Marítimo

Deixa o coração quieto,
calado e constrangido
com tantas palavras lindas
sem um ouvido

Há tanto a ser dito,
mas nenhum ombro abrigo
para se morar
não dá pra deixar pra lá,
aquieta, poeta

Que seus versos muitos leem,
poucos veem a outra linha,
o inverso do peso da alma minha

Aquieta que todo mundo deseja
seu amor, mas ninguém encara
nenhuma ostra se abre,
mas quer brilhar

Não dá pra mergulhar, poeta,
na alma das pessoas e se afogar,
carrega, poeta, o salva-vidas da poesia,
salva sua vida que poucos ligam,
são raros os navegantes do seu barco

Digo a você, e arco com o recado
amor de poeta é sempre um naufrágio
que ninguém quer buscar mar a dentro,
e a alma vai ardendo, até agonizar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.