Última apresentação

Quando eu for embora do espetáculo da vida,
quando fechar a cortina e eu agradecer
quando eu me virar para a coxia,
não deixei a plateia, não deixei a vida

Quando a minha atuação se encerrar,
eu não prometo o bis, nem coisa inédita
de matéria perdida de arquivo,
quando eu terminar o riso,
levantem-se depressa

Não quero homenagem,
nem um livro de memórias,
ora, nem luto
para me manter intacto,
raso e falho,
errei a cena

Não deixa a angústia tomar conta
da bilheteria, fiz tudo que pude
não se ilude, ninguém é totalmente
aclamado pela crítica,
fechem as cortinas

Descortinem a idolatria,
perdi o foco, perdi a marca,
cansei de encenar até a graça,
perdi a direção da luz

Só treva no último palco,
última sessão da carne,
repetida que é
remake da vida trágica,
personagem uma vida mais

Una-vida

De braços abertos a vida nos recebe
felizes que somos, a vida prevalece
sorrindo constantemente

Temos coragem para aquilo que nos propusemos,
nós fizemos um acordo: nem sei se assim, secreto…
Nem tudo é sofrimento, nós vemos o que queremos,
lapidemo-nos

O planeta se coloca como um afinado instrumento,
escola maravilhosa para o crescimento, aprendemos
querendo ou não querendo, a escolha já fizemos
construiremos o mais limpo som, refinaremos

Os ouvidos, as falas, os atos e as atitudes,
os ciclos que a vida propõe são fatos,
inegáveis e caros para aqueles que não vêem

Aqueles que enxergam mais longe e mais lúcidos
percebem que a sabedoria da vida não tem hiato,
não existe nenhum vácuo para a dúvida, última
via das vidas e outras curvas, ensinam na hora
que o antes, ontem, o hoje, o agora e o amanhã,
depois, pois, cruzam-se em eternidade
um grande espetáculo de arte, vida-una

Pronunciamento de libertação

Apodere-se da prece bendita
que quebra a desgraça,
a praga maldita
que o homem falho,
falha em dizer em Meu nome

Liberte-se, Eu ordeno,
das energias frágeis
que te aprisionam
cegamente

Limpo na sua frente agora,
– e da sua mente -,
o caminho torto, confuso
e fecho as cruzadas
que não levam a lugar algum

Restauro, profundamente,
seu ser, renovando,
de toda culpa e todo peso
que não te auxiliam na mudança,
mas, paralisam.

Segue adiante, confiante
que há mudança próspera
que se aproxima,
nessa linha onde cada um
borda o manto que salva

Ergue a cabeça que nenhum mal te alcança,
levanta que nenhuma enfermidade te enfraquece,
faça acontecer que nenhuma inveja vai te parar
e não tenha medo, Deus está junto com você!
Eis o poder, verdadeiro, que só os justos têm acesso
porque não pensam exclusivamente no próprio ego

Ergo sobre você um império de graças
que estão muradas de todo bem-querer,
que nenhum ato malígno chega perto,
nem ousa balançar a fé inabalável
que Deus tem por você e você tem em Deus

Gentes

Tem gente que tem missão de paz,
tem gente que tem missão de amor,
tem gente que tem missão de força,
tem gente que tem missão de dor
tem gente que tem missão de dois,
tem gente que tem missão de um só
tem gente que tem missão de solução,
tem gente que tem missão de pé no chão,
tem gente com missão de sonho alto,
tem gente que tem sonho de sonhar de novo
tem gente que tem missão de sorriso no rosto…

Quem canaliza a missão vira poço
ponto, posto de referência e na ausência,
na falta da descoberta de sonho pelos outros
vira luz sem ciência
consciência sem contestação

Oras, horas

Dentro de mim há fantasia,
e realidade também
Sei que a poesia brinca
com essas duas verdades
sem dizer porém.

Dentro de mim há
morte e vida, luz e sombra
música viva, música pronta

Dentro de mim há o tédio
há também a vibração,
além de tudo, não há nada
flutuo em contradição

Dentro de mim há transparência,
mas também mora mistério,
hora eu quero, hora renego,
ora, relógio,
ora, o tempo

Ora há Deus,
ora há inferno
ora ao céu,
ora ao inferno,
Há hora
ora, há!

Fardos ilusórios

Pai, cuida de mim
eu já não sei mais pedir,
Você tem feito por dia,
não está no céu,
não olho pra cima,
Você vive do meu lado,
vira comigo até a esquina

Pai, eu aprendi
se não fizer por onde
a vida sabe, não adianta,
não se esconde em desculpas
Mas, se há luta verdadeira
a prece não precisa ser dita,
bendita é a vida em contrapartida

Pai, Você me ensinou
e eu aprendi, antes, na prática,
o que é desejo Seu, motivo do meu clamor
Pai, quando digo: cuida de mim,
Você já cuidou…

Pai, não há como mensurar a dor do próximo,
mas, Você sabe o que é cansaço de quem luta,
e de quem reclama por capricho, mimo de filho
que não encara a vida, e acha, e finge, e vive
dizendo que sabe vencer quando não há problema,
nem motivo, nem fato certo, nada de concreto
farto de ilusões…

Pausa da regeneração

Que todos os deuses,
todas as divindades,
todos os santos,
todos os elementos,
que todos os falares
abençoadores te protejam
que todo cântico,
toda prece,
tudo que for bendito,
cuide você, amigo,
seja capaz de te guardar,
capaz de te resguardar
feito colo de mãe,
feto da divina vida,
energia compadecida
de unção, de passe,
de coração, de todo o amor
e pela sua evolução,
pausa da regeneração

Aos sensíveis ao espírito

Os sensíveis ao espírito
serão os mais atingidos
pela onda de ódio,
pelo grito dos revoltados,
sucumbidos pela ignorância,
atrevida e alienada

Os sensíveis ao espírito
travarão uma batalha
concorrente aos justiceiros,
aos descabidos

Aos sensíveis ao espírito
muito rigor no cento,
no que for bendito,
terão, então, a cabeça no lugar
os felizes companheiros,
adormecidos

Que espanto para a alma
acordar veementemente,
colocados à prova a honra,
pelos irados incompreendidos

Não se assustem companheiros,
meus irmãos mediúnicos,
esse clima de terror
não é culpa dos imundos

É você, que tomado pelos inoportunos,
cai na armadilha, da negativa,
descaso, e não raro, adentram energias,
aos moribundos

Não tema, companheiro constrangido,
se não entende que esses atos,
no final dos fatos, libertarão, quem sabe,
os mais astutos

Turbulência bem pensada,
de tempos em tempos necessária,
causa primária da evolução

Pelo sim ou pelo não,
aos sensíveis do espírito,
proteção

Sintoniza

Pra você flores
porque merece o aroma
revigorante da vida

Pra você o carinho,
delicadeza na medida,
obra-prima da natureza

Pra você a beleza,
riqueza gentil, generosa,
revigora, ameniza

Pra você o gracejo,
a gorjeta sem jeito,
um beijo de amigo

Pra você um poema antigo
que mora comigo há algum tempo,
aquele que brota quando a mente…

Sintoniza, duas pétalas de energia,
quem te quer, bem te quero, bem me queira,
festeja, escolha certeira da alma…

Terceira dimensão

Do ponto de vista da amizade
você é afável e crítico na medida,
sem bajular e sangrar o ego
pelas intimidades que confesso

Do ponto de vista do homem,
você é viril sem punição,
sabe dosar os carinhos de antemão,
promove o delírio incontrolável,
amante verdadeiro

Do ponto de vista do companheiro,
sabe bem quando precisa o silêncio,
a mão apertada no sofrimento,
as minhas necessidades não ditas

Ah, do ponto de vista da paixão,
você é quase perfeito, e por que não?
Se o afeto exagerado foi feito para me prender

Ah, do ponto, daquele louco momento
em que fui vencido, perdi ganhando
o norte e o sul, vivendo…
leste, oeste, algo diferente
ponto cardeal do coração

Sábio de múltiplos olhares,
do ponto de vista de uma nova dimensão,
conhece o mantra certo, invocação
daquilo que a gente veste no íntimo,
o talismã escondido em algum ponto,
pronto para as lutas internas do amor

Sem barreiras

Eu não tenho mais muros com a vida,
para ela me brindar eu não me blindo,
estou aberto para o universo,
já faz tempo que não tenho o comando

Não ordeno e nem me imponho,
no eterno deixar ir vou me mostrando,
me deixando levar, me entregando

Já não coloco condição para a experiência,
sou matéria pequena da existência
que vai somando e somando
sem escudo e sem guerras

Não luto com a vida, nem tudo é dolorido,
minha vida aprendeu a ver os ciclos
de outro modo, mudei de foco

Já não suporto as limitações da carne,
são correntes fracas que eu me liberto
e sem alarde, eu me jogo e me entrego
até que essa energia me diga o tempo certo
de sair do poema, de ter um lugar além
do além dos meus versos também não concretos

Casa da paralelialidade

Do tempo e do vento,
da distância ao livramento,
sensação do não-existir-momento
o nada é uma graça, reabastecimento

Do corpo, o copo vazio,
recipiente que transborda,
agora sabe que nada importa
já aconteceu o que não se queria

Mas, o hoje, mais hoje, mais um dia
o seu afago paralisa a correria
sem sentido, sem o fio da vida;
estar vivo como experiência

Não me canso das aparências,
de perceber as patéticas
impaciências humanas com o vago,
e eu aqui divago, falando o mesmo:

Quero ser o nada, o vazio que ninguém toca,
quero o que ninguém suporta de resposta,
um minuto de pausa dessa caótica visão torta do tudo,
um segundo de nada, de quatro letras que não dão conta
do que eu falo…

É o nada do outro lado da moeda,
não do tédio sufocante, mas outro;
a outra face; a outra fase do nada;
o significado escondido de muitos;
a terceira e outra realidade;
paralelialidade

Viajante

Eu sou uma pessoa que deve agradecer à vida
por não me dar tudo quando eu peço,
por me fazer esperar, e às vezes, ser o último;
ser o primeiro a chorar, o primeiro a sofrer,
o primeiro a tentar de novo, o último a realizar

Eu devo ser generoso com as quedas
e compreensível com as feridas abertas;
Eu sou aluno da vida em repetência
que não vê nenhum demérito nisso,
consciência

Paciência para ir além, corrigindo,
aprimorando, não lamuriando perda de tempo,
experiência não se dilui com passagens

Viajo por essa vida assim mesmo,
retardatário para alguns, apressado para outros,
no tempo do meu passo, respeito a minha caminhada

A estrada não disputa comigo corrida,
sou de todo um sábio quando não jogo
comigo, com o mundo, com a disputa
sem sentido com o outro

Amadureço nessa jornada quando percebo,
nas madrugadas regadas às reflexões,
que, pelo sim ou pelo não, quem é o último,
não raro, sabe o prazer de ser o primeiro
a ver a vida mais a fundo, compreendendo
a grandeza da viagem por esse mundo…

Prato principal

Estou me alimentando
da sua poesia,
da sua música,
da palavra certa

Meu corpo reproduz
a energia que chega,
não dá pra viver
com a alma seca

Bebo seus versos,
seus meandros,
estou me alimentando
para matar – viver –
o significado da palavra

Ainda vaga, um doce,
palavra limitada,
prato de entrada,
cortesia na saída

Só quem ousa levá-la
ao prato principal – poeta –
morto de fome, vive respirando,
observa, constrói poema
e vai soprando,
vida quente.

Cruz e fixo

Para Luiz Claudio Abreu – Instituto Federal Fluminense – Licenciatura em Letras pelas disciplinas de Trabalho e Educação; Psicologia da Educação e Teorias da Aprendizagem nos três semestres iniciais desta graduação.

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Não quero a palavra
como carícia sutil,
não quero a palavra
como vilã, nem nada
arma do enunciado

Resguardo o princípio do respeito
seu credo, seu batuque, seu apelo,
suas duas mãos juntas, seus lábios
unidos em orações decoradas

Não tenho a verdade isolada,
alicerçada em qualquer único Deus
oriente, ocidente ou medieval,
nem as perguntas filosóficas
que formaram a base da ciência
puderam me responder

Recorro à mitologia
ou às palavras bíblicas?
Elas se equivalem ao desconhecido?

Sou homem esculpindo arte
com base em que tipo de sujeito
de que material é feito meu espelho,
de onde eu me olho, sou perfeito?

Nos mitos, nas cavernas,
nas indagações aristotélicas,
nas águas do rio de Heráclito,
nas ruínas do Egito, hieróglifos,
achados romanos da força,
na Palavra que atravessa os séculos,
antes ou depois de Cristo

Cruz e fixo, dono da verdade?

Bom dia

Já diz o dia quando o sol nasce
que não é tarde para a sua companhia.
Amigos chegam a todo momento,
fortalecem a certeza do acolhimento.

Não é uma mera conquista que se comemora,
mas a comitiva se alegra porque você transforma vidas, pudera,
mostra a vida a capella

O objetivo não é importante, não é o topo do mundo,
mas você soma os fortes e os fracos na subida,
alegria escondida na liderança

Não é criança em espírito, sabe disso muito bem,
não há marcha entre o bem e o bem, não vencerá ninguém.
Sabe que constrói o importante, mais que admiração dessa gente,
sabe que a torcida é grande, cercado desse amor valente
que topou com você desafios, cruzou seu caminho em paz.

Não há perigo em vista, a vida é alegria protegida,
companheira que partilha tudo de benções pra você,
pois sabe que o melhor dos pensamentos pode trazer
somente aquilo que você desejou, o amor oferecido

Não há trocas, compras nem vendas.
Os bons sentimentos não são cambistas de esquina.
Aquilo que você quer dar na verdade se cria,
outro ponto de luz que nasce outro dia

Seja forte e sinta que a vida, sempre bendita,
ensina eu e você que o nós não é plural,
a força, a garra, a energia do que não foi feito não é impossível…

Some novamente mais alguns amigos na estrada,
segue adiante e firme a caminhada que eles vão aparecer
e unidos, você com os seus outros ser vai dar conta do recado
a missão nunca chega ao fim

A noite, escuro, medo, o negro, o outro lado,
não tema, nem merecem tema especial
é a outra fase da vida, a morte,
a outra face da moeda, tão natural
como o dormir humano, só que mais belo
quando se acorda deste lado

Sua legião, horda do bem,
vão seguir se avolumando
cruzando seu caminho
vidas e vidas cheias de história vão cruzando.

Cumpra o pouco que lhe foi dado, ainda com ajuda.
Você já percebe quantos foram encaminhados,
auxiliados pela sua conduta, não é hora, definitivamente,
de se sentir cansado quando se compreende mais abertamente
qual deve ser sua postura, você foi convidado
para ser a ruptura entre a noite o dia,
dois atos que não se separam,
bom dia!

Deus dará

Eu tenho planos que ninguém entende
a ambição não é coisa da minha gente
deixo passar uma vitória
para ter outras lá na frente

É perdendo que se ganha,
sei da cobrança, penso no futuro
eu abro uma mão hoje para usar as duas, assumo
as minhas vitórias e meus fracassos,
é tudo planejado

De vez em quando eu tropeço pra você dar risada,
mas a cara na poça d’água me refresca
para vencer eu não tenho pressa,
mas vale a máxima cautela
para aproveitar o melhor, quem me dera
Deus dará
para todos nós, Deus dará

Eu passo a minha vez, Deus já deu
para você, Deus dará
lá na frente Ele me presenteia de novo
Deus não vai me negar..

Eis a vida

Vamos nós entregando a vida ao destino
do bem e do mal, céu e inferno, simples.
Vamos colocando limites vagos,
ditando tudo, o certo e o errado
pela moral e os bons costumes

Vamos escolhendo pelo que já está posto:
Teorias da existência de cada louco
que convenceu outros tantos outros
da veracidade do papel

Vamos, então, acomodados por baixo,
pelo pouco que nos foi dado,
opções de desgosto

Vamos cessar nossa mente
para novas outras possibilidades
por medo, terror das divindades
tão bem instaladas socialmente

Ignorando tudo o que está colocado,
amostra dos coitados condenados,
vamos fingir que nada disso existe:
O que você poderia dizer sobre a vida?

Fora aqueles que levantaram suas teorias há milênios,
pelos quais você fundamenta a sua opinião há décadas,
quem mais hoje tem coragem de pensar além, há novidade?

A novidade é apenas uma velha amiga
daqueles que pensaram antes de nós
e nos convenceram além-tempo-da-carne

A novidade é apenas uma velha amiga
daqueles que se acorrentaram na preguiça
e se convencem que as dicotomias são o ponto final

A novidade que foi trabalhada eras antes
é a mesma que ainda incomoda lá no fundo
sem os panos loucos da consciência já construída:

Eis a vida: ?

Tapa na cara

Eu não gosto dessa palavra: Deus
não gosto mesmo, desculpe.
Já está carregada demais,
falam tudo, defendem tudo
do amor ao ódio, à morte,
à perseguição: Deus

Chega de manipular essa palavra.
Eu sei que dentro de cada um
há uma luz quando a gente nem sabe
se tem um túnel pra ter fim.

Eu só sei que o otimismo exagerado
é diferente da realidade, não se iluda.
Ninguém contou que o milagre chegaria,
até a mudança maravilhosa precisa ser construída.

É muito simples arrumar desculpa para tudo,
colocar uma pedra a mais no caminho
para dizer que a culpa não foi sua.

O fracasso dói mesmo, machuca,
mas tem gente que o persegue,
tem tendência para sofrer,
um mau gosto horroroso pela vida

Não precisa se envergonhar de cair em si,
se você mesmo não sabe o que quer da vida,
ninguém vai oferecer a solução, nunca

Isso é uma busca sua, ou não…
Já que prefere o pessimismo irritante,
olhar os espinhos, sem saber que
isso não é uma metáfora para as teorias
motivacionais humanas

Não é querer colocar um sorriso de esperança,
não vai resolver, só amenizar, empurrar
para depois uma angústia que a maioria possui

Não seja ridículo, por favor
toma conta do que é seu por direito:
Só a sua vida, faça por ela
o que ninguém faz por ela

Cansa ouvir o tempo todo
a mesma lamentação de sempre,
e nada tem mudado esse tempo todo

Não é somente uma questão de crer,
e quem vai deixar de desejar dias melhores?
Quem é louco a esse ponto?

Prática, perseverança, ah, disso…
Você desiste fácil, não é verdade?
A primeira pedrinha já é uma montanha!

E aí vem a oração fabricada,
a lamentação na ponta da língua,
a vida que não anda…
Deus já está colocado em dúvida,
logo você que se diz tão devoto!

Ninguém sorri vinte quatro horas.
A vida não é um mundo perfeito,
um arco-íris maravilhoso
o tempo inteiro

Por que pra uns a força,
o entusiasmo, a garra
nunca cessam?

É um toque mais forte?
Será que Deus carrega
alguém no colo e deixa
outro andar a pé?

Não tem mistério para a felicidade:
Fé sozinha não basta, coloque em prática!
Sinta na carne as porradas que a vida te dá,
aceita suas falhas sem culpar ninguém,
modifique-se com atitudes e humildade

O mar de rosas é uma farsa
que a sua inveja inventa
para justificar as vitórias dos outros,
e as suas, coitado… tadinho, cadê?

Cadê a vida na sua mão,
a confissão do seu erro, esqueceu?
Será que evoluir é uma questão de sorte?

O sol nasce para todos, a lua brilha pra todos…
Ninguém nasce com a bunda virada pra lua
porque todos nós recebemos a mesma radiação…

Sinto muito se ninguém pega os seus problemas
e diz: vem cá, vou resolver pra você um por um
porque estou com o tempo sobrando, com os meus já resolvidos

Poupe a vida das suas ladainhas, desse chorinho
infantil e ridículo que não te tira do lugar, ah,
sei lá quantos anos, não é?

Você vai ser perseguido, sim, sinto muito.
Vão querer puxar seu tapete várias vezes,
o tempo todo, todo dia, querido!

Isso não é uma guerra, ninguém vai voltar
e acabar com todas as suas lágrimas do dia pra noite.
Você mesmo que tem se açoitado com ilusões,
com esperanças infundadas e conformadas,
confortáveis aos acomodados…

A quem interessa saber, a realidade está aí,
para todos nós, sem privilégios.
Tem quem encare, tem quem se esconda
com medo de levar na cara hoje
pra sorrir amanhã!

Fases

Licenciatura em Letras/Literaturas. Instituto Federal Fluminense. Teoria da Literatura II. Barroco, Arcadismo e Romantismo.

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I

Sou louca, louca,
oca de Deus,
pouco racional
barroca do macaco
homem ancestral

O demônio vive um Deus avesso,
os santos cedem e não intercedem
nem para um, nem para outro
sou uma rouca que grita
na poesia vendida, vadia da prosa

Sou o pouco que me basta
e sou o basta que diz muito
sou a rima rica do adjetivo pobre,
a pobre que se limita à épica

II

Sou mimética e árcade,
cálice de um eu que não bebe,
não teme, apenas vive
sou, por mérito,
uma tola qualquer
vivendo a vida que der
reequilibrando paixão e fé

Sou o banco da praça
que a praga não deixou
grama fincar, sou a cama
sem flores, sem amada,
sem pudores, sou só

Sou o agora que o tempo não cessa,
sou a vela que não se apaga,
nem derrete, sou mente sem deleites
que vive o hoje debaixo da chuva
sou a filha da prostituta
que não sabe do destino da mãe,
filha da mãe, da avó

III

Sou daquela que não se toca
o futuro certo que não vivi,
sou, por todos esse pretérito
do amanhã, vilã de mim

Sou a toca do jabuti
que sonha, alto, tamanha
que corre de si

Sou a fase da idealização,
apaixonada, por que não,
por criação igual a mim!?

Sou a criança que conhece seu destino,
o vício da morte viva, condenada, vendida
que a sociedade vai reprimir já nas cantigas,
a qualquer toque, quem dera, eu encoste na sua virilha

Sou filha do pecado, natureza do lado errado
mas se quero alguém do lado, que seja você
a fuga dessa loucura padronizada
eu, eu, eu amo quem eu quiser,
mesmo que não agora, sou o ontem
e o amanhã, esperando o lado
que não se aconchega no divã

IV

Sou de toda um clássico
ato falho dos movimentos literários,
tive e tenho minhas fases, coisa de fera
que muda, que sonha, que cruza e urge

Sou do tempo do século dezesseis:
adolescente como a rima que se fez,
que não reconhece a própria voz, louca, barroca

Sou do tempo do século dezoito: centrada,
curtida da vida, da mocidade que amadurece
da planta que floresce e borda outro momento

Sou vigente, virgem do século dezenove,
apaixonada e densa que deseja e não pensa,
cabeça de vento, sou o tormento do desejo

Sou as fases que se fundem, se completam,
sou marginal das cronologias, sensual
e irresponsável nos movimentos…

Sou clássica
na atualidade,
sou dualidade
romântica e rude,
como o cuspe
que mata, envenena

Sou aquilo que funde, entrelaça,
sou ave que sobe e voa rasteira e rápida,
sou mulher que transpassa os moldes,
confundida, vivida, predominantemente,
cheguei aos vinte e um

Chapéu de palha

Não preciso bater tambor
pra chamar pajé, não necessito
de um cabouco, preto velho

Energia está no mundo
dela vibra meu corpo,
protege o todo

Categórico e certeiro,
preciso e exato,
não à essência e tabaco

Fumaça não chama espírito
tão pouco os gritos evangélicos
Fogo quem apaga é bombeiro

Sensibilidade não precisa de casa,
não está em estante me esperando
Está aqui agora e eu não estou fumando

Maria padilha não me chama,
não me provoca, oferenda,
nem qualquer preto velho
José do candomblé

Está tudo solto em um mundo
com tantos níveis, não preciso de jogo
Não preciso mascar palha pra fazer milagre

Espírito da arte

Eu vi o espírito da arte
que paralisou o corpo,
que tocou a alma

Eu vi outros olhos
concentrados no nada
e no tudo, que é a vida

Eu vi o espírito da arte
que colocou homem em outra dimensão,
que cuidou do ser nesse espaço

Eu vi o contato com o além
que ninguém lê, que quase ninguém vê,
que raros tocam, mas ela tocou

Ela estava fora de si
dentro de si, estava
dentro de mim, fora daqui,
fora de mim, eu apenas observei

Eu vi o espírito da arte,
absorvi parte dele
que ela sabe que tem

Eu vi o espírito da arte
e contei para o mundo
eu contei um segredo

Eu vi o espírito da arte,
fiz fofoca pela arte,
faz parte, parte de nós

Caído na vida

Sou seu anjo de asas cortadas
caindo do céu em disparada
pronto para me acomodar nos seus braços,
tratado como ele ou como ela, não machucada

Doce, simples essa alma pura materializada
soube muito tranquilamente da lição requisitada…
Alma pura, coração é uma convenção limitada
esse ponto de luz que dele ou dela irradia,
energia abençoada

Toque leve, suave e delicado,
não precisa de prece,
já não se pede intermediários

Nos exemplos é que se tece
milagre pela coisa amada…
Que amor seria esse de um anjo
tão perfeito, ainda quer complemento?

O amor é um julgamento dos homens,
tratamento equivocado, anjo não precisa
de amor, ela não precisa;
Mas ele aprendeu a dar amor,
caído na vida

Segue Comigo

Para professora Vania Bernardo da disciplina de Linguística I do curso de Licenciatura em Letras/Literaturas, Instituto Federal Fluminense, primeiro período letivo de 2013.
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Eu tenho uma meta de vida que Deus guia
põe a Mão por cima e diz: Segue,
sua luta Eu acompanho,
você faz parte do Meu rebanho,
Vou proteger o meu amado filho
porque ele tem sido digno de proteção

Luta, segue adiante, não desanima,
Estou na frente, protejo você
de quem não quer nada,
sua vitória está selada
porque Eu vejo seus passos

Sei que seus atos condizem
com Meu desejo, aceito
que você descanse em meus braços
porque apesar de não ser feito de aço
coloca-se na frente quando Eu convoco

Filho amado, comigo siga,
agradeça pela vida e pelo coração,
vou segurar na sua mão, e se preciso for
Eu pego você no colo
porque enquanto perceber que você
diz: Oro com convicção, Eu sei,
no fundo só Eu sei,
a que Rei você recorre!

Para todos os meus amores

De todos os meus amores
por tantas pessoas
de todos os meus amores
por todos vocês
de todos os meus amores
evoco um a um

Na mítica da paixão
que nada explica, nada
coisa alguma define

Vocês não conhecem
a multiplicidade do amor!
Simultâneo sim, meus amores
todos os meus amores

Cada carinha carrega
a pétala, primavera
do meu coração

Querer bem não é uma escolha
por momento algum foi…
Todos os amores meus
não cabem em um, jamais

Utopia é acreditar
que mil e uma formas de amor
vão se concentrar em um ser,
desculpa, mas não dá

Pra ser multifacetado
com tantas variâncias de paixão…
Sou de um, sou por todos,
e para todos, único