Desprezível

Quem de fato foi fiel,
sentiu prazer em acolher seu fel,
procurou você sem lua de mel

Sou muito mais que papel,
mais que literatura de cordel,
sou sua noturna de bordel

Segurei sua mão sem anel,
já rimos juntos sem carrossel,
brincadeiras de babel

Entendo sua língua invisível,
mudei de tom sem o rímel,
talvez incompreensível

Sou sua carne crível
disposição incrível
até a omissão é verossímil

Agora quero que negue o impossível,
se não estou entregue em outro nível,
sou sua compreensível,
desprezada, desprezível

Sorriso frouxo

Ficar sozinho
pensamento vizinho,
da memória, o vinho,
copo vazio.

A mente cheia
chama na lareira
queimando na veia,
alma feia

Ser imóvel, inquilino
cálido, impróprio
óbvio, impávido

Pálido, alma branca,
fechada assiste,
fachada agride, insiste

Visite um dia, o sorriso…
No rosto a lágrima
de um frouxo, vive