Página amarelada

Nada vai superar o papel envelhecido
nem a fotografia editada em preto-e-branco,
nem a folha reciclada, amarelada pelos químicos

Nada vale mais que a textura frágil,
as palavras que desmancharam naturalmente,
o cheiro empoeirado, o mofado da estante

Nada mais define que a madeira desgastada
sem a cor e o brilho de antes, a vivacidade…

Tem uma coisa que nenhuma tecnologia alcança:
O tempo, a experiência, a vida anterior
os momentos, os pensamentos durante a leitura,
a imaturidade que foi embora com o folhear das páginas…

Nem a minha própria história escrita um dia
pela leitura contínua da poesia,
uma das poucas experiências literárias
que deixaram as páginas amareladas
e vieram para o mundo real…

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