Eletrônico

Quando escrevo, ainda que de forma eletrônica,
é espontânea a forma como o pulso se curva,
de certa maneira, ainda sinto o peso da caneta,
na assinatura digital

O cheiro de tinta não me inebria mais,
assim como o pó de giz não me suja mais,
nem os pequenos estalos da máquina de escrever,
com suas tantas garras a bater no papel

Eu ainda tenho o mesmo agito de outros tempos,
sinto o velho que mora aqui dentro se manifestando,
em tão profundos sentimentos que as palavras carregam,
mesmo nos versos simples, corriqueiros

A palavra é um pequeno instrumento,
ela carrega muito mais do que está posto,
meu sentimento é segredo exposto
para quem sabe ler, ler as entrelinhas,
os versos, o que está por dentro,
colocado, agora, para fora,
não importa com qual meio,
estou aqui por inteiro

Institucional

Ainda tenho tempo para o poema,
– como se eu precisasse de tempo –
— o poema está em mim, o tempo todo —
para alguns poucos versos nesse final de dia,
movido a aprendizado e imensa alegria do aprender

Não sei você, mas eu sei observar,
tem coisas que eu preciso considerar,
nem sempre eu digo, nem sempre se sabe por mim,
mas, é preciso registrar:

As oportunidades multifacetadas que a vida me concede,
cercado de gente que sabe que sabe,
e sabendo que eu ainda tenho a saber,
não sei você, mas, meu verbo é agradecer

É por isso que eu aproveito, como a academia diz,
para beber de muitas águas, e eu não preciso fazer referência bibliográfica,
eu não preciso citar seus nomes, mas, ainda está em voga:

Seus ensinamentos, no futuro ainda, lá na frente,
me outorga competência, entendi o objeto da ciência da Educação Profissional,
ser aprendiz, ser artífice, ser técnico, ser professor, ser – depois de tudo –
convivência humana, na excepcionalidade que não ressalva,
mas, exalta toda a trajetória, o imenso legado institucional

Problemas alimentares

Vou te falar que a vida as vezes é chata demais,
é pesada demais e tem muitos problemas,
vou te falar – e a gente sabe – dá vontade de jogar tudo pro alto,
é um fato.

Mas, e daí que está tudo complicado, tem guerra no mundo, doença,
tem gente que tem uma péssima crença, do sempre pra baixo.
Não precisa ir muito longe pra reclamar do mundo,
nem olhar o noticiário, do Rio, a bala perdida,
de Brasília, dinheiro roubado, o Trump comandando o mundo,
Temer, rasgando direitos, o colapso dos refugiados,
os ataques na Síria, o Estado Islâmico assombrando o planeta,
fazendo do nome de Deus o Capeta,
de todo certo, está tudo errado

Vou te falar que a vida as vezes é doida demais,
e pra reduzir o nosso pesar, vou te falar,
naquilo que dá pra agir, naquilo que dá pra mudar,
naquilo que dá pra fazer, enfim, o que eu posso fazer…

Tem gente que reclama de tudo, se faz chuva, se faz sol,
se o dinheiro não vai até o fim do mês, se acabou o sal,
tem gente que reclama de não ter roupa nova,
mas, também não tem o mínimo gosto pra música,
tem gente que escuta Anitta no meio da chuva,
e pragueja de vagabunda

Tem gente que joga lixo na rua,
depois reclama da inundação,
tem gente que diz: nada consigo,
mas, meu amigo, você nada fez

Não estuda, não progride,
não muda de apetite,
reclama da comida todo dia,
não muda o jeito de fritar o bife

Não troca de rota, não pega o ônibus,
reclama do preço do álcool,
reclama de dor na coluna,
não muda de cama

Reclama que o marido perdeu o interesse,
não mudou de marido,
reclama que a filha não ajuda,
não cobra da filha, não se indispõe

Põe uma coisa nessa sua vida, mudança
não pragueja a roupa surrada,
compra menos pizza, troca de capa
pára de reclamar do chefe,
muda de área, começa outro momento,
para de forçar um lamento que você não tem

Cansa de contar vintém, não conta!
canta! canta primeiro!

Não é o mundo que tem problemas demais,
é o seu mundo, que tem problemas demais,
porque você tem medo de ter problemas de menos,
e encarar seus lamentos, que não te alimentam mais

Depois da vírgula

Para o músico, o maestro;
para o aluno, o professor;
para o poeta, o firmamento;
para o doente, o médico;
para a abelha, a rainha;
para o índio, o cacique;
para o faroeste, o xerife;
para a banda, o vocalista;
para a nostalgia, o tempo;
para o bebê, a mãe;
para o órfão, a tia;
para o esporte, o técnico;
para o pintor, a tela;
para o ator, o diretor;
para o evangélico, o pastor;
para o católico, o Papa;
para o espírita, Kardec;
para stephen hawking, o nada;
para o eu, o verso;
para a vida, a eternidade;
para o escritor, o editor;
para Joelma Vieira, o RJU;
para o convidado, o anfitrião;
para o manobrista, o patrão;
para a canção, o ouvinte;
para o rádio, locutor;
para o empregado, o chefe;
para o colaborador, o líder;
para os livros, bibliotecário;
para o País, o Presidente;
para a mente, psicólogo;
para o carente, o colo;
para o bloco, o mestre-sala;
para a fala, a palavra;
para o ateu, o fim;
para o pijama, a cama;
para o artífice, o belo;
para o desejo, a ação;
para tudo, um exemplo;
desse lado, ou do outro;
para o pouco, o muito;
para o seguidor, liderança;
para os atos, segurança;
para depois da vírgula, confiança;

Renúncia

Eu não tenho tempo de falar de coisas tristes,
porque a minha ocupação é com o outro,
não tenho tempo para falar de sofrimento,
porque a minha finitude me lembra diariamente
o quanto eu ainda devo manter a mão estendida.
A grandeza da vida não está no quanto eu posso carregar de dor,
mas, quantos sorrisos eu sou capaz de abrir, tendo eu, tudo que preciso.
Uma luta ou outra – para alguns – é tarefa árdua, um peso a mais,
mas, pra quem faz disso a oportunidade, trata-se de crescimento, aprendizado.
Os fardos e os fartos do Eu, ditos em poema não amenizam coisa alguma,
mas, tornam a vida mais simples, mais bela, mais oportuna.
O poema, o ritmo, a rima, a palavra cadenciada,
tem o mesmo fardo da prosa, tão pesada, tão penúria.
Eu peço renúncia do peso da batalha,
eu peço renúncia da dor aguda,
eu peço renúncia da primeira lágrima,
eu peço, renúncia.
De tudo o que me cansa,
de tudo o que me causa gastura,
de tudo o que eu quero de fato,
eu peço renúncia.
Deixo para a vida o cuidado,
o toque do belo,
deixo para a vida o zelo,
o que for abençoado,
nessa vida tão simples, e tão singela,
eu quero o básico, o extremo necessário,
a catarse da quimera.

Concórdia

Confie em Deus, e edifique
a fé, solidifique a confiança no amanhã,
reflita, que em tempos de vida sofrida,
de batalhas, de contrapartida,
não se entrega, compartilha
a força devida que foi dada,
agarra, a energia espírita,
interioriza o ponto de luz,
acenda Jesus no seu coração,
pois é tempo de união,
concórdia, comunhão de coração.

Cálido

Eu tenho sangue nos olhos,
corre quente pelas veias,
sei o que eu quero,
ninguém me presenteia
com atitude de um lutador

Corro atrás, e me calo,
não ganho no grito, não berro,
resignado, mas atento, alerto:
não mexe comigo e passa reto,
que a fé que eu tenho na vida,
é tanta, grande, completa,
pense o quanto quiser,
eu não atropelo

Eu me levo aonde eu quero chegar,
se quebro a régua, ponho outra no lugar,
sei me desculpar.

Desculpe-me, eu não vou ficar onde você deseja,
não nasci para submissão, para parar na contramão,
cálido e frígido, por opção

Depende do momento, o oposto do segredo,
depende do momento, essa filosofia,
de quem acredita na vida, e um dia ela muda,
ela vem, a vida que eu quero e ninguém tem

A minha tem garra, tem graça, tem gana, suor,
tem paixão, tem alegria, tem dança, me encanta a luta,
labuta é para a maioria, eu não penso no pior
tenho, e muito, é tesão pelo que eu faço e pelo que escrevo,
cálido, caço, caliente de desejos e,
quando convocado por eles, compareço

(des)caso

Eu não sou adivinho,
mas, adivinha do que eu ri hoje?
do futuro que eu previa,
mira a minha intenção,
não, não é fazer chacota, não,
é só uma constatação…

Vou rindo, vivendo, vou vendo,
eu mesmo, não me vendo,
me envolvo no que dá agrado,
não quero mais o fardo,
só o sorriso largo,
estou farto, falho,
mas, minha alegria acerta,
aceita e se presta,
a rir também do ridículo,
sou fixo e volátil,
quando for o caso,
para o caos, o descaso.

Hoje eu tentei

Hoje eu tentei fazer diferente,
tentei te olhar nos olhos,
tentei entender o que você sente,
tentei pesquisar o que incomoda,
tentei ser a falta que você supria,
tentei ser flauta com maresia

Hoje eu tentei perceber seu mundo,
enxergar o absurdo que você me via,
eu tentei ser via, ter serventia,
ser funcionário público

Tentei olhar para as mazelas mais complexas,
eu entendi o que você dizia, porque agia.
Eu tentei ser nostalgia, tentei ouvir mais,
aproveitar mais das suas memórias.
Tentei ser hora, na hora certa,
tentei falar o que você não entendia,
eu tentei ser mais do que eu podia,
e isso, me encorajaria.

Eu tentei ser melhor,
ser mais de mim,
tentei assim, sua companhia.

Tentei não rir, e não ser sério demais.

Tentei ter paz, ser calmaria,
tentei não ver minha luta como a primazia,
tentei a conduta da alquimia.

Tentei ver o melhor onde ninguém via,
tentei acreditar quando já era, ninguém fazia.
Tentei apostar com ousadia, e te seguir em frente.
tentei acreditar, ser gente, tentei ser profundo na agonia

Tentei o problema que ninguém resolvia,
e não julgar, quando meio mundo já desistia.
Tentei cuidar daquele que eu não conhecia,
e ver mais: a frente do que se via.

Tentei alcançar de volta o que eu tinha,
a esperança na monotonia

Tentei apaixonar pelo que eu fazia,
e entregar bem mais do que suor.
Tentei o melhor, sem fantasia,
fui adiante, como eu queria.

E te digo: mais eu gostaria.

E se fiz o certo, você diria
muitas críticas para a alma minha,
mas, não tenha dúvida que eu poderia,
ficar só nesses irias

Fiz tudo, não tenha dúvida,
entreguei a minha alma, em alegria.

Quem me conheceria, um dia,
pelos corredores, não imaginaria
a saudade que eu fiz em poesia.

E se eu te escreveria?

Só pra confirmar o que já se sabia,
eu tentei, tentei e não nego,
de novo, e de novo, e de novo,
eu tentaria.

Vejam

Vejam,
eu não me importo
com o que vocês pensam sobre mim,
com os julgamentos que fazem sobre mim

Vejam,
eu os escuto, sem contestar
e concordo com muitos,
mas muitos vão atravessar
os meus ouvidos, não vão escutar

Vejam,
que se eu aceitasse tudo isso que me dizem,
ah, eu não estaria aqui agora, eu já teria desistido,
teria me impedido de muita coisa, muito avanço

Vejam,
eu não posso aceitar tudo,
mas, também não vou rebater tudo,
porque eu sei do que fui capaz de fazer,
honestamente, para me colocar onde eu quis

Vejam,
que eu já sei as minhas próprias críticas,
vejam, que sou rigoroso com os pontos que preciso superar,
é por isso que muitos de vocês me falam de superação,
sujeito deficiente, sujeito da língua de meio metro,
da fala áspera, polêmica, que diz o que não querem ouvir…

Vejam,
que se eu me calo, também incomodo,
se me olho de dentro pra fora, incomodo,
se sei meu lugar no mundo, causo falta de humildade.

Vejam,
e me perdoem, que se eu escutasse o mundo todo,
o tempo inteiro, se eu fosse volátil e vulnerável,
eu não seria esse prato cheio para as suas falas,
que não veem nada,
mas, eu vejo…

Signatários

Estou aqui para servir,
não às suas vontades,
não aos seus caprichos,
não sirvo aos seus afagos,
nem vivo de agrados,
servindo de pano de fundo,
fruto de ambições mesquinhas,
perdão

A serventia do serviçal,
colocada à prova, ao boçal,
não significa nada, apenas,
piada pronta;

É tanta a necessidade do (re)significar,
sinto-me resignar de reflexão íntima,
da utilidade pública;

Escuta, e desculpa, as minhas falhas humanas,
apresento-me ao erro, e reconheço,
meia culpa;

As pessoas inteligentes,
ditas cultas, um dia escreveram errado,
e assumiram a conduta, fizeram a meia culpa,
equívoco da labuta.

Assinaram abaixo e reiteraram:
quem muito escuta, pouco faz,
mas, acertadamente;
quem muito fala, pouco decide,
e, acidentalmente, erra.

Coloca-se nos devidos lugares,
os pares, signatários.

Nome do meio

Eu vou fazer mais e melhor,
com mais vontade, com mais carinho,
com muito mais empenho…

Não sou gênio, nem sei de tudo,
nem a minha autoconfiança é imunde,
mas eu vou sim, partir pra cima
e, se cair, que seja na rima

Eu vou fazer mais e melhor,
na mira: melhorar ainda mais o meu trabalho,
não basta ser operário, tem que manter o alto nível,
é o padrão das relações bem-vindas, atendidas,
acima da média.

Eu vou fazer mais e melhor,
para agradar o meu eu em evolução,
para ser maior do que fui ontem,
sinto muito, podem, incomodem-se,
eu não ligo

Farei mais a frente, diferente,
convincente – não ao status –
mas, aos fatos de que quem faz bem,
e faz direito, sempre em progresso,
gera o melhor dos protestos da emoção

Com prazer, elo, zelo e pelo que eu anseio,
mais e melhor, meu apelido e nome do meio..

Sinceramente,

Esse poema não é uma indireta para ninguém,
é uma confissão, é para o próprio autor,
é o verso passado a limpo, que precisa ser escrito.

O desejo do conhecimento, do ser subjetivo,
aquela garra de trilhar caminho íntegro,
o esforço do bem sucedido profissional,
está descrito aqui na luta,
na gana, na graça, na garra, na raça, no riso

Não se pode negar a juventude,
o sonho, o objetivo traçado,
agora não cabe arrependimento,
é em um desprendimento de ego,
o poema honesto de quem atravessou os séculos espirituais
em amadurecimento condensado em tão poucos vintes e poucos anos

O emprego do verbo foi construído agarrando as oportunidades
no estalo que a vida deu, de que quem tem que buscar a melhoria sou eu…
a informação que me chega, sem tapa na mesa, aquela certeza rendeu o fruto
da sabedoria, mesmo sob a ira, a inveja, a intriga e a perseguição de impróprios,
mesmo daqueles que me tratam por desleixo, pessoa menor, de segundo plano…

Eis a minha primeira e inequívoca convicção: o sucesso se conquista pondo a mão
no trabalho; oferecendo a mão a quem soma; fechando a mão a quem atrapalha;
e dando tchau a quem ambiciona sem merecimento…
Eis a minha segunda constatação: o empoderamento do dito oprimido
incomoda, inquestionavelmente, pessoas de segunda mão…

Alimento para a alma

A calma de hoje
vem da passagem
da tempestade de ontem
– que revolta -, mexeu com todos os sentidos.

Das reviravoltas do tempo, que ontem me fez chorar,
dos revezes que a vida coloca, eis a sorte de sorrir de novo;.
A ferida aberta, fecha uma hora, passado tanto tempo;
uma hora, se não passar, passado será você.

Não carrega o ontem nos ombros,
não se pese com os acontecimentos,
seja livre, leve, eleve-se, entregue
o que for fora da sua competência;
a vida só te deu ciência,
não pediu pra você resolver…

Passa pra frente, deixa para o próximo,
cada um sabe o que pode fazer e como agir,
assim, é seu atributo, ser canal do mundo,
adubo de ajudas e contribuições.

A colheita, quem fizer, é o mais necessitado,
mas não sem antes preservar a terra,
cuidar da terra, semear a terra, preparar a terra,
ceder a terra, sem antes a intenção de reservar espaço,
para amar quem vai comer.

Paciente

É o poema o remédio da alma,
na expressão da arte da dose certa,
que alivia em prece reta
entre a vida e a experiência do poeta

São ampolas do tempo que se maneja,
e se manipula a palavra que escorre na veia,
são as correntes de energia capazes, sempre,
de aquecer o corpo e animar a alma

O poema pede calma, cama e repouso;
pede reflexão, paixão, mas repouso;
pede cuidado, pede zelo, mas repouso;
e por pouco, de pouso em pouso,
vai cicatrizando o que era sofrido

E no rito não atesta alta alguma,
nem permite afastamento algum,
mesmo em dias comuns, incubadora das letras,
vai recolocando na alma que escreve e que lê,
o parto e o renascer de um novo
paciente.

Estado de graça

A vida que você leva
é leve ou te leva?

É preciso ter prazer quando se vive
seja no trabalho, em casa, na roda de amigos,
viver bem ajuda a encarar os desafios da matéria

E em matéria de desafios fortes,
viver é uma gama de sortes e sortes
quando você se sabe forte e leve

Quando se aceita o caminho que se escolhe,
a gente anda com mais segurança no desconhecido.
Tem sempre a surpresa do caminho a ser vivido,
mas, não cabe pavor ou angústia quando a gente entra na sombra,
no breu da escolha que vai se rompendo nos passos

Viver bem, ainda que nem sempre otimista,
quando a gente entende o motivo da partida,
ajuda a ser luz, mesmo sem ser espiritualista

Quantos são aqueles que mesmo na descrença do divino
sabem, não raras as vezes, honrar as oportunidades da vida?
Valorizam o que têm em vez de ambicionar um pouco mais,
e se caem, não desistem, podem até não tentar de novo;
buscam outra meta mais ajustada ao que podem fazer.

O que fazer quando não se sabe o que fazer?

Parar o passo, agradecer o discernimento,
o pensamento e a reflexão, a primeira atitude da razão.
Se é que a vida não anda nada bem, se está valendo pouca coisa,
não é essa a sua trajetória, volta e se refaz.

Encontre-se e tome para si um outro rumo,
crie o mundo! você é parte dele, não assiste!
Se auto-admite! Ser vivo, vive! Até chegar onde?
No seu estado de graça.

Infantil

Sou peão lançado ao vento
balança, ricocheteia,
encontra barreiras,
mas avança

Verso ser criança
e giro, giro, giro
cheio de esperança
só pra, como canta Bethânea,
Brincar de Viver,

Como naquela voz,
de poeta mansa que já descobriu o segredo da vida,
e não se cansa se parar…

Estrutural

Não quero nada que fira a minha integridade,
de verdade, sou de safira, em uma parte.
Comprometo-me com o mundo, mas, a essência,
não tenta mudar, não seja covarde…

Tem uma parte do meu espectro
que eu não nego, não abro mão,
sinto dizer que eu não caio em contradição

Sou de várias frentes, muitas formas,
maleável, a verdadeira caixa de Pandora,
mas tem um eixo, a espinha dorsal
que me sustenta desde o meu ancestral…

É o meu norte, o meu ideal,
minha concepção humana,
visão de mundo, mudo tudo,
menos o que me é estrutural…

Melodia lunar

Cruzo sua vida
volta e meia, rodeia
e deixo a mão aberta
fim do passo que desencadeia

Sigo em frente
dou a mão a outra gente,
rodopia à minha frente
e a mente, ziguezaguear

Fecho o passo sorrateiramente,
sorridentemente, retiro novo par
e na vida da gente, uma nova música,
toca, e gira, retoma, repete,
com pessoas diferentes
a melodia lunar

Falso passo, o improviso,
o impreciso também coreografa,
abre e fecha, e me arrasta
alastra sua alegria pro lado de cá

E quando não se espera,
o contrário do contrário
que ninguém sabe onde vai dar

Corre e sai pelas laterais,
tangencia as minhas emoções,
expressão do corpo que se joga,
acopla suas pernas na minha vida
e avisa que o número vai fechar

Gerenciamento de Pessoas

Se eu trabalho com processos de pessoal,
não é gestão de pessoas é tarefa de setor,
Se eu trabalho com recebimento de solicitações,
não é gestão de pessoas, é acolhimento de trabalho.
Se eu atendo um pedido de servidor, sou servidor,
não gestor de pessoas.

Gestão de pessoas presume mais:
é o ouvir e o falar, é o diálogo
é saber escutar sem ressalvas
com os cuidados éticos.

É mais do que palavra,
o memorando, o comunicado,
até mais que o poema,
trata-se do zelo primário
com o ser humano

É a pessoa que eu gerencio,
emoção, expectativa, ansiedade.
É o medo, o receio, a fragilidade,
o caos escondido no sorriso fácil,
a dor aguda que só o olhar demonstra,
o cansaço que só a agitação do corpo denuncia

Gestão de pessoas presume mais
são direitos não garantidos,
mas necessários, o que não está escrito,
aquilo que se faz legal por objetivo

Colação de graal

Eu não vou embora
agora, só uma fase provisória
está passando como tudo
que um dia termina, finda

Ainda fica, não me venda
desvenda tudo que a gente fez,
eu sei o quanto crescemos
outra vez, mais uma,
pela quarta vez

A vida segue seu curso
o discurso é o de menos,
o que mais importa é a certeza
que no quarto ano não ficaremos

Fiquemos para a posteridade,
pós co-ação de grau,
colação de grau,
bebendo o Santo Graal
da sabedoria que lograremos
e logramos ao longo de um caminho
que cada um vai retornando
pela origem da ignorância humana

Quebrando paradigmas

Muda seu conceito sobre mim
que você não me conhece,
você não sabe de onde eu vim

Muda o seu pré-conceito ao meu respeito
que do jeito que você me olha é feio,
não faz assim

Desfaz essa pessoa que você criou,
sei que você pouco deu por mim,
surpreendi, que eu vi
as mudanças que eu conquistei, enfim

Agora que você sabe por que eu estou aqui,
eu me guardei em ti, cuidei de ti,
cresci e evoluí

Na sua escala de avaliação eu subi,
e passei por mim, superei-me
porque eu mesmo me venci
e também te compreendi diferente,
de frente, eu convivi
e vi que nós somos mais parecidos
do que eu também ergui

Transições

Não me incomoda nenhuma transição,
nenhuma mudança acomete mais o meu espírito,
aprendi com a vida que as passagens são rotina,
nada é estático, nada é partida sofrida

O meu coração só ganha ponto fixo no coração de quem amo,
só ganha o meu respeito e admiração quem merece,
coisa simples é o meu ser humano, que não se compra, nem se vende

O meu trabalho é macro existencial,
não está nesse espaço, nem no aqui, nem no agora,
por ora, eu só digo algumas coisas,
de alguns lugares eu já fui embora

Não deixei saudade, não deixei problema,
não deixei sequer ressalva alguma,
porque eu fiquei pra posteridade e a priori
em vidas amigas, não em matrículas confusas

Não me abalo, nem mais anseio o prever futuro meu,
o hoje, entrego a Deus, todos, inclusive,
os verdadeiros tesouros que a vida me concedeu a convivência

E com anuência do divino, eu garanto,
que de pouco a pouco o tempo passa,
a cadeira gira, o amigo fica
e a alma fala.

Bom reconhecer

Muito prazer,
bom conhecer você
hoje te encontro,
nossas vidas,
cruzando-se

Muito prazer,
a memória humana falha,
mas a vida trabalha,
ela nunca mais vai nos esquecer
bom conhecer você

Muito prazer
hoje a gente cria um portal do futuro,
o presente se vive junto – ou não -,
mas lá na frente, sobretudo,
quando o corpo não nos representar,
e a memória nos trair,
o sentir vai nos reconhecer e nos reconectar

Muito prazer,
hoje tudo começa
nessa arte onde a vida prega
(peças, talvez)
nessa arte onde a vida prega
amor ao próximo,
muito prazer e até logo

Daqui a dois dias,
daqui a duas décadas,
não interessa,
está tudo próximo

Poupe-me

Quem não te conhece que te compre
[a prazo]
porque eu
[à vista],
nunca dei por você
[0,99]

Quem não te conhece que te compre
[parcelado]
porque eu não invisto nem um trocado
[estou pré-fixado]

Quem não te conhece que te compre
[e banque e pague taxas abusivas]
porque eu não sou compulsivo
[sei controlar meus ganhos]
que não vem de você