilo que há,
do lado de lá, ao Sul…
Imensurável imaginar a dor da partida,
por tantos que ainda restavam tanta vida…
Fatalidade de um tempo em que tudo é rapidez
seria utopia, senão insensatez, uma palavra de conforto…
Se também me pergunto o quanto o tempo é louco,
quando se pensa que ainda nos resta muito,
uma trapaça do acontecimento nos mostra o pouco…
A fragilidade da vida só não nos é mais evidente
enquanto estamos na zona de conforto,
em meio a este acontecimento, acordamos,
comovidos, em luto
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Pela tragédia na boate em Santa Maria/RS em 27/01/2013.
Às 11:23 a estimativa de óbitos era de no mínimo 180. Às 15:05 são confirmadas 232 mortes.
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