Eu tenho direito ao amor
se é por ele que eu escrevo,
pela falta dele que me impulsiono
a necessidade da sua continuidade?
Eu tenho direito ao amor
se é a busca por ele
que me faz poeta?
Eu tenho esse direito
se é pela sua ausência
a capacidade minha da poesia?
Se o amor é o meu elo perdido,
o ponto máximo da vida,
o clímax da felicidade,
será que eu tenho, de verdade?
E qual será o sentido depois,
quando eu concluir esse grande objetivo,
será que eu ainda vou ter um motivo
pra viver?
Serei, então, redundante?
Afligindo-me pela conquista,
mais tarde confirmando e, ainda,
solidificando a pessoa amada?
Será, por fim, por mim e por nós:
Eu devo mesmo encontrar a resposta do amor
se é a interrogação e a angústia por ele
a minha sede poética patética?